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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Retorno de alunos da rede pública às escolas é discutido na Assembleia

O encontro virtual reuniu pediatra, infectologista, psiquiatra e movimentos pela reabertura de escolas e colégios municipais e estaduais.

Cerca de 30% das crianças brasileiras apresenta depressão e outras doenças psíquicas, segundo o pediatra Rubens Cat, em razão das escolas fechadas.

A audiência pública “Volta às aulas presenciais de forma segura” reuniu pediatra, infectologista, psiquiatra e movimentos pela reabertura de escolas e colégios municipais e estaduais. Os impactos do longo período de permanência longe das salas de aula e os efeitos na socialização e no desenvolvimento pedagógico e neurológico das crianças e adolescentes paranaenses foram apresentados numa audiência pública promovida pelo deputado Homero Marchese (Pros), dia 8, de maneira remota, a partir da Assembleia Legislativa do Paraná. “Embora a rede privada tenha autorizado a volta às aulas, a rede pública continua fechada. Mesmo que a princípio fosse uma forma prudente de se evitar os contágios, é importante dizer que já é tempo necessário de voltar às aulas, de forma segura”, declarou o parlamentar.

Visão pediátrica
Para falar do ponto de vista pediátrico, o chefe do Departamento de Pediatria do Hospital de Clínicas do Paraná da UFPR, Rubens Cat, foi escalado. Segundo ele, “poucas evidências científicas justificaram o fechamento em massa das escolas. O Brasil é o País que mais tempo mantém as crianças fechadas”. O pediatra destacou que cerca de 30% das crianças brasileiras apresentam depressão e outras doenças psíquicas.

Rubens Cat afirmou ainda que o ambiente escolar é mais seguro do que o domiciliar. “A chance de uma criança pegar o vírus dentro da escola é 100 vezes menor do que nas redondezas dela. A criança não é vilã dentro das casas, quem contamina os idosos são os adultos, muito mais do que as crianças”, disse. “As crianças têm defesas que os adultos não têm. As crianças têm muito menos receptores do vírus que os adultos. As crianças têm muitas gripes, o que estimula suas defesas e quando elas entram em contato com o coronavírus, suas células imunológicas são ativadas”, explicou o médico. 

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Visão epidemiológica
Para a epidemiologista Maria Esther Graff, as crianças não são os principais vetores deste vírus. “Elas são menos sintomáticas e transmitem muito menos. Hoje, 90% dos casos de Covid nas escolas são trazidos por adultos, que são os transmissores, não as crianças. O risco da saúde mental é muito maior que o de uma criança contrair Covid na escola, algo que será cobrado daqui a dez anos”, alertou. 

“Precisamos ter um monitoramento que comprove uma vigilância ativa em cada escola para o controle de infecção, que sejam executados pelos próprios profissionais das escolas, um comitê de saúde que deve ser nomeado pelos gestores das escolas públicas. É preciso ter um controle que estabeleça a origem dos casos de contaminação, para ajudar a estabelecer os índices nas escolas”, disse Maria Esther. 

Visão psiquiátrica infantil
Filipe Figueiredo, psiquiatra da infância e adolescência, reforçou que a saúde mental de uma geração está em risco e os efeitos são imprevisíveis. “Um lockdown sem escola presencial não é adequado para a saúde mental de crianças e adolescentes, com diferenças entre as faixas etárias. Para crianças presas em casa, este impacto de privação da socialização é muito prejudicial”, frisou. 

O psiquiatra listou as possíveis consequências: “As crianças em período pré-escolar podem ter um vínculo muito estreito com as mães. No pós lockdown haverá um grande impacto desta separação. As mães que estão trabalhando em casa estão estressadas e pressionadas. A incerteza das agendas de provas e aulas também gera ansiedade nas crianças, fobias generalizadas, transtorno de pânico que serão muito mais agudas quando se abrir as escolas”, alertou. 

Filipe Figueiredo ainda falou dos riscos mais graves, como o suicídio. “Os transtornos depressivos podem causar suicídio no público infanto-juvenil. As crianças estão tendo um ano de perda na aprendizagem social. A escola é onde se dão estes fatores de integração social e nós estamos privando as crianças disto. A tecnologia também pode causar problemas como transtornos de hiperatividade, dislexia e falta de atenção. Crianças com transtornos de neurodesenvolvimento estão sendo mais prejudicadas e terão mais dificuldade no retorno tardio às escolas”, destacou.  

Adriana Kampa, diretora de Gestão Escolar da Secretaria de Estado da Educação (Seed), afirmou que o Governo do Estado prevê a programação de reabertura das escolas e colégios da rede pública apenas a partir de maio. 

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