A universidade precisa avançar. O ensino a distância não pode ser ignorado. O candidato não deve mentir. Economia em energia e água pode ser aplicada em outras áreas.
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Os professores Gilmar Ribeiro de Mello, candidato a vice-reitor, e Alexandre Webber, candidato a reitor da Unioeste, ontem na redação do Jornal de Beltrão.
Foto: Flavio Pedron/JdeB
Formado em Odontologia pela primeira turma da própria Unioeste (2001), o professor Alexandre Almeida Webber é um dos três candidatos em campanha para reitor da Universidade Estadual do Oeste (Unioeste), cuja votação, dos professores, funcionários e alunos, será dia 22 deste mês. Ele é docente da universidade desde 2003 e diretor do campus de Cascavel desde 2012.
Ontem, acompanhado do seu candidato a vice, Gilmar Ribeiro de Mello, atual diretor do campus de Francisco Beltrão, Alexandre esteve no Jornal de Beltrão e concedeu a entrevista que segue.
Qual a sua visão sobre o ensino universitário hoje? Que rumo ele deve tomar e quais são as suas propostas?
Alexandre – Nós precisamos avançar. Mas nós precisamos resgatar a confiança da sociedade, que foi arranhada por notícias, na sua grande maioria, inverídicas sobre as universidades públicas. Nós precisamos resgatar essa confiança da sociedade, mas nenhuma Nação saiu de uma crise sem investimento maciço em educação e tecnologia. No Brasil, 95% das pesquisas são realizadas nas universidades públicas. Nós temos que entender que o Brasil teve uma expansão de universidades privadas que têm seu espaço, ocupam seu espaço, mas a pesquisa é realizada na universidade pública. Eu sempre falo que a universidade pública não só forma, ela transforma, e a universidade pública tem transformado suas regiões onde ela é instalada. Se você pegar o mapa do Paraná, os menores índices de desenvolvimento humano estão justamente onde o braço das sete universidades não alcança, porque cada universidade está instalada numa cidade, mas ela tem uma região que acaba abrangendo os seus projetos de extensão e de pesquisas. Tivemos também um grande reforço de universidades federais, no Estado do Paraná, que também se somam a esse processo de ensino, pesquisa e extensão, que na minha visão é um grande diferencial e hoje tem a inovação que está se somando aí, e precisando muito no Brasil de investir em inovação.
Hoje se fala muito das profissões que serão extintas e também tem esse risco dos cursos se tornarem obsoletos. Como o senhor vê isso? É um índice muito grande ou apenas alguns que poderão sofrer mudanças, ter a necessidade de fechar alguns cursos e abrirem outros?
Alexandre – A universidade pública vai ter que entender que ela precisa ser um pouco mais rápida na sua discussão. Por sua história e consolidação, ela tem um pouco de dificuldade às vezes de mudança, e ela vai entender que ninguém mais pretende algum curso que não tenha demanda, então vai ter que ter rediscussões para que aqueles cursos se tornem mais atraentes. Mas também temos que entender e mostrar para a sociedade que tem alguns cursos que formam pouco e vão continuar formando pouco, por exemplo Matemática: entram 50 e formam 15, mas se nós não formarmos esses 15, quem vai formar? A universidade privada não forma porque não é viável financeiramente. Nós temos o caso de uma residência de Neurologia, entra um aluno a cada quatro anos. Esta formação custa extremamente caro, mas o que é mais caro para a sociedade, formar um neurologista ou quando precisar não ter um neurologista?
E quanto ao ensino presencial e o ensino a distância, qual é a sua visão?
Alexandre – Hoje o ensino a distância tem ocupado um grande espaço nas universidades privadas. A Unioeste tem ensino a distância, ela aderiu e tem dois cursos de graduação, e temos também de pós-graduação. Nós precisamos entender bem esse processo de usar a tecnologia, não tem como se negar de usar a tecnologia, hoje o nosso aluno com certeza gosta mais de ficar com um tablet ou um celular na mão do que sentado numa sala de aula. O principal ponto, nós temos que focar na qualidade. A universidade pública não vende diploma, a universidade pública em tudo isso, inclusive no ensino a distância, ela preza a qualidade. Tem muita gente que acha e começa o ensino a distância, se for ver as matrículas, tem dois mil/três mil e sobra 500, porque as pessoas acham que o ensino a distância é moleza e não é, ele se torna até mais difícil do que o presencial, e hoje vai ter até 20% do ensino a distância nas graduações presenciais. Essa discussão vai ter que ser feita com clareza dentro da universidade, e cada curso vai ter a opção de fazer ou não fazer. Mas não dá mais pra fechar os olhos, o ensino a distância leva a universidade para aqueles que não poderiam vir até a universidade. Então, se nós pretendemos o acesso do conhecimento, não podemos fechar os olhos para o ensino a distância.
Como o senhor está dizendo tudo e demais propostas isso aos seus eleitores?
Alexandre – Primeiro, estou dizendo que não estou disposto a mentir para ganhar a eleição. Nós vamos unir a universidade e, com isso, reverter essa imagem pejorativa em que foram transformadas as universidades públicas e, com isso, ter credibilidade nos governos e na sociedade, pra resgatar uma parte do orçamento. Mas também fazer uma gestão mais eficiente, para que a gente aproveite melhor os recursos. Vou dar um exemplo: nós implantamos no campus de Cascavel um mestrado em energia em laboratório em placas voltaicas. É apenas um protótipo e aquilo gera três mil reais de energia. Se nós conseguirmos gerar metade do que nós gastamos de energia através da energia fotovoltaica, nós teremos ao ano dois milhões e 400 mil pra investir em outras áreas, como bolsas de assistência estudantil e apoio à pesquisa. Também nós vamos trabalhar com o aproveitamento da água. Aqui no campus de Francisco Beltrão, eu conversava com o professor Gilmar, nós não temos poço artesiano e o que nós gastamos de água em um ano nós pagamos o poço artesiano. E mais que isso: se nós passarmos a fazer aproveitamento de água da rua, nós teremos uma redução no consumo de água que, além de ser ecologicamente correto, vai dar uma receita final que pode ser usada para outras coisas. Porque mesmo do poço artesiano, de tudo o que sai do poço nós pagamos 80% de esgoto. Então se nós utilizamos a água da chuva pra regar o jardim, lavar a calçada, e nós já temos feito com duas empresas, elas já estão produzindo projetos para o campus de Cascavel. Nós pretendemos distribuir isso para todos os campus da Unioeste e ao nosso Hospital Universitário.