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Francisco Beltrão
terça-feira, 01 de julho de 2025

Edição 8.236

01/07/2025

Na sala de aula, ?sentamos um ao lado do outro, e nem por isso conversamos?

Na sala de aula, ?sentamos um ao lado do outro, e nem por isso conversamos?

?Choros. Decolagem. Dezessete horas de vôo. Aterrissagem. Pronto! Solo europeu. Especificamente Dinamarca. É inacreditável que, em menos de um dia de viagem, você se encontra na mais diferente sensação da sua vida. Você se torna analfabeto, enxerga placas e anúncios em toda a parte mas é incapaz de entender uma palavra; olha ao seu redor e sua memória não reconhece nenhum  rosto familiar. Simplesmente um banho gelado. Estou nesse país há um mês, tempo suficiente para me apaixonar  por essa cultura. A Dinamarca é um país nórdico muito pequeno (em torno de 43. 094 km²), o que torna uma viagem de uma hora uma distância exorbitante. Eles geralmente não acreditam que eu gasto no mínimo 5 horas e meia para chegar na capital do meu Estado (Curitiba). Com esse tempo, teríamos dado um tour ao redor desse país, e com direito a pausas. A moeda é coroa dinamarquesa, mais barata que o real, porém ao converter os valores tudo se torna caríssimo! Chego a pagar 6 reais por uma garrafa de água. A capital é Copenhage. A língua é Danes (ou dinamarquês, como preferir), um idioma literalmente inexplicável.  A descendência Viking é realçada a cada palavra proferida, uma língua áspera, puxando para o russo. No começo tudo não passava de um resmungo para meus ouvidos. Hoje entendo pequenas afirmações, mas isso é tudo.
Respiramos história, a Dinamarca é o reino mais antigo do mundo, a rainha se chama Margareth II. O país é formado basicamente de ilhas, 443 no total, e somente 76 são habitadas. Existem três separações principais, Jutlândia (Jylland), parte continental, Fiónia (Fyn) e Zelândia (Sjælland) como sendo duas ilhas destaques. Moro no centro da Jutlândia, numa cidade chamada Silkeborg, a região dos lagos. E que lagos! Simplemente inexplicáveis, cheios de patos, flores e belas casas ao redor, tudo extremamente limpo, organizado, planejado! Dinamarquês é um povo que aprecia natureza, por isso não existem muros e apartamentos, somente belas casas com jardins exorbitantes. Pobreza? Essa palavra não tem espaco entre os diálogos daneses. O governo dá muito subsídio aos necessitados, em torno de 15 mil coroas por mês. E esses não se aproveitam disso, buscam e se esforçam para melhorar e não precisar mais dessa mesada. Aqui começamos a agradecer dias ensolarados. Falar sobre tempo não é jogar conversa fora, eles são viciados em previsão do tempo, assim como nós no futebol.  Qualquer pessoa na rua sabe que amanhã a temperatura ficará entre os 25 graus célsius o que significa: pegue suas bicicletas e vamos passear! Por falar em bicicleta, aqui é o paraíso para os ciclistas! Há ciclovias por toda parte com direito a estacionamento e semáforos exclusivos.
Escola. Nossa! Que surpresa! Estudo no Silkeborg Gymnasium, a maior escola de ensino médio da Dinamarca. As salas de aula são extremamente bem equipadas. São os alunos que trocam de sala, então a cada matéria temos um lugar específico com todos os materiais necessários. Há mapas espalhados por todos os corredores, mas isso não evita que eu me perca pelo menos uma vez ao dia. Os alunos usam notebook, com internet wireless (sem fio), não há sites bloqueados, os jovens têm muita liberdade pois sabem usufruir dela. Sentamos um ao lado do outro, e nem por isso conversamos. As aulas parecem bate-papo, o professor questiona a turma a toda hora, e para responder basta levantar a mão. Nossos horários são alternativos, todo o momento muda, por isso há computadores nos corredores, para a cada intervalo checarmos aonde será a próxima aula. O tempo de permanência varia geralmente das 8:15 até as 15:30, tendo cinco aulas por dia. As matérias são alternativas, temos seis grupos principais, o aluno é quem escolhe aonde se encaixa melhor.
Moda. Muita cor. Nunca vi um povo tão eclético. Cada um guarda seu estilo. Mas geralmente as meninas usam sapatinho bailarina com aquelas calcas justas, blusas coladas e compridas; mostrar a barriga é vulgaridade. O tênis ?All Star? é idolatrado entre os meninos, calças baixas e meias para fora. Essa moda de meia para fora tenho que admitir que quando eu cheguei achei feio pra caramba, mas não deu dois dias usando a bicicleta eu entendi o porquê, bastou minha calça colar na correia e ficar toda engraxada, que eu aderi a essa moda rapidinho.  Cabelo? Quanto mais bagunçado e original, melhor. Ainda acho que isso é um jeito de camuflar a falta de corte, já que cortar o cabelo significa gastar no mínimo 400 coroas.
Um mês já é suficiente, para que eu entenda que, independente do país, ele vai ter alguma coisa para te acrescentar, uma cultura para você conhecer e aceitar, não necessariamente devendo ser aderida. É maravilho ter contato com o desconhecido. Sou extremamente grata ao Rotary Club de Francisco Beltrão Integração por essa oportunidade.?

Fernanda numa das ruas de sua nova cidade, na Dinamarca: ?Moro no centro da Jutlândia, numa cidade chamada Silkeborg, a região dos lagos?.

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