Times da Europa conquistam torcedores no Brasil.

jogos do Chelsea comigo.”
A revista Placar da Editora Abril publicou em novembro de 2014 reportagem com o título “Paixão estrangeira: jovens têm escolhido cada vez mais clubes de fora.” Conforme a matéria, uma nova Disneylândia cresce entre as crianças brasileiras. Nela, a língua é globalizada, os personagens respondem por Lionel e Cristiano Ronaldo e o castelo da Cinderela é um troféu de pouco mais de 70 centímetros de altura. Com nome e sobrenome, a Champions League (Liga dos Campeões) da Europa atrai cada vez mais os pequenos torcedores entre 6 e 11 anos de idade – período em que a paixão por um time começa a aflorar, segundo psicólogos. Outro atrativo é o tempo de bola em jogo. Enquanto no Campeonato Brasileiro são praticadas, em média, 34 faltas em 52 minutos de bola rolando, segundo o site Footstats, no Campeonato Inglês (temporada 2013-2014) foram em média 21 faltas em 57 minutos.
E Francisco Beltrão tem torcedores ou simpatizantes de clubes europeus? Claro que tem! A reportagem do JdeB ouviu gremistas, palmeirenses, são-paulinos, flamenguistas que, apesar de torcerem por seus times de coração, a essência e organização os faz acompanharem o futebol do Velho Continente.
Adriano Polla é gremista e técnico em informática. Mas quando o Real Madrid joga, ele e seus irmãos não perdem um só lance. “Gosto de assistir porque o futebol europeu é diferente, mais organizado, profissional. O futebol de lá se diferencia pela técnica em que os treinadores aplicam aos jogadores. Até hoje tenho uma camisa do Kaká, e admiro o Cristiano Ronaldo e o Lampard, jogam muito.”
Quando tinha uns 12 anos de idade, Adriano diz que o interesse pelo futebol europeu começou a gerar interesse graças aos jogos do Playstation. “Jogando com meus amigos, meus irmãos, me despertou gostar do Real.”
Mordedor simpático, pelo menos para Rafael
O uruguaio Luis Suárez – aquele que mordeu o zagueiro italiano Chiellini na fatídica Copa do Mundo no Brasil – vem batendo um bolão no Barcelona. Até o ano passado ele jogava no Liverpool da Inglaterra. Suas habilidades influenciaram o são-paulino Rafael Faust a simpatizar com o clube inglês, campeão da Champions pela última vez na temporada 2004/2005. “No Mundial de Clubes de 2005 eu não queria que o São Paulo pegasse o Milan da Itália na final. Antes, na final da Champions, o Milan abriu 3×0 e o Liverpool buscou o resultado no segundo tempo, conquistando o título nos pênaltis. Foi então que comecei a gostar do time. Mais recentemente as atuações de Suárez me fizeram assistir aos jogos dos Reds.” Mas não teve jeito.
Em 2005, São Paulo e Liverpool decidiram o Mundial e o Tricolor paulista levou o tri. Rafael também coleciona camisas de futebol, entre elas do Brasil de Pelotas (RS), Bahia, Marcílio Dias (SC), Remo (PA) e do Francisco Beltrão FC, rebaixado recentemente para a Terceira Divisão estadual.
Silvio Roberto de Souza é árbitro e professor de Educação Física em Beltrão. Torcedor do Flamengo, ele simpatiza com a cor azul e branca do inglês Chelsea. “Comecei a torcer por simpatia ao time e por influência do meu amigo Fernando Gubert. Ele é de Coronel Vivida, mora em Londres e é sócio-torcedor do clube.” Silvio revela que assiste a todos os jogos do Chelsea, ao vivo ou em reprises, mas numa “distante” final de campeonato entre Flamengo e Chelsea, o time do coração ainda fala mais forte.
O Milan da Itália faz tempo que não assombra o mundo como assombrou nos anos 90, quando tinha em seu elenco craques como Boban, Costacurta, Massaro, Rijkaard, Van Basten, entre outros. No início deste ano, inclusive havia rumores de que o clube enfrentava uma grave crise financeira e estava perto de ser vendido ao bilionário tailandês Bee Taechaubol. O investimento seria de aproximadamente R$ 2,5 bilhões. O gremista Márcio da Costa já admirou o futebol milanês. Porém, hoje o “rossonero” não desperta tantas emoções. “Eu gostava de assistir aos jogos do Milan, mas a coisa tá feia. Lembro que há uns anos o campeonato italiano era o melhor do mundo e por isso comecei a admirar o clube. Depois, com a crise na Europa em 2008, o nível foi caindo e começou a faltar grana para manter o time no topo. É uma pena que atualmente times da Itália não conseguem bater de frente com Real, Barcelona, PSG, Bayern de Munique, devido às boas condições financeiras desses clubes.”
Viagem marcante
Em 2011, quando os pais do beltronense Dionatan Zanon moravam na Espanha, o palmeirense teve uma oportunidade que milhares de brasileiros nunca vão ter na vida: conhecer a Europa. Estando lá, Dionatan foi para Málaga, cidade-sede do Málaga Club de Fútbol. “Meu pai trabalhava num restaurante onde frequentavam jogadores do Málaga. Tive sorte porque o ex-volante do Palmeiras Sandro Silva jogava no time. O que marcou foi a organização, a receptividade dentro do estádio quando assisti a um jogo entre Málaga e Osassuna, com vitória do visitante por 1×0. Um time pequeno mas com cara de grande”, conta Dionatan.