O ex-treinador e hoje gerente de futebol do União diz que, mesmo fazendo um trabalho voluntário, está sendo julgado com comentários maldosos pela falta de resultados do time.
Ivair Cenci já foi jogador e treinador de futebol muito vitorioso. Hoje, por conta de suas atribuições como pastor da Igreja Ministério Luz do Mundo e as atividades do Instituto Jeferson Bizzotto, no CT Luz da Terra, ele acabou se afastando do futebol profissional. Em 2018, quando ainda treinava o União de Francisco Beltrão, teve alguns problemas de saúde, fez cirurgia nos olhos e teve até problemas no coração. Por tudo isso, Ivair passou a colaborar apenas nos bastidores, por meio de um trabalho voluntário.
Mas, devido aos maus resultados do União, que está na zona do rebaixamento da Primeira Divisão do Paranaense, Ivair Cenci diz que está sendo julgado com comentários maldosos na cidade. “Me dá a impressão que esquartejei uma família, matei mais umas três, assaltei o Banco do Brasil e o Bradesco. Eu não sei o porquê disso, mas eu entendo. Há muitas pessoas que têm um coração muito maldoso. E por isso muitas pessoas não conseguem ter paz. Porque o objetivo de alguns é ver outras pessoas tendo problemas, e eu não entendo dessa forma”, disse Ivair, ontem pela manhã, em entrevista ao programa Placar 98, da Rádio Onda Sul.
“No ano passado, eu que indiquei o Rafael Andrade, na Segunda Divisão. E uma das contratações dele era o Marcelo Régis. Eu disse que podia contratar porque era um jogador de qualidade e personalidade, já tinha trabalhado com ele nos tempos do Maringá, e que iria ajudar muito. Tanto que o Marcelo foi muito bem e acabou conquistando o direito de disputar a Primeira Divisão. Eu já estava afastado do futebol, não quero mais. A minha parte eu já fiz. Me considero um vencedor, com 19 finais, com 11 títulos. Minha história ninguém apaga, graças a Deus. Eu não ganho nem um centavo do clube. Me convidaram duas, três ou quatro vezes para contribuir. Acabei indo nas reuniões”, complementou Ivair Cenci.
O gestor de futebol voluntário do União disse que mudou o planejamento na pré-temporada: “O primeiro planejamento era trazer o Paulinho Mclaren, que traria oito atletas do interior de São Paulo. Iríamos mudar um pouco, principalmente pra dar uma guinada no futebol de Francisco Beltrão. Mas quando ficou definido que o tempo de pré-temporada era 35 dias, o Paulinho acabou repensando e não veio mais. Seria uma base do interior de São Paulo e uma base da Segunda Divisão, que eu entendo que daria muito certo. Como ele não veio, passamos pra uma segunda etapa. Tem uma diretoria, eu não sou o dono do União. E a diretoria acabou definindo a vinda do Raphael Bahia. Eu me ausentei na escolha do novo treinador, sabendo exatamente que tudo iria ficar nas minhas costas. Falei com o Agenor, que na época estava treinando o Arapongas. Mas a diretoria preferiu trazer o Raphael Bahia, que começou a temporada no Azuriz. Eu concordei justamente porque é uma diretoria, não é um que decide. O risco era de que ele é muito jovem ainda. Não é mau treinador, mas ainda lhe falta um pouco de experiência. Eu não teria colocado o time marcar o Athletico e o Coritiba lá em cima, sob pressão, mas existe uma hierarquia, ele tinha autonomia para jogar como entendesse que fosse necessário”.

Folha bem inferior
Segundo Ivair Cenci, o time deste ano está gastando até menos que o da Segunda Divisão: “Nós estamos gastando 30% a menos do que foi gasto na Segunda Divisão. Não tem dinheiro! Quando foi me passado que tinha 95 mil pra montar a folha e a comissão técnica, eu disse que era pouco e que o risco de rebaixamento era muito grande. Mas mesmo assim vamos tentar”.
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Por que não deu certo?
Ivair Cenci diz que a equipe se abateu muito depois da goleada sofrida contra o Coritiba: “Eles não conseguiram render porque, depois da goleada sofrida contra o Coritiba, começou a vir pressão da torcida, da imprensa e da diretoria, o que é uma coisa normal. E ali o time perdeu a sua personalidade. Alguns jogadores começaram a se esconder do jogo. A grande maioria dos atletas, quando vem a pressão, pede rescisão de contrato, dizem que não gostaram do treinador, que não estão conseguindo render, que não são titulares, enfim, esse tipo de argumento. E como as inscrições já encerraram para novos atletas e nós temos um grupo reduzido, muitas vezes você fica refém de um grupo de atletas. Eles sabem que, se você mandar cinco ou seis embora, acaba não tendo time pra disputar. A diretoria depende que o jogador resolva dentro de campo, não depende de nós. O União paga os seus salários em dia. Um time de 70 mil reais, se você dividir em 22 atletas, dá uma média de 3 mil reais por atleta. São os jogadores que temos aí”.
O União tem um jogo importante hoje, às 17h, contra o Paraná Clube, em Curitiba. Com 5 pontos na competição e em último lugar na tabela, o time beltronense precisa vencer se quiser continuar sonhando em permanecer na Primeira Divisão.