“Embora o aluno não tenha habilidade cognitiva, tem que trabalhar com ele esses conteúdos, do contrário não é escola.”

Foto: Niomar Pereira/ JdeB
A Apae de Francisco Beltrão promoveu um curso para professores no sábado, 22, na sede da entidade, com foco em uma nova proposta de alfabetização. O curso foi o dia todo com a participação da professora Claudia Mara da Silva, mentora do Método Desafios do Aprender – Abacada. O curso Desafios do Aprender foi criado a partir da necessidade de alunos com dificuldades graves de aprendizagem. Apresenta elementos que atendem as mais sérias dificuldades no processo da alfabetização.
A pedagoga e diretora administrativa da Apae, Inês Roseli Soares Tonello, falou que a coordenação pedagógica da Apae de Francisco Beltrão ao tomar conhecimento do método, junto com a direção da Escola Antônio Lúcio Duarte Filho, fez todo esforço para viabilizar a vinda da professora Claudia para Francisco Beltrão.
De acordo com ela, a Federação das Apaes do Paraná promoveu uma apresentação em Curitiba e na sequência o Departamento de Educação Especial da Secretaria de Educação do Estado do Paraná também evidenciou o novo método como uma alternativa para ensinar pessoas com deficiência intelectual.
Conforme o método, a sistematização na apresentação das letras e junção de sílabas formando palavras e, consequentemente frases e textos possibilitam maiores condições de assimilação pelo aluno, mesmo com deficiências, devido à repetição e graduação das dificuldades no entendimento do mecanismo da leitura e escrita.
A professora Claudia, durante sua explanação, lembrou que o Paraná é o único Estado da Federação onde as Apaes também são escolas. “Se o aluno não faz nada, não precisa de professor e sim de cuidador. Professor tem que repassar os conteúdos acadêmicos básicos. Embora o aluno não tenha habilidade cognitiva, tem que trabalhar com ele esses conteúdos, do contrário não é escola. Se o aluno está em uma escola ele tem direito que trabalhem esse conteúdo”, destacou. De acordo com ela, as Apaes têm sim que alfabetizar e trabalhar conteúdos de salas de aula convencionas. Para isso, ela apresentou uma série de ferramentas que podem ser usadas com os alunos nas Apaes como o alfabeto móvel, bingo das sílabas, baralhinho das sílabas, entre outros.
O curso foi oferecido a mais de 100 professores, diretores e pedagogos dos municípios de Francisco Beltrão, Dois Vizinhos, Marmeleiro, Renascença, Barracão, Salgado Filho, São João, Itapejara do Oeste, Mariópolis, Flor da Serra do Sul, Vitorino e Bom Jesus do Sul. A proposta da Apae de Francisco Beltrão é para em março trazer novamente a professora Claudia Mara para mais uma etapa desta importante formação. Este evento foi integrado ao calendário de 40 anos da Apae de Francisco Beltrão.
Conforme a professora Claudia, “o estudante com diagnóstico de deficiência intelectual apresenta significativas oscilações e ritmos diferenciados no processo de construção do conhecimento. Assim, não se justificam práticas no nivelamento cognitivo ou nas limitações decorrentes da deficiência intelectual. As potencialidades que esses alunos apresentam necessitam ser valorizadas e as estratégias de ensino precisam estar articuladas ao interesse do aluno e ao conhecimento já adquirido, porém é preciso considerar sobre a prática e as oportunidades de interação com o objetivo de ampliar o conhecimento. Quanto mais as estratégias forem diversificadas e adequadas às diferenças de ritmo e estilo de aprendizagem, menores serão as barreiras no processo de aquisição do conhecimento”.