Bicampeão dos Jogos Abertos do Paraná com o Cresol/Marreco Futsal, Nelsinho Bavier aceita o desafio e dá respostas curtas sobre temas variados: diz que seu sonho é treinar a Seleção Brasileira, que seu ídolo na profissão é PC de Oliveira e que ficou frustrado quando foi escolhido o melhor jogador de futsal do mundo em 1995 e não foi convocado para o Campeonato Mundial do ano seguinte.

Na semana passada, a Folha de S. Paulo fez uma “brincadeira” com o técnico Tite, do Corinthians, em um tradicional pingue-pongue (perguntas e respostas curtas), o que resultou em revelações surpreendentes. Tite tinha 15 segundos para responder cada pergunta. Agora, o JdeB adapta o mesmo sistema com Nelsinho Bavier, técnico do Cresol/Marreco Futsal, bicampeão dos Jogos Abertos. E as respostas dele também foram surpreendentes, falou de fatos que marcaram a sua carreira no futsal, como jogador ou treinador.
Campeão da primeira edição da Liga Nacional de Futsal (LNF), que aconteceu em 1996, jogando pelo Inter Futsal, Nelsinho Bavier, que foi um dos melhores jogadores da Seleção Brasileira na década de 1990, agora tem o desafio de conduzir o Cresol/Marreco em sua primeira participação na Liga. Mesmo com pouco investimento, se comparado aos grandes da competição, como Carlos Barbosa, Orlândia, Sorocaba e Corinthians, a equipe beltronense quer fazer bonito na disputa. E, antes da LNF, o clube vai sediar a Superliga, em fevereiro, competição com grande visibilidade e que vai ser um teste para o restante da temporada.
Nelsinho está montando a equipe, já renovou com oito jogadores de 2015: Suelton, Magui, Neto Caraúbas, Canhoto, Rafinha, Rangel, Nando e Pábrio. Agora, ele inicia as conversas para contratar mais 8 a 10 atletas, um grupo suficiente para conciliar Liga Nacional, Superliga, Paranaense, Jogos Abertos do Paraná e Jogos Abertos Brasileiros.
Confira a entrevista com Nelsinho Bavier. Você não sabem como foi difícil fazer o comandante falar pouco, pois ele gosta muito de conversar. Mas aceitou o desafio e se saiu muito bem:
Paranaense 2015
“Campeonato equilibradíssimo, demonstração de paridade das equipes, indiferente de estrutura e investimento.”
Jogos Abertos 2015
“Excelente organização. A segunda competição mais importante do Estado. Torneio difícil porque tem a circunstância do desgaste. Mas ter jogado diante da torcida foi fundamental para a nossa conquista.”
Superliga
“Competição importante, que traz excelentes equipes. Temos que estar focados para ganhar.”
LNF 2016
“Uma grande batalha para conquistar o direito de disputar. A gente sabe que não se conquista na quadra, mas nos bastidores. Todas as pessoas estão imbuídas nisso, desde o presidente (Ivo Dolinski) até o patrocinador (Cresol). É uma competição em que a gente vai poder aprender ao longo da temporada de 2016 a jogar contra grandes equipes.”
Temporada 2015
“Iniciou promissora, com planejamento audacioso. Infelizmente, a equipe não conseguiu combinar desempenho com resultado. Mas estamos terminando da melhor forma possível (com o título dos JAPs), acho que o grupo era merecedor por tudo aquilo que fez e passou.”
2014
“Cheguei aqui no meio do ano para buscar remontar algo muito mais fora de quadra do que dentro. Eu tinha uma expectativa grande pelo grupo que eu vi. Infelizmente, houve aquele tropeço em Cascavel, que é difícil de lembrar. Mas tenho consciência que saímos por variáveis que a gente não controla, que é a arbitragem.”
2011
Foi uma sequência de 2010, com a mesma base, a mesma diretoria (na época com Jair Ribeiro e Cleder de Moura). Foi uma temporada em que a gente conseguiu conquistar a condição de título. O Marreco assumiu de vez a condição de equipe grande.”
2010
“Cheguei com a ambição de fazer o melhor possível, a diretoria queria permanecer ganhando pelos dois anos anteriores na Série Prata. Mas sabia que precisaria ajudar a estruturar, acho que consegui, de certa forma, fazer isso. Fomos criando corpo perante os grandes. Foi um marco, porque conseguimos resultados expressivos mesmo no primeiro ano da Ouro.”
Marreco e Nelsinho
“Representa muita coisa, há uma identificação muito grande. Já tive oportunidade de passar como treinador por outras equipes, mas a gente sabe que quando se tem o reconhecimento, independente do resultado, ajuda muito. Pela seriedade que conduzo o meu trabalho, a cidade de Francisco Beltrão também representa muito na minha vida.”
Grande frustração
“De não ter disputado o Mundial em 1996. Eu tinha sido eleito o melhor jogador do mundo no ano anterior e por um problema político, de ter deixado de jogar em uma determinada equipe, que era de um determinado supervisor, eu acabei não sendo convocado e essa foi a minha maior frustração.”
Grande alegria
“Poder terminar cada temporada com a sensação de que eu fiz o meu melhor. Mas, resumindo dentro de uma conquista, acho que foi a deste ano com o Marreco.”
Um ano especial
“1995. Nascimento do meu primeiro filho, Seleção Brasileira e ter sido escolhido o melhor jogador naquele Mundialito, mesmo tendo companheiros como Fininho, Manoel Tobias, Serginho, Choco. Mas não posso deixar de citar 2011, que foi o nascimento da minha filha, ela nasceu um dia depois da conquista da Taça Jorge Kudri em Guarapuava.”
Um jogador
“Meu maior ídolo é o Zico. Mas, na atualidade, o principal jogador que eu vejo é o Cristiano Ronaldo, pela aplicação. O Messi é mais gênio com certeza. Mas o Cristiano é um exemplo de profissional.”
Ídolo
“Nosso esporte tem um e a gente não pode deixar de mencionar. O Falcão é um ídolo, ele leva a nossa bandeira. Até me preocupa muito, porque se um dia ele desistir disso, nós corremos um sério risco de nos tornar obsoletos diante das modalidades que tanto crescem por aí. Como treinador, meu maior ídolo é o PC de Oliveira.”
Uma referência
“O PC, pelo fato de que fui treinado por ele em quatro temporadas. Tenho uma imensa admiração pelo Morruga também, mas o PC revolucionou o esporte taticamente. Muito do meu conceito tático, eu trago do que ele me passou.”
Uma mágoa
“Perceber que existem profissionais na nossa área que, pra tentar buscar espaço, precisam puxar o tapete de quem já está. Não vou ser específico nisso, mas para mim é muito triste.”
Preleção
Da final de 2011 lá em Guarapuava. Com a ajuda de vocês (jornalistas), a gente trouxe aquelas mensagens das famílias em áudio. Foi muito impactante. A gente estava muito fragilizado por causa das suspensões e lesões. Aquela preleção foi algo impressionante em todos os aspectos.”
CBFS
“Agora a gente pode começar a pensar nela com olhos de quem acredita na melhora. Ainda precisa de muita coisa, mas hoje eu vejo a possibilidade de um crescimento no esporte a partir dessa organização da CBFS. Claro que não se limpa 30 anos de má gestão em um ano. Mas, pelo produto que é o futsal, eu confio plenamente em uma melhora.”
Seleção Brasileira
“Está atrás de algumas seleções do mundo pelo simples fato de que ainda prioriza as qualidades individuais. Precisamos ter uma sequência de trabalho, estabilizar, conseguir mais títulos, mas também pautada pelo coletivo.”
Um sonho
“Treinar a Seleção Brasileira. Eu trabalho para isso, não é uma utopia. Eu planejo isso desde que eu comecei a minha carreira. Acho que ainda está distante, mas isso é a minha principal meta.”
Inter Futsal
“Representa muito, porque ali foi um marco para o futsal, primeiro ano que ganhamos a Liga Nacional. Com todo respeito aos outros clubes, eu joguei no Grêmio e no Vasco também, mas eu falo que pela oportunidade e conquista que tive no Inter, realmente é algo que está marcado. Foram momentos de glória e prazer.”
Livro
“De Volta ao Mosteiro, o segundo livro da ideia do Monge e o Executivo.”
Filme
“O Jogo da Vida, que relata uma história do futebol americano, vivida por um treinador com uma concepção de grupo muito grande.”
Frase
“O certo vai ser o certo sempre, mesmo que todo mundo esteja fazendo errado.”
Conheça um pouco mais de Nelsinho Bavier
Em 1995, no Mundialito da Bélgica, a Seleção Brasileira tinha jogadores como Manoel Tobias, Fininho, Choco e outros tantos que fizeram história no futsal do país. Mas foi Nelson Bavier o escolhido como melhor jogador do mundo. No ano seguinte, jogando pelo Internacional, ele foi campeão da Liga Nacional de Futsal em sua primeira edição.
Mas em 2000, com apenas 29 anos e no auge da carreira, Nelsinho decidiu parar de jogar para iniciar a vida de professor universitário, na Ulbra, em Canoas (RS). Especializou-se, terminou seu mestrado, mas não aguentou muito tempo longe das quadras. Em 2001, foi convidado pelo seu ex-treinador PC de Olveira para ser auxiliar na equipe da Ulbra. Até então tudo bem, ele conseguia conciliar as funções de professor e de auxiliar-técnico. Mas, em 2002, Nelsinho assumiu uma equipe pela primeira vez como treinador: o BGF (Bento Gonçalves Futsal). No ano seguinte, com 32 anos, ele voltou a jogar futsal. Foi convidado pelo técnico Morruga, hoje no Concórdia (SC), para atuar no Inter novamente. Em 2004, Nelsinho jogou no Grêmio.
E em 2005 parou novamente como jogador e iniciou de vez a carreira de treinador. Assumiu o comando da AFF, de Farroupilha (RS). Em 2006, Nelsinho foi para Santiago (RS), onde foi dispensado. “A primeira dispensa a gente nunca esquece”, lembra-se. No futsal paranaense, sua primeira oportunidade foi em Ponta Grossa, que na época tinha o time do Santa Paula – hoje é o Keima Futsal.
Depois, em 2008, Nelsinho Bavier foi para o Três Coroas (RS). No ano seguinte, treinou pela primeira vez uma equipe na LNF. Foi a Unisul, de Tubarão (SC). E, em 2010, o comandante foi contratado pelo Cresol/Marreco Futsal. Na época, quem o contratou foi o presidente Márcio Krasuski. A partir daí, o torcedor beltronense conhece bem a história de Nelsinho, que por muito pouco não chegou a uma semifinal no primeiro ano de Série Ouro. Em 2011, a equipe beltronense manteve a base e conquistou a Taça Jorge Kudri (primeira fase do Paranaense) e os Jogos Abertos em Toledo.
Nelsinho saiu do Marreco e foi treinar o Afusca, de Cachoeirinha (RS), em 2012 e 2013. Conseguiu chegar à semifinal do Campeonato Gaúcho, o que ele mesmo considera um título. No ano passado, Nelsinho voltou ao Marreco no meio da temporada e levou o time beltronense para sua primeira semifinal de Série Ouro. Agora, em 2015, veio o bicampeonato dos Jogos Abertos. Em 2016, a primeira LNF.