Modelo matemático foi desenvolvido para projetar a subnotificação da doença no Estado e no Brasil.

as atividades do projeto de extensão.
Um estudo desenvolvido no projeto de extensão “Covid-19 e suas fronteiras: ações em saúde para o enfrentamento da pandemia”, da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Realeza, está possibilitando estimar a subnotificação dos casos de Covid-19 no Paraná e no Brasil.
O modelo matemático usa dados oficiais (Secretaria de Estado da Saúde e Ministério da Saúde) de demografia, taxa de letalidade (óbitos) por faixa etária e tempo para elaborar a estimativa e tem como base um estudo realizado nos Estados Unidos. A Coreia do Sul também é usada como referência por sua ampla capacidade de testagem — mais de 20 mil pessoas são testadas por dia.
No Paraná, assim como no Brasil, acontece o contrário: faltam mecanismos que possibilitem realizar uma testagem em massa e esse foi um dos motivos para o desenvolvimento do estudo na UFFS-Realeza. A professora e pesquisadora Carla Zanelatto, doutora em Saúde Pública, coordena a atividade, que conta ainda com a contribuição de Robison José Santos da Silva, acadêmico de Física.
7 vezes mais casos no Paraná
Conforme dados extraídos de boletins da última quarta-feira, 3, a equação estimou que, para cada pessoa notificada com coronavírus no Paraná, sete casos são subnotificados. Ou seja, aos 5.498 casos confirmados naquela data se somariam 32.960, totalizando 38.458 casos. No Brasil, para cada caso, oito seriam subnotificados e o número de pessoas infectadas poderia chegar a 4.672.128. Carla afirma que o estudo também conseguiu superar algumas limitações apontadas em outros modelos sobre essas estimativas.
Robison José Santos da Silva, que é beltronense, afirma que quanto mais dados são coletados com o passar do tempo, mais os resultados se aproximam da realidade. “É importante deixar claro: estudos que usam taxas que variam com o tempo, como taxa de letalidade, que é o nosso caso, geram resultados que também variam com o passar do tempo, ou seja, os resultados apresentados hoje podem não ser os mesmos que teremos daqui dez dias”, comenta o acadêmico.
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contribui com o estudo.
Estimativa não se aplica a municípios
De acordo com Carla, a conta simples que muitos podem fazer, de multiplicar o número de casos de um município por sete, está errada, pois não há dados suficientes sobre óbitos por Covid-19 para incluir no estudo. “Nossa estimativa é referente a casos para o País e para o Paraná. Se nós quiséssemos fazer uma estimativa para o município, teríamos que ter dados suficientes de óbitos desses municípios relativos à Covid. Felizmente, não temos esse número e espero, de uma maneira bastante positiva, que isso não venha ocorrer.”
No entanto, a estimativa de subnotificação é relevante, segundo a professora, por contribuir para a tomada de decisões que evitem a propagação da doença e “para prever as necessidades esperadas de hospitalização e possível abertura de hospital de campanha, sendo importante para sistemas de saúde em todo o mundo”. *Com informações da assessoria.