
Desde quando iniciei meus trabalhos como jornalista tenho buscado a imparcialidade nas minhas ações. A principal delas é em relação ao meu time do coração, justamente por trabalhar com o futebol. Neste texto, no entanto, peço desculpa aos leitores, pois vou ser parcial e tentar mostrar toda a emoção sentida no último final de semana.
Desde que me tornei torcedor do Internacional, meu pai havia prometido uma viagem para conhecer o Beira-Rio e acompanhar uma partida do colorado. Fui, por conta ou em virtude do meu trabalho, algumas vezes ao estádio, mas nunca tinha tido o prazer de viajar com o meu velho. Até que resolvemos acompanhar a inauguração do remodelado Gigante da Beira-Rio.
A decisão foi uma das mais acertadas na nossa vida. Valeu cada centavo investido, o cansaço da viagem e a expectativa criada durante toda a reforma. Eu havia estado lá, pela última vez, em 2012, quando o estádio respirava por aparelhos e estava parcialmente destruído. Já o pai fazia muito mais tempo. Talvez a última visita dele a casa colorada tenha sido na década de 90.
A Festa Gigante, que aconteceu no último sábado, 5, com a apresentação do espetáculo ?Os Protagonistas? e com o jogo amistoso, no domingo, 6, entre Inter e Peñarol, vai estar na minha memória para sempre. Chegamos em Porto Alegre no sábado pela manhã, com uma excursão de colorados de Toledo (PR) que contava com integrantes de todos os cantos do Paraná. De Beltrão, éramos seis: eu, meu pai (Luiz Carlos Bággio), Laures Cieslik, Charles Civa, Hernan Vielmo, Milton e Alan Perondi.
Retiramos os ingressos e almoçamos no Parque Gigante, que fica ao lado do estádio, onde estavam muitos ídolos colorados como Nilson, Fabiano Cachaça, Bráulio (Garoto de Ouro), Gato Fernández, Caíco, entre outros. Mesmo estando nesse ambiente cercado por ídolos, a única vontade era entrar de uma vez por todas no novo Beira-Rio.
Depois de uma passada no hotel para um curto período de descanso, embarcamos no ônibus rumo ao Gigante. As ruas estavam tomadas por torcedores, numa movimentação que a imprensa chamava de ?mar vermelho?. O trajeto parecia interminável e, cerca de 30 minutos depois, estávamos dentro do novo Beira-Rio. O estádio é lindo (ao contrário do entorno, que ainda está com muitas obras). A entrada e o escoamento de público foram tranquilos, os banheiros funcionaram, as lanchonetes tinham filas, entretanto, como não teriam com um público de 50 mil pessoas? Os preços, sim, fugiam ao comum: cachorro-quente por R$ 12, água por R$ 5, pipoca por R$ 8 e assim por diante. Sinal de celular e 3G não existiam e muita gente precisou ir a pé já que as obras do entorno deixavam o trânsito ainda mais complicado.
Nada, no entanto, tirou o brilho do espetáculo conduzido impecavelmente pelo colorado Edson Erdmann. A história mundial era linkada com situações boas e ruins vividas pelo Internacional desde a inauguração do estádio, em 1969. A construção em cima do rio, as dificuldades encontradas e os primeiros títulos foram lembrados. Até nosso coirmão foi homenageado! Ídolos colorados apareciam a todo instante. Uma orquestra, diversas bandas e 1,5 mil dançarinos, além de projeções em todos os cantos do estádio e fogos de artifício deixavam tudo ainda mais sensacional.
O Beira-Rio voltou ainda mais imponente, bonito, sem deixar de lado a alma do estádio que viu o clube ser campeão de tudo. Foram quase três horas de êxtase total, vários momentos de emoção e o prazer de desfrutar da companhia do meu pai, que pagou a promessa de forma extremamente especial.
No domingo, 6, outro encontro estava marcado: Inter e Peñarol jogariam um amistoso na nova casa. Chegamos cedo, ficamos num ótimo lugar e conseguimos ver, de camarote, D?Alessandro marcar duas vezes e dar a vitória para o Inter. Agora era o time que fechava as comemorações com ?chave de ouro?, tanto que nem sentimos o gol dos uruguaios no segundo tempo da partida.
Depois veio a festa com direito à emoção do zagueiro Índio, em um desfecho que marcou o final de semana perfeito. Muita coisa precisa melhorar no Beira-Rio, mas, para os colorados, o sábado e o domingo foram especiais, de reencontro, de sentir novamente a emoção de estar na sua casa, de sentir, mais uma vez, o colorado jogando como campeão de tudo.