Personagem de destaque da Copa Ação TV/Farmácias Brava, ele chegou ao Sudoeste em 2018. Encantado com a “tranquilidade com que se vive” na cidade, não pretende retornar para a terra natal: “só como turista”

“Eu queria mudar a minha vida”. Em 2018, José Luís Bammatter deixou a Argentina e escolheu Francisco Beltrão para iniciar um novo ciclo. Ele aproveitou a vinda do enteado, estudante de Engenharia Química da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), para mudar-se para o sudoeste paranaense.
Após três anos de Brasil, ganhou maior notoriedade através da Copa Ação TV/Farmácias Brava. Bammatter, de 54 anos, é árbitro. Em entrevista ao Jornal de Beltrão, ele revela as motivações para trocar de país, faz comparações entre os dois povos e revela o que lhe surpreende no cotidiano beltronense.
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JdB: O que fazia na Argentina e porque mudou-se para Francisco Beltrão?
José: Sou de Santo Tomé, da província de Santa Fé. Era empregado num laboratório medicinal e árbitro profissional. Apitava as ligas Ascenso do Interior e Escobarense, da Associação de Futebol Argentino (AFA). Mudei porque meu enteado, Nicolas, veio estudar na UTFPR. Há 20 anos, minha sogra reside em Santo Antônio do Sudoeste e meu cunhado em Realeza. Eu queria mudar a minha vida e então eles nos ajudaram na decisão. Vim com minha esposa, e também com minha outra enteada, Melany.
JdB: Foi fácil a adaptação de mudança de país?
José: Difícil, por causa da língua. Por isso, foi complicado encontrar emprego, mas com paciência e ajuda das pessoas consegui. Trabalho na Mecânica Avenida.
JdB: Como começou a apitar futebol em Francisco Beltrão?
José: Conheci o Luiz Carlos Armachuski, presidente da Liga Beltronense de Árbitros, que me deu a oportunidade de fazer o que tanto gosto. Nisso, veio a convocação para a Copa Ação TV.
JdB: No Brasil, afirmam que os árbitros argentinos apitam com critérios diferentes. Concorda com isso? Vê diferenças na conduta dos atletas dos dois países?
José: Sim, concordo. A diferença é que lá temos um conceito diferente ao aplicar as regras. Gosto de deixar o jogo rolar quando surgem as faltas forçadas. Os jogadores argentinos são mais agressivos e os daqui aqui fingem muitas faltas.
JdB: Do que mais sente falta da Argentina? Pensa em voltar para lá? O que mais estranhou no Brasil?
José: Tenho saudades da carne e do vinho argentinos. Voltar? Só como turista. Estranhei a tranquilidade com a qual se vive aqui. O modo de trabalhar na Argentina é quase o mesmo daqui, mas o custo de vida cresceu muito com a inflação e a política instável, que impedem uma melhor qualidade de vida. E falo de tranquilidade em todos os âmbitos. Não existe a maldade de intenção de furto, de consumir embriagar-se de bebidas alcoólicas. Talvez note isso por ser uma “cidade do interior” como falam aqui.
JdB: Tem clube do coração? Pretende arbitrar até quando? Possui algum objetivo na carreira?
José: Na Argentina torço para o Colón. Aqui, sou Athletico Paranaense. Vou apitar até quando meu físico me possibilitar. Gostaria de atuar no Campeonato Paranaense de Futebol.
