17 C
Francisco Beltrão
quinta-feira, 05 de junho de 2025

Edição 8.220

06/06/2025

Adão de Almeida: “Vi cada coisa em todos esses anos…”

 

Seu Adão, torcedor do Internacional de Porto Alegre.

 

O futebol varzeano de Francisco Beltrão é repleto de belas e peculiares histórias de atletas, técnicos e dirigentes. Partidas que ficarão marcadas para sempre na memória de quem vivenciou – e vivencia – o esporte amador local. E o que dizer de um personagem deste “livro esportivo” que atua dentro e fora de campo? Esse é o beltronense Adão de Almeida, que completa 58 anos neste mês e mora na comunidade de Seção São Miguel. 
Desde 1972 seu Adão participa da competição. “Comecei jogar com 16 anos. Foram quatro campeonatos no Botafogo de Menino Jesus, depois mais quatro pelo Triton do bairro Pinheirinho e três no Flamengo de Nova Seção, que tinha o meu companheiro Chimia, já falecido. Hoje em dia cansei de apoiar minha equipe da Seção São Miguel e já penso em parar com tudo. Mas não é fácil tomar essa decisão, tenho muitos amigos. O que me desmotiva são os erros de arbitragem, como o que aconteceu num jogo do nosso time há algumas semanas contra o Nova Concórdia. Quase peguei o bandeirinha pelo pescoço. Se eu não gostasse do futebol amador, já teria abandonado o barco”, brinca, em tom de desabafo. 
Contudo, ainda há luz no fim do túnel. “Lá em casa todos me incentivam a continuar. Quero ver se o meu filho Marcelo, que joga até hoje, vira treinador pra me substituir”, estima Adão, que ganha a vida com a agricultura e suas vacas de leite.
E não faltam momentos marcantes nos mais de 40 anos de participação de seu Adão no campeonato municipal. Um deles foi quando ele e seus companheiros de time quase foram parar no hospital, em 1978. “Nós do Menino Jesus fomos jogar contra o Sete de Setembro. O jogo estava quente, à flor da pele, e apanhamos muito, de verdade. A briga foi grande, teve tiro de revólver e polícia, mas nada de muito grave, não teve morte”, conta seu Adão. Segundo ele, era ‘normal’ dirigentes de times e até atletas irem para o jogo armados. “Era pesado, mas graças a Deus esse tempo ficou pra trás. Hoje as pessoas são mais conscientes.”

- Publicidade -

 Tem certeza que é pênalti?
“Antigamente, quando o adversário ia jogar fora de casa pelo Varzeano, ele tinha que levar o árbitro. E num desses jogos o Volta Grande do Marrecas veio jogar em nossa comunidade. O árbitro trazido por eles ‘roubou’ contra o nosso time. No jogo de volta, resolvi apitar a partida e falei pro meu atacante: quando você entrar dentro da área deles, pode cair que marco pênalti. Dito e feito. Nisso, entra em campo um fulano de casaco preto e pede: o que aconteceu aí mesmo? Olhei bem pra ele e disse que era pênalti. Foi então que o homem levantou o casaco e puxou uma faca da cintura e pediu de novo: o que aconteceu aí seu juiz? Pensei bem e já falei: não, não, me enganei no lance, não é mais pênalti e segue o jogo”, gargalha seu Adão.
 
Títulos da carreira
A carreira de um técnico ou quem quer que esteja ligado diretamente a um clube de futebol – amador ou não – fica marcada quando ser ergue a taça de campeão. Seu Adão está neste seleto grupo de vencedores. “Fui duas vezes campeão do Varzeano e sete vice pela Seção São Miguel.” 
E para conhecer o belo acervo fotográfico dos times da Seção São Miguel em todos os tempos basta ir à comunidade. “No bar do Otávio Bonacheski tem um monte de foto antiga”, convida seu Adão – que aconselha também a juventude: “Fiquem bem longe das drogas. Infelizmente, eles se envolvem com drogas não por culpa dos pais, que não cuidam, mas por causa das más companhias”.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques