Rede privada adotou o ensino remoto e trabalha com redução de mensalidades e reparcelamentos para manter matrículas.

Em tempos de pandemia, salas vazias e aulas a distância. As escolas particulares têm a necessidade de arrecadar e, para isso, negociam com pais e alunos.
Fotos: Leandro Czerniaski/JdeB
Faz três meses que alunos da educação infantil ao ensino universitário deixaram de frequentar aulas presenciais em virtude da pandemia de Covid-19. O período foi mais que suficiente para que as instituições se adequassem para manter o ano letivo e as aulas a distância, mas, no caso das particulares, o desafio é ainda maior porque também envolve a necessidade de equilibrar as contas.
Três colégios privados consultados pelo JdeB – Glória, Alfa e Vila Militar Vida e Ensino – propuseram reparcelamento ou redução no valor da mensalidade dos alunos como forma de aliviar as finanças das famílias e também manter as matrículas ativas. E todos estão conseguindo manter os alunos, mesmo lidando com o aumento da inadimplência. “Só saberemos realmente o tamanho do impacto financeiro desta pandemia na passagem deste para o próximo ano letivo e isso dependerá muito dos rumos da economia até lá. Mesmo assim, talvez pela rápida e eficiente resposta do nosso ensino remoto, entre outros tantos fatores, tivemos poucos alunos que migraram para o ensino público ou para outras instituições. Observamos que as famílias têm feito um grande esforço para permanecerem conosco”, afirma nota enviada pela direção regional do Alfa.
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A redução de despesas ligadas à presença dos alunos nos estabelecimentos deu margem à flexibilização dos valores, no entanto, a rede privada está mantendo a grande maioria do quadro de funcionários e investindo nas aulas remotas. A diretora do Glória, irmã Cristiane Martins da Rocha, considera que todo o planejamento orçamentário do ano terá de ser revisado e que o impacto nas instituições privadas pode ser ainda maior dependendo de quanto perdurará a suspensão das aulas. “Estamos sendo afetados, mas conversando muito com os pais, reavaliando despesas e buscando manter o quadro de profissionais, pois queremos manter nosso nível de qualidade sem expor educadores, alunos e as famílias ao risco da doença”, diz.
No caso do Colégio Vila Militar Vida e Ensino, a reorganização financeira possibilitou manter a estrutura funcional, implementar um modelo de aulas remotas e até ter novas matrículas neste período de pandemia. Num comunicado divulgado pela instituição afirma que “neste momento, o que menos nos preocupa é a questão de lucros, nós temos um lema de levar a educação à excelência e, numa época em que a prevenção e os cuidados se fazem tão necessários, nós já montamos estúdios em todas as salas para as aulas on-line, que estão sendo disponibilizadas em tempo real no mesmo horário da aula tradicional, o que nos dá uma frente em questão a custos adicionais”.
Retomada pode acontecer em agosto
Ainda não há nenhuma previsão oficial de quando as aulas presenciais serão retomadas. O governador Ratinho Júnior afirmou há alguns dias que seria possível a reabertura de escolas em agosto, mas não detalhou de que forma isso deve acontecer e nem se está diretamente ligado à futura redução do contágio por coronavírus. O Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Paraná (Sinepe/PR) apresentou um plano de retomada ao governador no início deste mês e as instituições privadas de Beltrão já planejam a reabertura dentro do “novo normal”: de forma gradativa, com menos alunos por turma, reposição de aulas e higienização intensiva.
