Brasil só se diverte no fim e nos pênaltis
(AF) – O técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira, havia dito para os jogadores se divertirem na final da Copa América com a Argentina. O pedido foi atendido só nos minutos finais de cada tempo e na disputa de pênaltis.
Desde o início do jogo, o Brasil esteve acanhando em seu campo, fazendo seguidamente a chamada ´´ligação direta´´ -a defesa jogava a bola ao ataque com o meio-campo pouco participando. Os atacantes Adriano e Luis Fabiano, pouco inspirados, tiveram poucas chances e não decidiram. Alex, o grande responsável pela criação do time de Parreira, teve uma atuação apenas discreta. A Argentina, por sua vez, tomou a iniciativa, como era esperado. Nem em contra-ataques o Brasil conseguia ameaçar o adversário, que atua em um esquema com três jogadores atrás.
Marcelo Bielsa, técnico argentino, chegou a anunciar que colocaria seis jogadores adiantados. Acabou ficando ´´só´´ nos três atacantes (Rosales, que pegou a vaga de Delgado, Tevez e Kily González) e no meia-atacante Luis González, que barrou D´Alessandro. Desconfortável, a defesa brasileira se enrolou em alguns lances. Após Maicon perder uma bola, Luisão acabou se precipitando e fez pênalti em Luis González.
O Brasil mal conseguia passar do meio-campo. Luis Fabiano trombou algumas vezes com jogadores argentinos e, como de costume, perdeu a paciência com a arbitragem. Prova maior de que o Brasil não se divertia, Zagallo, coordenador técnico, levantou do banco de reservas e gritou com os atletas na beirada do campo.
Edu, um dos volantes da equipe, levou cartão amarelo ainda na primeira etapa. O único momento de fato ´´divertido´´ para o Brasil no primeiro tempo foi o gol de Luisão, que saiu numa jogada de bola parada.
´´Não está fácil´´, disse um preocupado Parreira no intervalo da partida – no seu estilo, não vibrou muito nem no gol brasileiro.
No segundo tempo, o panorama do jogo não mudou. A Argentina continuou ´´alugando´´ o campo brasileiro. Para piorar, Kléberson saiu contundido, e Alex, uma das esperanças maiores da equipe, pediu substituição – Diego e Felipe entraram.
Enquanto a torcida argentina apoiava o time, os brasileiros pareciam tímidos e até assustados no estádio Nacional – esperava-se um apoio maior dos peruanos ao time pentacampeão mundial.
Luisão recebeu cartão amarelo ao fazer falta em Tevez e depois ficou meio zonzo após uma disputa de bola na área.
Caiu no gramado e precisou ser atendido, assustando os companheiros – mais tarde, teve que sair e ir a um hospital. Totalmente pressionado, o Brasil dava sinais de que esperava pela disputa de pênaltis -na semifinal, eliminou assim o Uruguai.
A Argentina, porém, conseguiu um gol aos 42min do segundo tempo após uma bobeira do sistema defensivo brasileiro – Renato, um dos jogadores mais regulares e elogiados ao longo do torneio, não conseguiu cortar a bola.
Os argentinos trataram então de segurar a bola perto da bandeirinha de escanteio, abusando de dribles. Quando tudo parecia definido, um novo ´´tumulto aéreo´´ na área argentina decretou o empate – Parreira apostou muito na Copa América nas jogadas aéreas porque o time nacional tem muitos jogadores altos e fortes.
O gol de empate saiu aos 48min quando os rivais já divertiam dentro e fora de campo. Após o 2 a 2, a diversão argentina acabou em confusão, pois Edu tratou de cobrar os rivais pelas brincadeiras. Os jogadores argentinos foram para a disputa de pênaltis nada descontraídos, pois eram favoritos e venciam até o fim. Desperdiçaram as primeiras cobranças e fizeram a alegria do goleiro Júlio César e dos batedores brasileiros.
Quem riu por último riu melhor.