Educação

Da Alep – Os mais de um milhão de alunos matriculados na Rede Estadual de Ensino do Paraná estudam de forma remota desde abril, logo no início da pandemia da Covid-19, mas a Secretaria Estadual da Educação (Seed) está temerosa com a evasão escolar. “Estudos feitos dentro da própria Secretaria apontaram que pode haver uma evasão de até 100 mil alunos até o fim do ano. Essa é nossa grande preocupação”, afirmou o diretor-geral da Seed, Glaucio Dias, na entrevista que concedeu à TV Assembleia. Por isso, há uma grande mobilização com toda a comunidade escolar para uma possível retomada do ensino presencial, mesmo que, com restrições. “Pais e profissionais estão sendo consultados sobre essa volta através de uma pesquisa que estamos enviando”, completou Glaucio durante o Programa Entre Poderes.
A discussão começou há cerca de dois meses, quando o secretário Estadual de Educação, Renato Feder, levou até o Conselho Nacional de Secretários da Educação uma carta aberta, que propunha que os estados e os conselhos estaduais de Educação se debruçassem sobre o tema retorno. A Secretaria formou um comitê, com participação da Casa Civil do governo do Estado, da própria Assembleia Legislativa, Ministério Público, Associação dos Municípios do Paraná, Sindicato dos Professores, Conselhos Municipais, União dos Estudantes, as secretarias do Governo de Planejamento e Saúde. “Ao longo de quatro semanas, nós elaboramos uma metodologia onde ouvimos todos os envolvidos, com muito diálogo. A Saúde propôs um protocolo que foi analisado minuciosamente. E estamos nessa fase”, disse Glaucio Dias.
No documento constam uma série de medidas sanitárias e cuidados que terão que ser adotados nesse retorno. A consulta aos pais e profissionais da área da educação está entre as medidas, que inclui também distanciamento e espaçamento de 1,5 m das carteiras, fechamento de áreas comuns, distribuição de máscaras e álcool em gel, medição de temperatura e o ensino híbrido, com metade dos alunos em sala e a outra metade em casa, com aulas remotas. “E estamos orientando toda a rede, tanto estadual, como municipal e privada para que façam o mesmo. Mas a palavra final, lógico, será da Secretaria Estadual de Saúde”, ressaltou.
Retorno por faixas de idade
No Paraná são 2.143 colégios na rede estadual, com 1,1 milhão de alunos e 90 mil profissionais. Devido ao tamanho e a complexidade da rede estadual, já se definiu que uma possível volta às aulas seria gradual, por faixa etária. Os alunos do Ensino Médio e nonos anos voltando primeiro, e a Educação Infantil ficando para a última etapa.
Glaucio Dias disse que os profissionais da Secretaria da Educação acompanham a retomada, até agora bem sucedida, em estados como Maranhão e Amazonas e também de outros países, como a Bélgica. E observam ainda as experiências que não deram certo, como a de Israel, que precisou recuar.
Sem data prevista
Não há data prevista para o retorno. Tudo vai depender dos cenários da doença em cada uma das 22 regionais de Saúde do Paraná. “Nada impede que também recuemos depois que reabrirmos. É o desenvolvimento ou não da pandemia que vai nos dizer”, esclareceu Dias.
Aula Paraná: novidades
Enquanto as aulas presenciais não retornam, a Seed deve lançar novas ferramentas para incrementar o Programa Aula Paraná, que promove aulas pela internet, aplicativo e por três canais de TV aberta e também distribui material impresso para alunos que não têm acesso ao computador, e merenda escolar às famílias carentes. Foram, segundo a SEED, até agora 18 milhões de kg de alimentos entregues quinzenalmente para as famílias, garantindo renda a 25 mil produtores rurais e cinco mil produtores de leite.
Para os próximos dias, será lançado um site do programa e serão disponibilizadas aulas de reforço para os estudantes dos terceiros anos do Ensino Médio, que se preparam para o Enem. “Estamos muito animados na Secretaria, porque aqui no Paraná tivemos um aumento de 40% nas inscrições para o Enem, enquanto no Brasil esse aumento ficou em torno de 13%. O que prova a efetividade do nosso programa on-line”, comemorou Glaucio.
Ferramentas foram aprimoradas
Ao fazer uma avaliação do processo remoto, Dias elencou avanços no formato, como aprimoramento nas ferramentas de acompanhamento, por exemplo. “Já é possível, cada diretor, acompanhar on-line o trabalho que vem sendo feito pelos professores e acredito que, se der pra tirar algo positivo de tudo isso, essas mudanças na forma de estudar serão um legado. Falo até como pai, já que se criou nos alunos um senso de responsabilidade. Percebo isso observando meus filhos”.
O diretor-geral da Seed também comentou a importância dos repasses de mais de R$ 200 milhões feitos pelo Poder Legislativo para auxiliar o governo do Estado no combate à pandemia. “Demonstra a sensibilidade dos deputados estaduais nesse momento tão difícil que estamos enfrentando em prol do bem público. Uma iniciativa louvável, que temos que aplaudir e agradecer”, enfatizou.
Prova para 2021
Em função de perdas de conteúdo e de problemas para acessar o material repassado neste ano, Glaucio Dias adianta que, para o ano que vem, a Secretaria deve elaborar uma prova para testar os conhecimentos dos alunos. “Assim poderemos fazer um nivelamento e ter um diagnóstico da situação, para ofertar aulas de reforço e atuar com a nossa equipe pedagógica para auxiliar os estudantes e suas famílias. Esse projeto faz parte do protocolo que estamos adotando”, garantiu.