14.6 C
Francisco Beltrão
sábado, 28 de junho de 2025

Edição 8.235

28/06/2025

Atividade de Psicologia da Unipar propõe novo olhar sobre saúde mental e direitos humanos

Atividade foi organizada pelos acadêmicos do 6º e 7º períodos do curso de Psicologia.

“Nem todo manicômio tem muros.” A frase provocadora guiou a vivência antimanicomial organizada pelos acadêmicos do 6º e 7º períodos do curso de Psicologia da Universidade Paranaense (Unipar), campus Francisco Beltrão. Desenvolvida ao longo de semanas e finalizada no dia 18 de maio, Dia Nacional da Luta Antimanicomial, a atividade propôs uma imersão crítica e sensorial aos modelos tradicionais da psiquiatria, à medicalização da vida e à lógica de classificação dos transtornos mentais.
Sob a coordenação da professora Tagley Cristina Moras, os alunos transformaram salas de aula em estações temáticas. Cada ambiente foi pensado como espaço de provocação e reflexão sobre diagnósticos que rotulam, silêncios impostos, escutas que se tornam contenção e caminhos possíveis de cuidado em liberdade.
A estudante Diana Gabrielly Zago destacou o impacto pessoal da vivência. “Foi algo muito significativo. Pude refletir sobre a prática profissional e me colocar no lugar de quem sofreu tanto. O que fica para mim é que devemos colocar o diagnóstico entre parênteses para escutar a existência de um ser repleto de histórias, sentires e vivências. Afinal, qual é o peso de um diagnóstico na vida de uma pessoa?”
Para Michelly Grazik, a construção da atividade foi desafiadora desde o início, mas o resultado superou expectativas. “Foi surpreendente, não só os trabalhos que visitamos, mas entender a dedicação da nossa turma, o desempenho de olhar com a alma, e poder sentir essa história, vivificar de maneira visual uma luta tão importante. Foi um marco na formação acadêmica, compreender além da didática, e poder participar de forma ativa em uma busca por direitos humanos, para que a história seja conhecida, mas nunca repetida.”
Pietro José Kavalek Echer ressaltou que, mesmo diante de desafios, a proposta foi prazerosa e enriquecedora.
“O sarau, assim como as outras atividades, permitiu que os alunos compartilhassem suas experiências por meio da arte. Cada sala foi uma experiência única que contribuiu para uma reflexão a respeito do tema da luta antimanicomial, promovendo um aprofundamento carregado de significados e experiências sensoriais diversas, que possibilitaram pensar acerca do que foi vivenciado por diversas pessoas invisibilizadas e marginalizadas em manicômios ao redor de todo o mundo.”
Segundo ele, os desconfortos provocados intencionalmente em algumas salas buscavam representar o sofrimento vivido pelos internados, “assim como o extremo julgamento e falas verticalizadas que deixavam os pacientes em uma posição de excessiva vulnerabilidade e incapacidade, muitas vezes dopados de medicações para que pudessem ser manipulados de forma fácil pelos funcionários”.
Kelly Cristine Lucini disse que desde a concepção até a vivência, o trabalho foi muito intenso. “Houve estações que me acolheram profundamente, como a ‘Sala do Espelho do Profissional’. Às vezes, a correria do dia a dia não permite que a gente pare para perceber certas coisas, e ali, fui praticamente ‘obrigada’ a parar, respirar, olhar para dentro. Era impossível vivenciar aquilo e dizer que não senti alguma coisa, algum desconforto ou outro sentimento qualquer.”
A estudante reforçou a importância de sentir para compreender. “Houve estações que me fizeram bem, que me acolheram de uma forma que eu nem esperava. Uma delas foi a Sala do Espelho do Profissional. Tinha espelhos, luzinhas piscando, um clima aconchegante e várias frases impactantes espalhadas.”

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques