Esporte

durante a audiência pública na Assembleia Legislativa do Paraná.
Da assessoria/Alep – A audiência pública realizada quinta-feira, 28, à tarde, na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) traçou um retrato vivido das artes marciais no Paraná: em inúmeros depoimentos e testemunhos, professores, atletas e dirigentes falaram de seus sonhos e frustrações, anseios e necessidades.
Grande parte do debate – realizado por iniciativa do deputado Alexandre Amaro (PRB) – se concentrou nos mecanismos de patrocínio esportivo, na necessidade de ampliação das políticas públicas de apoio às lutas marciais e nas ferramentas de acesso à lei estadual de incentivo ao esporte, cujo edital deste ano prevê a liberação de R$ 8 milhões em recursos para o setor como um tudo, conforme explicou o superintendente da Paraná Turismo, Hélio Wirbiski.
Mas outras intervenções chamaram atenção para um meio esportivo profissional que sofre com o preconceito e busca algum tipo de reconhecimento a seu papel social. “Os esportes não-olímpicos merecem ser vistos com um olhar mais atencioso”, afirmou o professor Edinei Pedroso, da Federação Paranaense de Muay Thai e líder da equipe World Strong.
Roney Cesar de Oliveira, da Associação de Funcionários do TRE, disse que as artes marciais amargam preconceito social e enfrentam obstáculos para obter maior visibilidade. Segundo o presidente da Federação Paranaense de Jiu Jitsu, Marcos Antônio de Oliveira, “quando o cara deslancha na carreira, geralmente vem de classes mais altas”. Oliveira disse que o Jiu Jitsu é reconhecido em outros países “de uma forma que não ocorre no Brasil”, onde a modalidade foi criada, no início do século XX.
Alexandre Caldas, o He-man, presidente da Federação Paranaense de Lutas, contou que Curitiba se consolidou como celeiro de talentos nas artes marciais e polo nacional de eventos do setor. Já o professor Roberto Picinini disse que a capital paranaense tem hoje a maior concentração de mestres de artes marciais e esporte de contato no País – um dos veteranos entre eles, o grão-mestre Kang, sul-coreano radicado em Curitiba, disse em seu português vacilante que deu aulas de hapkido ao ministro da Justiça, Sérgio Moro.
Por isso, Picinini reivindica que o Governo abra as portas das escolas da rede estadual aos professores de lutas. “Temos que entrar nas escolas. Isso é o essencial”, salientou Picinini. Logo depois que disse estas palavras, o deputado Amaro leu uma carta que ele e seu colega na Comissão de Esportes da Assembleia, deputado Subtenente Everton (PSL), vão enviar ao governador Carlos Massa Ratinho Júnior em que pedem a contratação, o mais breve possível, de professores de artes marciais nas escolas estaduais.
Antes disso, o mestre Fábio Noguchi, presidente da Federação Paranaense de MMA, havia reivindicado a regulamentação da profissão de professor de artes marciais. “Nós agregamos valor à sociedade. Acredito que temos um papel importante na vida de muitos jovens, crianças e adolescentes que, de outra forma, seriam atraídos pelo tráfico e o crime”, disse Noguchi. “O mínimo que podemos esperar é que nossa profissão esteja lá no rol do Imposto de Renda, legalmente reconhecida”, ele acrescentou.