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Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Em Beltrão, quase 10% dos estudantes abandonaram a escola em 2016

Desinteresse, conflito familiar e vulnerabilidade social são as principais causas do abandono e evasão escolar.

 

Abandono e evasão dos jovens implicam prejuízo em R$ 35 bilhões por ano.
Foto: Agência Brasil

No ano passado, 326 adolescentes abandonaram os estudos nas redes estadual e municipal e particular de Francisco Beltrão. Os dados foram divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) com base no Censo Escolar de 2016. A série com maior abandono é o primeiro ano do ensino médio, com 10% de abandono e 13% de reprovações. Essa mesma série detém 23% dos alunos com atraso escolar de dois ou mais anos. São muitos problemas enfrentados no cotidiano das escolas. 

“Os abandonos e as evasões envolvem vários problemas sociais. O maior índice é o desinteresse dos alunos e grande parte deles estão nos locais com maior vulnerabilidade social. Por isso, são articulados serviços para a diminuição do abandono escolar. Serviços que vão além do trabalho pedagógico”, diz José Lúcio Machado, integrante da Rede de Proteção do Núcleo Regional de Educação de Beltrão.

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Números maiores
Os índices nacionais são ainda mais preocupantes. A cada ano, três milhões de jovens abandonam a escola e até o final deste ano, um em cada quatro jovens entre 15 e 17 anos de idade vão abandonar os estudos. Isso corresponde a um universo de 2,8 milhões de pessoas, 27%, entre os 10 milhões de jovens estimados no País nessa faixa etária e que deveriam estar frequentando a escola. Os dados ainda revelam que mais da metade das nações tem menor porcentagem de jovens fora da escola que o Brasil. Se mantiver este ritmo, o País levará 200 anos para atingir a meta estabelecida no Plano Nacional de Educação (PNE) de universalizar o atendimento escolar para esta faixa etária. Esses estudos foram realizados pelo Ensino Superior em Negócios, Direito e Engenharia (Insper). 

A realidade local
Em 2016, o Conselho Tutelar de Beltrão atendeu 2.302 situações envolvendo crianças e adolescentes, desses 46% eram de conflitos familiares e 24% de evasão escolar. Para completar as cinco primeiras posições da lista, estão casos de violência sexual com 20%, 7% de negligência e 1% de trabalho infantil. 
O presidente do Conselho Tutelar, Elton de Vargas, já avalia 2017 como um ano ainda mais preocupante. “Este ano, os atendimentos de evasão escolar estão bem maiores que o ano passado. É uma das nossas maiores demandas. Dos casos de conflito familiar, muitos também estão ligados com a evasão e abandono escolar”, informa.

Estrutura social e familiar
O JdeB conversou com as direções dos colégios estaduais Vicente de Carli, do Bairro São Miguel, e Léo Flach, do Bairro Padre Ulrico. Ambas foram unânimes em citar a estrutura social e familiar como ponto-chave na interrupção da educação para os jovens. “De cada turma podemos citar de dois a quatro casos complexos que estão em situação de risco”, conta o vice-diretor do Léo Flach, Rogério Rech. 
Ele acrescenta que “o aluno que repetiu dois anos, por exemplo, provavelmente não virá mais ao colégio”. 
A diretora do Vicente de Carli, Andreia Savoldi, conta que no período da noite o número de desistências é maior. “Temos muitos alunos que trabalham o dia todo, portanto, no período noturno há mais evasão. Além disso, podemos citar a desmotivação, o desinteresse e o abandono familiar como causas primárias desse contexto”.

Índices de 2017
O JdeB tentou contato com o Núcleo Regional de Educação de Francisco Beltrão. Há dados preliminares do primeiro semestre deste ano, porém, a Secretaria de Estado da Educação não permite a divulgação antes do fechamento dos índices no fim do ano. 

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