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sexta-feira, 30 de maio de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

União, campeão amador de 1970, faria troca de faixas com o Ferroviário, que não veio

Como só tinha asfalto de Curitiba a Pato Branco, o ônibus do Clube Atlético Ferroviário, oito vezes campeão paranaense, ficou atolado na estrada e teve que voltar.

 

Foto da equipe do Clube Atlético Ferroviário em Curitiba, no Estádio Durival Britto.

A Lerbe (Liga Beltronense de Futebol), que hoje é chamada de LBF, realizou o primeiro Regional de Amadores em 1969, que foi vencido pela SEM (Sociedade Esportiva Marmeleiro). 

Mas em 1970, o Clube Esportivo União (CEU) foi o campeão, deixando o Sete de Setembro, de Dois Vizinhos, em segundo lugar. O título veio com uma rodada de antecedência, com uma vitória no clássico União, contra o Real, por 1 a 0. Participaram também da competição de 1970 a SEM, de Marmeleiro, a SER Torino e o Industrial, de Francisco Beltrão, e o Jaracatiá, de Eneas Marques. 
Na época, o presidente da Lerbe era Luiz Fernandes, diretor da Tribuna do Sudoeste, jornal fundado em Francisco Beltrão em 1968 e que está em atividade até hoje, mas com o nome de Folha do Sudoeste.
E para realizar a troca de faixas, Luiz Fernandes recorreu ao deputado Ivo Tomazoni, de Pato Branco, para trazer gratuitamente o Clube Atlético Ferroviário, de Curitiba, que era na época um dos principais clubes do Paraná. Para se ter uma ideia, em 1967, o Ferroviário foi o único time do Estado a disputar o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, equivalente ao Campeonato Brasileiro de hoje (veja mais sobre o Ferroviário e os outros times do Regional ao lado da página).
A troca de faixas estava marcada para o dia 20 de setembro de 1970, mas um imprevisto aconteceu. O asfalto recém inaugurado entre Guarapuava e Pato Branco ajudou a delegação do Ferroviário, mesmo com muita chuva. Mas foi impossível o ônibus chegar até Francisco Beltrão na estrada de chão embarrada, conforme relatou a Tribuna do Sudoeste: “A delegação do Ferroviário, que era composta de 30 pessoas, entre dirigentes, atletas e jornalistas, chegou até Pato Branco e não conseguiu se deslocar até Francisco Beltrão, em virtude das más condições das estradas. O ônibus da Penha, em que viajava a delegação do Colorado da capital, ao sair do asfalto caiu contra o barranco, e de lá seu motorista não conseguiu mais tirar. Mais tarde, o ônibus foi rebocado por duas máquinas do DER de Pato Branco, onde jantou e depois voltou para a capital.”

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Jovino Mozer, um dos melhores zagueiros da história do União, fazendo embaixadinhas no Estádio Anilado. Ao fundo, pode-se ver o barranco ainda de chão batido. Jovino e Lauro formaram a dupla de zaga no ano de 1970.

 

Taça Paraná
Sendo o campeão regional da Lerbe, o União disputou a 7ª Taça Paraná em 1970, já com o técnico Chinês no comando. Ele trouxe consigo o seu filho, Chinezinho, que tinha apenas 17 anos e foi um dos grandes destaques do time. O primeiro jogo foi contra o DER, de Pato Branco, campeão regional da Lesp (Liga Esportiva de Pato Branco). Depois, o União ainda enfrentou o Entre Rios, de Guarapuava, o Vasco da Gama, de Foz do Iguaçu, e o União Ferraria, de Campo Largo. Na final, contra o Trieste, de Curitiba, o União perdeu por 1 a 0 e ficou com o vice-campeonato.

José Campos de Lima, o Chinês, foi o técnico do União no vice-campeonato da Taça Paraná de 1970.

 

A análise da Tribuna do Sudoeste foi a seguinte: “O lateral-direito Vilson, emprestado da SER Torino, foi um dos melhores homens da defesa. Lauro, o veterano zagueiro central foi outro elemento que atuou de maneira impecável. O quarto zagueiro Jovino foi outro gigante na defesa. Pijak, tido como reserva, atuou em cinco partidas na lateral-esquerda. Teve altos e baixos, mas foi muito bem contra o Trieste. No meio de campo, o União teve a presença de Chinezinho, jovem valor de apenas 17 anos. Seu futebol foi um dos mais impressionantes. Outro elemento do meio-campo foi o Juquinha. No começo da jornada unionina, parecia não estar em sua melhor forma. Mas foi crescendo jogo após jogo e mostrou em Curitiba que é um dos jogadores mais completos do União. No ataque, vamos começar por Zancanaro, cuja atuação contra o DER de Pato Branco fez com que a torcida visse nele um verdadeiro astro grandeza. O atleta é emprestado do Industrial. Valter foi o melhor homem do ataque do União, mostrou ser um jogador inteligente e impetuoso. Chiquinho foi o verdadeiro coringa, iniciou jogando pela lateral-esquerda, porém, devido a suas qualidades de finalizador, foi escalado para jogar na frente. Marrequinha foi o reserva mais utilizado na competição. Pilotti, conhecido como Zezinho, atuou em apenas três jogos e depois foi afastado por problemas de saúde. Na ponta-esquerda esteve o jovem atleta Nei, homem de porte físico privilegiado. Ademir (Frei Bruno), outro elemento emprestado da SER Torino, sinceramente não mostrou o porquê de sua convocação. Convém que façamos um comentário à parte sobre os dirigentes do União. Presidente Dalvino de Nardin foi um verdadeiro herói. Soube segurar o volante e colocou seu time na trajetória gloriosa. No setor técnico, nossos cumprimentos ao José Campos de Lima, o Chinês, que conseguiu uma bela campanha. Vitório Felipe, na qualidade de massagista, esteve sempre atento, cuidando e zelando pela qualidade do plantel. O setor médico esteve a cargo do Dr Walter Alberto Pécoits e do Dr José Moraes Zaleski.”

Atletas do União e Vasco da Gama, de Foz do Iguaçu, perfilados, antes do jogo da 7ª Taça Paraná, no Estádio Anilado, antes do confronto do mata-mata da competição amadora.

 

 

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