15.6 C
Francisco Beltrão
sexta-feira, 20 de junho de 2025

Edição 8.229

20/06/2025

Das 11 temporadas, Senna só não venceu corrida em 84 e 94

Iwao from Tokyo, Japan, CC BY 2.0 https://creativecommons.org/licenses/by/2.0, via Wikimedia Commons

Logo de cara Ayrton Senna mostrou para o mundo da velocidade que era um piloto competitivo. Das suas 11 temporadas na categoria, só não ganhou corridas em duas: em 1984, no ano de estreia, com um carro limitado; e em 1994, quando morreu na terceira corrida do ano. De 85 a 93 foram três títulos, 41vitórias e dezenas de provas memoráveis, com adversários como Alain Prost, Nigell Mansel, Nelson Piquet e Michael Schumacher. Veja a seguir um resumo as temporadas de Senna na F-1.

1984

Nelson Piquet era então bicampeão pela Brabham, mas a BMW errou a mão, e embora o motor fosse um foguete, quebrava demais. A McLaren, agora com Ron Dennis, ressurgia como a melhor equipe, com seus dois pilotos Niki Lauda e Alain Prost disputando ponto a ponto o título. A Lotus com Elio de Angelis, a Ferrari com Michelle Alboreto, a Renault com Derek Warwick e a Williams com Keke Rosberg foram inconstantes e não conseguiram repetir os bons desempenhos de anos anteriores. Ayrton Senna foi a revelação do ano com um excelente 2º lugar em Mônaco, além de outros dois pódios correndo pela Toleman, limitada pelo motor fraco e pneus inferiores. Decepcionando a Toleman, que viria a se tornar a Benetton, Senna transfere-se para a Lotus.

- Publicidade -

1º: Lauda (McLaren) 72 pontos

2º: Prost (McLaren) 71,5

3º: de Angelis (Lotus) 34

4º: Alboreto (Ferrari) 34,5

9º: Senna (Toleman) 13

1985

A temporada começa bem para Senna, que vence seu primeiro GP na segunda etapa do ano, em Portugal. Porém, uma fase de erros e abandonos fazem com que volte a pontuar só no segundo semestre, quando sai vitorioso na Bélgica. A McLaren continua sendo o carro a ser batido, mas só o de Prost. Alboreto teve sua chance, mas deixou o título escapar nas últimas 3 provas. As Williams de Rosberg e Nigel Mansell, bem como as Lotus de Senna e de Angelis mostraram uma boa evolução, sendo competitivas principalmente na segunda metade da temporada.

1º: Prost (McLaren) 73 pts

2º: Alboreto (Ferrari) 53

3º: Rosberg (Williams) 40

4º: Senna (Lotus) 38

1986

Sem dúvida uma das melhores temporadas da história da Fórmula 1. Prost, Mansell, Piquet e Senna disputam palmo a palmo cada um dos GPs, protagonizam alguns dos maiores duelos do automobilismo, como na dobradinha brasileira de Piquet e Senna na prova de abertura no Rio de Janeiro; a vitória por 14 milésimos de segundo de Senna sobre Mansell na Espanha, as ultrapassagens memoráveis entre Piquet e Senna na Hungria, a disputa entre Mansell e Piquet na Inglaterra, além dos desempenhos irrepreensíveis de Prost em Ímola e na Áustria, de Senna em Detroit, de Mansell na França, de Piquet na Alemanha e de Gerhard Berger no México — primeira vitória dele e da Benetton. A Williams tinha o melhor conjunto carro-motor-pilotos, mas a ausência de Frank Williams (acidentado) fez com que Mansell e Piquet tirassem pontos um do outro e Prost ficasse com o título pela constância. Senna correu por fora, já que tinha o motor mais beberrão dos quatro.

1º: Prost (McLaren) 72 pts

2º: Mansell (Williams) 70

3º: Piquet (Williams) 69

4º: Senna (Lotus) 55

1987

As Williams praticamente dominam a temporada, mas apesar da tendência em favorecer Mansell por parte da equipe, a regularidade de Piquet no meio do ano faz com que chegue à Austrália com o título nas mãos. O inglês conquistou 6 vitórias contra apenas 3 do brasileiro, mas Piquet teve 7 segundos lugares e Mansell não pontuou em outros 7 GPs. Senna tinha agora o motor Honda em sua Lotus, vence mais duas corridas (Mônaco e Detroit), mas a suspenção ativa ainda estava em desenvolvimento e ora era uma vantagem e ora um problema. Contudo, saiu no lucro, pois conseguiu um contrato com a McLaren, e tirou os motores Honda da Williams para 1988. Prost e a McLaren bem que tentaram mas não repetiram as vitórias e os títulos. As duas vitórias de Berger nas últimas provas do ano deram um ar de renascimento à Ferrari.

1º: Piquet (Williams) 73 pts

2º: Mansell (Williams) 61

3º: Senna (Lotus) 57

4º: Prost (McLaren) 46

1988

Na última temporada com motores turbo, Senna e Prost estavam na McLaren, Piquet na Lotus e Berger na Ferrari. Mansell fica na Williams com o motor aspirado Judd. Na pré-temporada a Lotus se espelha na Ferrari para avaliar seu desempenho, mas com o salto de qualidade da McLaren — que dominou a temporada como nenhuma outra equipe havia feito — acabou jogando fora o talento de Piquet, a potência dos motores Honda e o dinheiro da Camel com um carro medíocre. Ron Dennis disse no início do ano que venceria todas as corridas. Senna e Prost triunfaram em 15 das 16 etapas do ano. Só o GP da Itália, em Monza, com a dobradinha de Berger e Alboreto, teve um desfecho diferente graças ao enrosco de Senna com o estreante Jean-Louis Schlesser. Durante as 8 vitórias do brasileiro e 7 do francês nascia a mais famosa rivalidade da categoria. Não foram muitos os confrontos diretos pelas vitórias, mas lances com os de Portugal, na Hungria e no Japão ficaram na história, além da guerra psicológica travada nos boxes da McLaren. Ayrton tinha mais vitórias, Prost mais pontos, mas com os piores resultados eram descartados o título ficou com Senna. Quem apareceu bem durante o ano todo foi a Benetton de Thierry Boutsen, que amealhou 5 pódios e o lugar de Mansell na Williams, já que este se mudaria para a Ferrari.

1º: Senna (McLaren) 90 pts

2º: Prost (McLaren) 87

3º Berger (Ferrari) 41

4º Boutsen (Benetton) 27

1989

Nunca a Fórmula 1 teve grids de largada tão cheios. Para os GPs eram inscritos 38 ou 39 pilotos. Era feita uma pré-classificação, já que somente 30 carros poderiam disputar a classificação para os 26 lugares no grid. No final do ano 47 pilotos haviam ao menos tentado a classificação para uma prova. Das 20 equipes participantes apenas 4 não marcaram pontos. Mais uma vez a McLaren domina o pódio, mas é acompanhada de perto pelas Williams de Riccardo Patrese e Thierry Boutsen, pela Ferrari de Mansell e pela Benetton de Alessandro Nannini. Destes, só Patrese não ganhou corrida. Senna até começa bem o campeonato vencendo 3 das 4 primeiras provas, mas alterou fases boas e ruins ao longo do ano e acabou derrotado por Prost, que não pontuou em apenas 3 etapas. Apesar disso, o resultado poderia ter sido outro não fosse a controversa corrida de Suzuka, no Japão, em que eles bateram e Senna venceu, mas foi desclassificado. Ayrton reclamou muito, iniciou uma rixa com o francês presidente da FISA Jean-Marie Balestre, que ameaçou caçar a superlicença do brasileiro. Foi o fim da briga interna na McLaren, Prost trocou de lugar com Berger e indo para a Ferrari.

1º: Prost (McLaren) 76 pts

2º: Senna (McLaren) 60

3º: Patrese (Williams) 40

4º: Mansell (Ferrari) 38

1990

Tão movimentada e polêmica quanto a anterior, só que Prost estava na Ferrari e Senna na McLaren. Até o desfecho foi igual, novamente num acidente, mas desta vez o beneficiado foi outro. Durante o ano, os dois tiveram desempenhos parecidos: 6 vitórias para Ayrton e 5 para Prost nas 16 disputadas. Porém, o piloto da McLaren só pontuava com pódio e chegou a Suzuka com vantagem, obrigando o ‘‘Professor’’ da Ferrari a pensar somente na vitória. Senna fez a pole, mas largando no lado sujo da pista. Prost traciona melhor e chega na tomada da primeira curva na frente do brasileiro, que não alivia o pé do acelerador nem evita o choque. Prost até apelou, mas a vingança de 89 acabou passando impune. A temporada teve duas boas surpresas: renascimento de Piquet, com duas vitórias: no Japão — seu companheiro de equipe, o brasileiro Roberto Pupo Moreno foi o 2º — e Austrália com a Benetton; e o excelente desempenho de Jean Alesi, com a Tyrrell, em Phoenix e Monte Carlo. Mansell chegou a anunciar a aposentadoria, mas Frank Williams o convenceu do contrário.

1º: Senna (McLaren) 78 pts

2º: Prost (Ferrari) 71

3º: Piquet (Benetton) 43

4º: Berger (McLaren) 43

1991

Senna começa de forma arrebatadora a temporada, vencendo as 4 primeiras provas. Mansell se recupera de 3 abandonos com uma sequência de bons resultados no meio do ano e chega ao GP do Japão precisando vencer. Berger assume a liderança da prova e abre vantagem enquanto Senna segura Mansell até o inglês errar e abandonar. Apesar de problemas com o câmbio, o Williams FW14 demonstrou muito potencial evoluindo bastante no decorrer dos GPs. A McLaren precisou de muita tática e jogo de cintura pra não deixar escapar os títulos de pilotos e construtores. O ano marcou a última vitória de Piquet — Canadá —, sua despedida da Fórmula 1 e a estreia de Michael Schumacher.

1º: Senna (McLaren) 96 pts

2º: Mansell (Williams) 72

3º: Patrese (Williams) 53

4º: Berger (McLaren) 43

1992

Ninguém teve a menor chance de tirar o tão esperado título de Nigel Mansell. O Williams FW14B com o motor Renault e a suspensão ativa era simplesmente imbatível em condições normais. Ayrton ainda conseguiu a muito custo 3 vitórias, uma delas de forma incrível em Mônaco. Michael Schumacher conquistou seu primeiro triunfo, na Bélgica. No final do ano a Honda abandona a Fórmula 1, Mansell rompe com a Williams, Senna tenta assumir seu lugar, mas Prost volta de suas ‘‘férias’’ para o ocupar o cockpit do inglês.

1º: Mansell (Willimas) 108 pts

2º: Patrese (Williams) 56

3º: Schumacher (Benetton) 53

4º: Senna (McLaren) 50

1993

Mesmo sabendo que suas chances eram mínimas, Senna ainda começou bem o campeonato com 2 vitórias e um 2º lugar, mas a série de 6 vitórias em 7 provas de Alain Prost no meio do ano confirmou que já se esperava: o tetracampeonato do ‘‘Professor’’. Para piorar, Senna teve que negociar seu contrato com a McLaren GP a GP, lutar com a falta de dinheiro da equipe — após a saída da Honda — e ainda brigar com a Ford, que dava um motor mais potente para a Benetton de Schumacher. Nesse ano Ayrton mostrou que estava no auge da forma física e técnica, vencendo corridas no braço e na tática — Brasil, Europa, Mônaco, Japão e Austrália —, protagonizando lances inesquecíveis, como o duelo com Prost e Schumacher pela 2ª posição no GP da Inglaterra. Seguindo a ‘‘tradição’’ da Williams, Prost se aposenta.

1º: Prost (Willimas) 99 pts

2º: Senna (McLaren) 73

3º: Hill (Williams) 69

4º: Schumacher (Benetton) 52

1994

Ayrton finalmente consegue ir para a Williams, mas no momento em que a eletrônica embarcada foi proibida e novas regras alteraram as dimensões de pneus e asas. O FW16B não é nem de longe o carro dos anos anteriores, Senna conquista 3 poles, erra e abandona no Brasil, é jogado para fora no GP do Pacífico e chega a Ímola 20 pontos atrás de Schumacher. Na época não se tinha tal noção, mas com a morte de Senna, uma das mais emocionantes disputas — por vitórias e títulos — deixou de acontecer.

1º: Schumacher (Benetton) 92

2º: Hill (Williams) 91

3º: Berger (Ferrari) 41

4º: Hakkinen (McLaren) 26

Leia mais

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques