De 15 a 20 de setembro, 21 cidades do Estado sediam simultaneamente a 33ª Semana Literária Sesc Paraná. Serão seis dias em que leitores e autores ficarão ainda mais próximos e a literatura ganha o centro do palco. Em Francisco Beltrão, a abertura será no dia 16 de setembro, no Sesc.
Com curadoria do jornalista e escritor Luís Henrique Pellanda, autor dos livros “Asa de sereia”, “Nós passaremos em branco” e “O macaco ornamental”, o evento tem como ponto de partida dos debates a violência, tema que perpassa não apenas a sociedade como, naturalmente, a literatura. “Nossas primeiras ou principais narrativas são de violência: das caçadas que pintamos nas cavernas aos maiores sucessos de Hollywood, passando por vários relatos bíblicos, há sangue e horror na crucificação de Cristo, nos mitos de fundação, na Ilíada e na Odisseia, nas fábulas infantis, nos vencedores do Oscar, nos contos de fada e até nos desenhos animados. Sim, a humanidade sempre precisou lidar com a violência, e uma das melhores maneiras de se fazer isso, se não a melhor, é narrando-a”, reflete o curador.
Dos anos de chumbo às incertezas dos dias atuais, passando pela criminalidade e violência resultantes da desigualdade social: afinal, o que nossa literatura tem a dizer sobre este estado de coisas? E em que medida nos tornaríamos uma nação menos violenta e desigual se fôssemos um país com mais leitores? Importantes nomes das letras nacionais são convidados a refletir sobre o assunto em mesas-redondas, sessões de bate-papo, oficinas e uma extensa programação, tanto na capital como no interior.
A programação é gratuita, estando algumas atividades disponíveis mediante inscrição prévia pelo site www.sescpr.com.br/semanaliteraria. O endereço virtual funcionará ainda como agenda cultural detalhada das atividades, além de memória do evento, trazendo entrevistas, matérias e documentos em áudio e vídeo.
Homenagens a Rubem e Pellegrini
Expoente da narrativa policial e grande explorador da violência urbana como temática literária, Rubem Fonseca será o autor homenageado desta 33ª edição. Nascido em 1925, Fonseca foi comissário de polícia antes de estrear na literatura em 1963, com “Os prisioneiros”. Também são de sua autoria “O caso Morel”, “A grande arte”, “Lúcia McCartney” e “A coleira do cão”, entre muitos outros, clássicos que evidenciam seu estilo cru, enxuto, direto e amoral, já descrito como brutalista.
Além do autor homenageado, cuja obra recebe grande destaque durante o evento, a Semana Literária Sesc Paraná também elege a figura do patrono, sendo sempre um autor paranaense. Nesta edição, o escolhido é o londrinense Domingos Pellegrini. Seis vezes vencedor do Prêmio Jabuti – sendo a primeira em 1977, com seu livro de estreia “O homem vermelho” -, Pellegrini prefere ser chamado de contador de histórias, ao invés de escritor.
Sua volumosa obra, que inclui romances, crônicas, poesias e títulos voltados ao público infanto-juvenil, é marcada por uma linguagem simples e próxima do leitor, interessada em temas como política, cidadania, ética e relações humanas. Entre seus livros de maior projeção estão “A árvore que dava dinheiro”, “O caso da Chácara Chão” e “Tempo de meninos”.