Esporte

Com certeza, 2020 vai ser lembrado como um ano difícil, de novos hábitos e rotinas. Um ano triste, de muitas perdas.
Claro que a maioria das pessoas, durante todos estes meses pandêmicos, teve momentos felizes, entretanto, eles foram ficando mais raros. Me peguei pensando, recentemente, na retrospectiva de 2020 e poucos fatos positivos vêm para a memória. Uma pena. Um deles, felizmente, aconteceu no apagar das luzes. No dia 21 de dezembro, o Cresol/Mocelin/Dois Vizinhos conquistou, no Ceará, o título da Copa do Brasil de Futsal.
Isso fez do Galo o primeiro time paranaense a conseguir tal feito. Acompanhei o jogo pela TV, na minha casa, e vamos para as minhas impressões. O dia já havia sido diferente, percebi muita gente com a camisa do Galo nas ruas.
No fim da tarde, próximo ao horário do jogo, nas redes sociais, vi a proporção que a final havia tomado: parecia que toda a cidade estava ligada no SporTV 2. Durante a partida, ouvia gritos e comemorações em cada lance. Nos gols, barulho de foguetes vinham de todos os cantos da cidade.
O jogo foi tenso, pegado, mas, no fim, deu tudo certo e com o empate em 2×2 o futsal de Dois Vizinhos podia soltar o grito e comemorar seu primeiro título.
Ok, teve uma fase regional de Jogos Abertos, mas vamos combinar que o Galo estava sendo marcado por nadar, nadar, nadar e morrer na praia.
Foi assim na primeira Série Bronze, em 2012, quando a equipe teve a maior invencibilidade do Estado e não chegou à decisão; na Prata de 2014, que subiu com o terceiro lugar; na Bronze de 2017, que caiu nos pênaltis na semifinal, e nos vices da Prata de 2018, da Ouro de 2019 e da Copa Chopinzinho em 2020.
Estava engasgado. Toda a história foi prólogo para o momento que o duovizinhense viveu no dia 21 de dezembro: chegou, enfim, a hora de soltar o grito de campeão.
Foi o dia em que, por algumas horas, conseguimos esquecer todas as dificuldades do ano e pudemos sorrir, tranquilos, realizados. Esse título passa por muitas mãos. Eu lembro que, no começo de 2017, participei de uma reunião tensa do Galo Futsal.
O time havia sido rebaixado da Ouro em 2016, estava endividado e alguns diretores defendiam, inclusive, fechar as portas. Optaram, acertadamente, em focar na base, num time barato e voltar na Bronze. E assim, degrau por degrau, vieram os acessos.
A chegada do treinador Fabinho Gomes, em 2018, para a Série Prata, mudou a expectativa do torcedor. Ele era conhecido, havia passado por grandes clubes no Paraná e deixou o duovizinhense esperançoso. Para Fabinho, a vinda para Dois Vizinhos era uma reconstrução de carreira. Ele havia até pensado em largar o futsal.
De boa: juntou a fome com a vontade de comer e, naquela máxima de água mole em pedra dura, o Galo precisou de três temporadas para poder celebrar seu ápice.
Não vivi as épocas do Sete de Setembro ou do Dois Vizinhos Esporte Clube, mas imagino que a terça-feira, 22 de dezembro, o dia seguinte ao título, veio com um sentimento semelhante ao que os torcedores viveram naquelas épocas: felicidade.
Que bom que conseguimos ter isso num 2020 tão tenso. Que em 2021 o Galo traga mais motivos para fazer o município sorrir. Parabéns aos envolvidos.