19.6 C
Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Carlos Eduardo Zanette conta sua história no Beltrão FC e sua trajetória de vida

 

 

Carlão contra Londrina

 

- Publicidade -

Carlos Eduardo Zanette, o Carlão, é natural de Dois Vizinhos e mora em Francisco Beltrão desde 1989. Realizou o sonho de seu pai e foi jogador do Beltrão FC em 2005. Atualmente, participa da Copa Aesupar pelo Beltrão. Mas o ‘ganha-pão’ vem como coordenador técnico de eventos esportivos da Secretaria Municipal de Esportes. “Minha missão é deixar os campos em plenas condições de jogo, além de cuidar dos ginásios. Temos também uma equipe responsável pelas academias da terceira idade”, explica Carlão. 

Sua ligação com o Beltrão FC começou em 2003. “Eu treinava nos juniores do clube. No ano seguinte, o Altamiro Dias (Fio) me levou para o Prudentópolis. Nessa época tinha especulações de que eu jogaria no Lanús da Argentina, mas não deu certo. Fiquei um tempo no Prudentópolis e com 19, 20 anos, retornei pra cá como jogador no profissional do Beltrão.”

Relato de uma decepção
Em 2005, Carlão era considerado um ‘prata da casa’, assim como seus companheiros Eliberto e Marcelo Régis. Começou na reserva e seu desempenho fez com que assumisse a titularidade. Entretanto, nem tudo ia bem no esporte. “Teve um jogo pelo Campeonato Paranaense em 2005, contra o Atlético Paranaense, no Anilado, que eu estava entusiasmado em poder jogar, seria uma boa oportunidade de ser visto pela mídia nacional. Já tinha participado contra Coritiba, Londrina, mas esse era muito esperado.

Foi então que o sogro do Mazinho, que jogava comigo, mandou uma mensagem no celular dele dizendo que a Gazeta do Povo informava que o Coritiba estava interessado num lateral-esquerdo e num zagueiro do Beltrão. Um dia antes do jogo tivemos uma preleção com a diretoria”, conta. “Na reunião foi falado as formas para tentar ganhar do Atlético: uma no esquema 3-5-2, comigo e o Eliberto, e outra no 4-4-2, com o lateral-esquerdo e um volante dos empresários paulistas. Falei pro Eliberto que a gente não iria jogar. No dia do jogo, saiu a escalação e ficamos na reserva. Lembro que os radialistas Ademir Augusto e Claudiney Del Cielo disseram que era um absurdo derrubarem os pratas da casa, que vinham jogando bem no campeonato paranaense.

Torcedores ficaram revoltados e eu ali no banco de reservas, mas estava tranquilo. Nossos familiares levaram até faixas no estádio pra nos apoiar. De repente, no início do jogo, dois homens engravatados vieram até mim e se apresentaram, dizendo que eram do Coritiba. Eles tinham várias informações sobre meu perfil como nome, idade, peso, altura, posse de bola em campo, jogadas em linha de fundo. Pediram se eu iria jogar. Respondi que o técnico tinha colocado no jogo outros jogadores que eram de empresários. Eles disseram que ficariam ali até os 15 minutos do segundo tempo me avaliando. Se eu não entrasse em campo, eles iriam embora. Entrei em campo somente aos 35 minutos do segundo tempo. Não culpo a diretoria pelo que aconteceu”, relata Carlão. “Não fiz nenhum gol pelo Beltrão, mas dei passes para o Marcelo Régis e o Leomar Bombinha.” 
A campanha do time em 2005 foi uma das melhores da história no campeonato. Foi eliminado pelo Coritiba nas quartas de final – derrota por 2 a 1 na capital paranaense.

Concentração total
“Quando chegava as 18 horas de sexta-feira, todo mundo se concentrava no hotel para jogar o Campeonato Paranaense. Eu e o Marcelo Régis ficávamos sempre no mesmo quarto. Dez horas tinha um lanche e no máximo onze horas tinha que estar dormindo. Levantava, saía do hotel, fazia um recreativo no campo do Arrudão, almoçava e retornava pro hotel. No outro dia a mesma coisa, até a hora do jogo, geralmente às 15h30. Nunca coloquei bebida alcoólica na boca enquanto era jogador profissional, sempre me cuidei pra ter uma boa condição física”, afirma.

Cirurgia
 Carlão passou por duas cirurgias nos joelhos. Ele destaca pessoas que o apoiaram. “O Antoninho Bugansa e o prefeito Cantelmo Neto, que era secretário municipal de Saúde, me ajudaram.” E para se tornar jogador de futebol, Carlão analisa: “Penso que é preciso ter dois empresários. Um que paga os salários e outro que arruma o time para jogar”.

O duovizinhense jogou também pelo Clube Atlético Jalesense, de Jales (SP), em 2006, onde disputou a série A2 do Campeonato Paulista. Fez quatro partidas, marcou quatro gols e ainda foi o capitão da equipe. Mas o bom desempenho não foi suficiente. “Na hora de receber o salário, o responsável pelo pagamento simplesmente sumiu. O vice-presidente do time me deu uma quantia em dinheiro e nesse período meu pai faleceu. Foi então que desanimei mais ainda. Já tinha acontecido aquela situação do jogo do Atlético e decidi que voltaria pra casa e não jogaria mais futebol”, desabafa Carlão.
O atleta voltou atrás e em 2006 recebeu um convite pra jogar a segunda divisão do Paranaense pelo Dois Vizinhos. “Joguei por um tempo com o Baby, Ericsson, Tião, Brito, todos ex-Beltrão, mas novamente o atraso nos salários me fez parar.” 

Um susto
“Recordo de uma partida pelos Jogos Abertos do Paraná, quando jogava no Beltrão. Na metade do primeiro tempo, levei uma pancada na coxa e minha perna endureceu. Me levaram no Pronto Atendimento 24 Horas e o médico retirou uma seringa com sangue da minha perna. Senti muita dor e ele disse que teria que ser feita uma cirurgia. Eu não queria, mas o médico disse que, se não fosse feita a operação, eu poderia ter uma doença grave, como um câncer. Fiquei muito assustado. Fui levado para a Policlínica e o doutor Edson Maines disse que não era preciso operar, só precisava colocar gelo e ficaria bom. Graças a Deus, não foi nada grave”, relata.
Flamenguista, Carlão tem como ídolo o ex-jogador Djalminha (Flamengo, Palmeiras e La Coruña da Espanha) e disputou campeonatos varzeanos em Beltrão e Marmeleiro e regionais amadores em Santa Catarina. Foi quatro vezes campeão varzeano pelo Pinheiros, uma vez pelo União, da Cidade Norte, e três vezes pelo Vasco de Marmeleiro. 

Será que vai? 
O Francisco Beltrão FC estreia na Divisão de Acesso do Paranaense no dia 20 de julho, fora de casa, contra o Paranavaí. Carlão opina: “Acredito no clube, mas penso que o time vai funcionar se vier um grupo de empresários que pague os salários dos jogadores e as outras despesas fiquem sob responsabilidade da diretoria do time. Sozinho, o presidente Kinkas não consegue nada”. 
Em março deste ano, o JdeB entrevistou o beltronense Rodrigo Parmalat, que disse não ter tido uma chance de jogar no Beltrão FC, porém, ainda sonhava. Perguntado se voltaria a atuar no Tricolor do Sudoeste, Carlão comenta. “É difícil, até porque hoje temos o nosso emprego. Como a competição dura em média quatro meses, teria que ser feito um contrato seguro e receber a partir do primeiro dia que entrasse em campo. E se não for bem, terá que buscar emprego novamente. Se eu fosse goleiro, até daria pra arriscar”, brinca Carlão.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques