Educação
Valdenice analisa seu trabalho antes e depois da pandemia.
Acha complicado listar vantagens do ensino remoto.
Com 24 anos de experiência como professora, Valdenice Maria da Silva Setti analisa seu trabalho antes e depois da pandemia de coronavírus. Aos 43 anos de idade, ela é mestre em Educação, pela Unioeste. Atuou como coordenadora da educação integral na Secretaria Municipal de Educação, foi diretora e coordenadora na Escola Municipal Higino Pires e atualmente é professora de uma turma de infantil e outra do 5º ano, na Escola Municipal Professora Ana Bocchi Macagnan.
Até o mês de março, sua rotina escolar compreendia o período de 8 horas diárias. “Cumpria minha carga horária em sala e as destinadas ao planejamento e correções de atividades aos alunos, conversas com os pais e responsáveis, enfim, trabalho normal de professora; claro, com formações e reuniões de pais e demais atividades afins.”
Hoje, ela praticamente não consegue determinar um horário para atendimento aos alunos. “Embora tenhamos que elaborar e postar o planejamento quinzenal, nossa rotina mudou consideravelmente. Precisamos atender alunos com vídeo chamadas, responder mensagens, salvar fotos das atividades postadas, fazer correções (dentro do possível, porque às vezes não consigo devido à nitidez, etc.), pedir que refaçam uma ou outra tarefa, cobrar dos alunos que não fazem ou se atrasam, apresentar explicações extras, preencher e enviar relatórios das disciplinas, preencher o registro de classe on-line (RCO), ir na escola imprimir e organizar algumas atividades impressas para os pais retirarem mensalmente, participar de formações on-line…”
Além de problemas como a nitidez, os professores precisam enfrentar outras questões tecnológicas. “Já tive que formatar duas vezes meu notebook e tive que trocar de celular devido à queima de software do meu celular particular.”
Vantagens e desvantagens
Valdenice ressalta que, embora tenha certeza que o ensino remoto é a opção da atual realidade, considera “complicado” listar vantagens. “Posso destacar a questão de que os pais estão acompanhando mais a vida escolar dos filhos. Porém, algumas famílias possuem acesso restrito à internet, celular ou computador; as famílias estão cansadas, a rotina de trabalho dos pais não mudou e os alunos ficam sob os cuidados de terceiros, à noite ou nos fins de semana dedicam um tempo para fazer as tarefas.”
Ela observa ainda que os alunos ficam longe da interação social, fica difícil sanar dúvida e introduzir um conteúdo novo, embora dinamize as aulas com vídeos.
O atendimento individualizado – necessário para muitos alunos – fica inacessível, as intervenções professor e aluno, bem como aluno e aluno ficam impossibilitadas.