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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Contra o Vento

Esporte

Jonatas Araújo, formando em Comunicação Social/Jornalismo pela Uninter e torcedor fanático do Galo Mineiro.

Por Jônatas Araújo – Nós, torcedores do Atlético Mineiro, temos o costume de dizer que ninguém se torna atleticano, já nasce sendo um. Seja através do sentimento repassado de pai para filho, seja pela inexplicável relação de pertencimento alvinegro. Foi assim comigo, foi assim com meu pai, foi assim com meu avô.

Mineiro que sou, de Belo Horizonte, me acostumei a ver a capital mineira preta e branca em dias de jogo. Gritos eufóricos de Galo em cada torcedor que tentava aplacar sua ansiedade até o momento de ver o time entrar em campo. A primeira vez que subi as escadas do Mineirão com meu pai, vislumbrei as luzes iluminando o gramado, que tinha um tom verde impecável; a massa atleticana bradava o hino, o som ensurdecedor atravessava os limites do estádio em um incontido eco. Ali eu me tornava um atleticano batizado.

Cresci escutando as histórias dos lendários do passado, como Reinaldo, Dario, Eder Aleixo, Toninho Cerezo e João Leite. Histórias de um time que, até mesmo invicto, bateu diversas vezes na trave e não foi campeão. Em 2005, vi meu time cair para a segunda divisão, em um zero a zero contra o Vasco da Gama, e uma torcida que não saiu do estádio e não parou de apoiar, continuando a cantar mesmo diante daquela amarga derrota.

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Mas também vivi para ver o renegado e questionado Ronaldinho Gaúcho fazer história em 2013 ao jogar como nos tempos de Barcelona, trazendo o título inédito da Libertadores da América para o Galo. Em 2014, vi o Atlético eliminar Corinthians e Flamengo em viradas históricas pela Copa do Brasil, depois de sair em desvantagem por três gols; fomos, também pela primeira vez, campões em cima do nosso maior rival, o Cruzeiro.

É verdade, minha geração não está acostumada a ver o Galo levantar muitas taças, tampouco é por isso que permanecemos torcedores. Faço parte dessa geração atleticana do improvável, do “eu acredito”, das viradas inacreditáveis. Assim como disse o jornalista Mário Marra, embora seja muito bom comemorar títulos com tamanha expressão, tal qual vimos em 2021, é ainda melhor poder soltar aquele grito aberto, que vem do fundo entalado da garganta: Galo! Um grito que independe de títulos ou momentos, que pertence ao atleticano.

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Após esses 50 anos, o que coroou o atleticano, apesar dos títulos deste ano, não foi a taça do Brasileirão ou a taça da Copa do Brasil, mas sua torcida apaixonada levantando fotografias das gerações de atleticanos que já passaram e não puderam ver o Galo ser campeão; meu tio-avô é um dos que, no passado, morreram durante um jogo do Atlético Mineiro. Pais e avós sendo honrados por filhos e netos.

Por fim, nada traduz e representa mais o sentimento de ser atleticano do que a frase do jornalista e escritor Roberto Drummond: “Se houver uma camisa branca e preta pendurada num varal durante uma tempestade, o atleticano torce contra o vento”.

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