Esporte

Quando chegou ao Clube Esportivo União, em 2019, Marcelo Régis projetava encerrar a carreira levando a equipe de Francisco Beltrão de volta à elite estadual. Ele conseguiu mais do que isso: foi o artilheiro da segundona. O bom desempenho resultou no adiamento dos planos de aposentadoria.Veio 2020 e uma séria lesão o afastou dos gramados. Durante uma partida contra o Operário de Ponta Grossa, o atacante levou uma cotovelada. Mesmo com o golpe, Marcelo seguiu em campo, mas, no dia seguinte, dores e falta de ar o levaram até ao médico.
O diagnóstico constatou a fratura de duas costelas, perfuração no pulmão e vazamento de ar no tórax. A situação delicada foi potencializada por conta do jogador ter continuado na partida. Marcelo ficou oito dias internado e seis meses sem fazer atividade física. Quando estava concluindo a recuperação, contraiu a Covid-19, o que retardou o retorno aos gramados. Ele assistiu ao rebaixamento do União e agora, aos 38 anos, quer recolocar a equipe na 1ª Divisão. “O campeonato será difícil, até pela questão financeira. Os times estão com orçamentos limitados e isso vai equilibrar a disputa”, comenta. A 2ª Divisão deve começar no fim de agosto e o União brigará com nove equipes por uma das duas vagas para a elite de 2022.
Preparação antecipada
Por conta dos problemas de saúde enfrentados no ano passado, Marcelo Régis já se preparando para a 2ª Divisão, antes mesmo da pré-temporada do União. “Óbvio que, após a Covid-19 e um trauma no pulmão, fico receoso. Não sei como vai ser a minha performance em campo, por isso já estou me adaptando. Desde quando tive a lesão, o presidente Ivo Sendeski, além do Claudio, do Miranda, do Tavico e do Alex Spada, estão me ajudando e incentivando a jogar”, relata.
O “Paizão”
Embora faça mistério com relação a nomes, a diretoria do União anunciou que o elenco terá cinco jovens estreando no futebol profissional. Marcelo, inclusive, acompanhou a avaliação em que estes atletas foram selecionados e quer adotá-los como “filhos”. “Quando a gente fica experiente, a gente se torna mais um paizão. Procuro ajudar os meninos. Espero que eles possam se adaptar ao profissional – pois é difícil – e consigam nos ajudar neste campeonato. Sei da minha importância dentro e fora de campo, pelo respeito que as pessoas têm por mim”, diz.
O Sudoeste na visão de Marcelo Régis
Em 2002, a região era representada no futebol profissional pelo Francisco Beltrão FC e pelo Dois Vizinhos EC (na terceirona). Atualmente, as “peças” são outras em relação ao ano em que Marcelo Régis começou a rodar o País. O Sudoeste tem o Azuriz Pato na elite e União e Verê FC na segundona. No entendimento do atleta, o Azuriz deve alcançar níveis mais altos do que a Série D. “É um ponto fora da curva, até pelo investimento feito. É um clube com uma estrutura fantástica e tem colocado muitos jogadores no cenário nacional. Creio que daqui há uns três, quatro anos, estará num patamar acima da Série D”. Ele acredita que o União pode seguir os passos do rival. “Em Beltrão, temos planos de fazer uma boa segundona, permanecer na primeira e buscar uma vaga no cenário nacional, pegar uma Copa do Brasil, um Brasileirão. Mas é um processo difícil e o primeiro passo precisa ser dado em 2021. Nosso objetivo é subir e fazer um planejamento mais assertivo para que o clube permaneça. Sei que pela seriedade da diretoria, a gente precisa ter um time competitivo na 1ª divisão.”
Carreira de treinador?
Por enquanto, a aposentadoria ainda não tem data no calendário de Marcelo Régis. “Vou tentar jogar neste ano, vamos ver como vou terminar a temporada, mas há uma probabilidade de que eu pare no fim de 2021. Não posso cravar”, afirma. Sobre o futuro, Marcelo adianta: o trabalho à beira dos gramados não lhe atrai. “Já planejei tanto a minha aposentadoria que já nem sei o que de fato vou fazer. O tempo é de Deus e não é meu. Não penso em dar um seguimento no futebol. Já tive convites para ser gerente de futebol, treinador, auxiliar. Posso ajudar o União como gestor, mas, por enquanto, não quero me envolver nada dentro de campo, como preparador, treinador. Isso não me chama a atenção.” Uma das possibilidades é permanecer em Francisco Beltrão e instalar uma loja do ramo de confecções. “Eu tenho a MR’S Store como loja on-line há três anos. Gosto de trabalhar com roupas, tênis e talvez eu foque nisso quando parar. Viajei o Brasil e o mundo por 20 anos jogando futebol. Agora pretendo ficar em Beltrão, com a minha família e os amigos.”