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Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Jovem tem que estudar e trabalhar; filha fica com a avó

 

Joana trabalha com separação de lixo reciclável e falta às aulas para ficar com a filha de dois anos.
Foto: Renan Guex/ JdeB

 

A adolescente Joana*, 18 anos, abandonou a escola após engravidar. Retornou para concluir os estudos este ano, mas está no limite das faltas. “Fico o dia todo na reciclagem. Lá é bastante puxado. A minha filha tem dois anos e mora, praticamente, com a avó. Quando eu consigo pegar ela, eu não venho pra aula. Eu tô quase reprovada por causa de falta, mas sinto falta de ficar com ela”, diz. 
Joana morava em Curitiba, com a mãe, mas o conflito com o padrasto fez com que a jovem deixasse a capital para morar com o pai, em Francisco Beltrão. “Aqui em Beltrão eu não tenho família, sabe? Eu tenho meu pai, mas ele não está nem aí. Tentei morar com meu pai, mas ele é usuário de crack, aí fui morar sozinha, casei. Ano que vem quero voltar a morar em Curitiba. Minha mãe pede para eu voltar a morar lá”, acrescenta. 
Quando o assunto é escola, Joana conta que já está cansada, mas o apoio do corpo escolar é fundamental para a continuidade dos estudos. “Eu acho bom a escola. Eles ajudam a gente bastante. Eles sentam e conversam. Às vezes a gente precisa levar um chacoalhão pra não desistir. Eles se preocupam com os alunos”, relata.
No final da entrevista, perguntei à jovem: qual é o seu sonho? Como resposta recebi um silêncio de alguns segundos. “Sei lá”, acrescentou. Se surgir a oportunidade de cursar o ensino superior, Joana já tem uma escolha. “Eu queria fazer faculdade de estética. Era isso que queria fazer, mas não dá tempo”, concluiu. 

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Os recursos das escolas
As escolas buscam muitas alternativas para atrair o aluno ao convívio escolar. O Colégio Estadual Vicente de Carli, por exemplo, participa do Programa Ensino Médio Inovador (ProEMI). “Na nossa escola, é um programa de incentivo aos alunos do noturno. Com a verba do Governo Federal adquirimos livros e equipamentos eletrônicos, além de marcar viagens para ampliar o conhecimento”, conta a diretora, Andreia Savoldi.
No Léo Flach, os alunos do primeiro ano do ensino médio participam turno integral. O programa foi implantado neste ano é o única instituição da rede estadual a oferecê-lo em Beltrão para o ensino médio. “É a primeira experiência em Francisco Beltrão. Trabalhamos o convívio desses alunos, há acesso à internet, além de cinco refeições na escola. Estamos satisfeitos com essa metodologia utilizada”, disse o vice-diretor, Rogério Rech.
*Joana é um nome fictício. A identidade foi preservada a pedido da aluna. 

 

Núcleos de Educação têm conversa com empresários

JdeB – Além do novo Sistema Educacional da Rede de Proteção citado anteriormente, outros projetos estão em prática para reduzir o índice de evasão nas escolas. Dia 20 de setembro, os núcleos regionais de Educação de Beltrão e Dois Vizinhos se uniram para uma conversa com empresários dos municípios. 
“Ultimamente, muitos adolescentes estão priorizando mais o trabalho do que os estudos e boa parte deles trabalham de forma irregular. Por isso, realizamos um seminário com a presença do Ministério do Trabalho, sobre o Aprendiz Paranaense, uma forma legal do adolescente ingressar no mercado de trabalho, sem atrapalhar os estudos”, observa José Lúcio Machado.
Outra proposta é o Projeto Conectados. “Esse é um projetodo Governo Estadual que tenta tornar mais atraente a metodologia de ensino, Ele utiliza as tecnologias em sala e no ambiente escolar. São 500 escolas participantes no estado e 10 no núcleo de Francisco Beltrão”, acrescenta.

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