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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

De Nova Esperança para Beltrão: causos e casos de Ademilson Arandt, o Misso

De Nova Esperança para Beltrão: causos e casos de Ademilson Arandt, o Misso

 Basta rolar a bola nos gramados e quadras para que os amantes do futebol e do futsal voltem seus olhares para uma só direção, exceto quando uma bela jovem desvie a atenção por um instante. Brincadeiras à parte, o Paraná Sudoeste resgatou algumas histórias de Ademilson Arandt, o Misso, 45 anos. Natural de Nova Esperança, Misso é casado com Nádia Arandt e pai de três filhos: Gabriela, Anderson e Mariana Arandt. Proprietário de restaurante na Cidade Norte, ora atende os clientes, ora está nas quadras de futsal ao lado da diretoria do Marreco Futsal. Voltando no tempo, em 1978, quando chegou a Francisco Beltrão, Misso — que é colorado — teve seu primeiro contato com o futebol beltronense no campo do bairro Industrial. “Cheguei e já fui assistir Olaria e Pingo de Ouro. Em seguida, montei algumas torcidas como a Falange Azul e os Furacões da Baixada Industrial e comecei a frequentar o Estádio Anilado”, recorda.

Surgem, então, as primeiras peripécias ao lado dos amigos. Histórias engraçadas não faltam e Misso relembra. “Na época eu tinha uns 11 anos e num só domingo fui tirado quatro vezes do Anilado. A gente subia o muro e pulava do lado dos banheiros, perto do barranco, enquanto o falecido Biazus só cuidava a piazada. Quando ele vinha pro meu lado, eu já pulava de volta”, sorri Misso, e emenda: “Mesmo assim não perdia os jogos e assistia pelas frestas das paredes que tinha atrás do Anilado”.

Para empolgar mais os torcedores, Misso e seus amigos saíam pelas ruas convidando as pessoas a assistir os jogos no Anilado. “Nós pegávamos a caminhonete do Dummel e percorria a cidade com bandeiras, incentivando os torcedores a irem ao estádio assistir o União. A gente largava 100, 150 caixas de foguetes para empolgar o time. Cada jogo a gente tentava bater o recorde. Às vezes a gente levava no estádio 30 fardos de papel higiênico e durante a semana deixava alguns sacos nas gráficas para recolher papel picado. Cada jogo queríamos fazer a festa ainda mais bonita”, conta, emocionado.

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Misso treinou o União da Cidade Norte, campeão invicto
ano passado pela primeira divisão do Varzeano. 
O time disputou 14 jogos, com 13 vitórias e um empate. 

 

Goleiro adversário e o calibre 32

Entre 1985 e 1987, uma partida ficou marcada para Misso devido às ocorrências dentro e fora de campo, quando se enfrentaram o Iguaçu, de União da Vitória, e o Clube Esportivo União, de Beltrão. Teve até goleiro com arma de fogo no estádio. “Era o jogo de volta pelo Campeonato Paranaense da segunda divisão. No primeiro jogo, em União da Vitória, o time apanhou no gramado e nos vestiários. Na volta foi criado um clima de revanche e choveu muito naquele domingo. Mesmo assim o público lotou o estádio. A equipe visitante fez 1 a 0 e o União empatou a partida sob o olhar dos torcedores pendurados no alambrado. Aos 65 minutos do segundo tempo, o juiz apitou falta na entrada da área para o União. O Luiz Carlos Gaúcho cobrou na gaveta, terminando em 2 a 1 para o União.” Mas, antes do jogo, o goleiro Jeferson, do Iguaçu, foi barrado no túnel de acesso ao campo. Misso revela que ele estava com um revólver calibre 32 dentro do calção e não pôde jogar. “Acho que a intenção dele era enrolar numa toalha e colocar ao lado da trave, caso precisasse.”

 

Grêmio em Beltrão

Em 1977, o tricolor gaúcho veio a Beltrão disputar um amistoso contra o União. Roubaram a cena dois aviões Bandeirantes que trouxeram a equipe gremista. “Era uma novidade e a piazada correu em direção ao aeroporto. No dia do jogo não cabia mais ninguém no Anilado e o placar final foi 2 a 2 com gols de Lalo para o União e Eder para o Grêmio”, lembra-se Misso. Segundo ele, nessa época os empresários beltronenses eram donos do passe do jogador. “O Chico Pneus tinha dois ou três passes, o Osmar Brito tinha cinco ou seis, o Vetorello também tinha alguns passes, ou seja, o time tinha a posse do jogador”, conta. Em 79, o União foi campeão paranaense da segunda divisão. 

 

Terceirona e calendário

Perguntado sobre o Francisco Beltrão Futebol Clube na terceira divisão que começa em agosto, Misso define: “O time é apenas para a terceirona, não temos como disputar a primeira divisão novamente e gastar em média R$ 130 mil por mês. Comparando com o futsal, com R$ 60 mil você briga por um título e no futebol de campo gasta-se uns R$ 300 mil pra enfeitar a festa do Coritiba e do Atlético. Quanto ao calendário, eu acho que o futebol não vai mais ser o mesmo por causa da lei Pelé, que matou os times do interior. Antigamente, o Campeonato Paranaense ia até julho e depois vinha o Brasileirão. Hoje, monta-se uma estrutura pra três, quatro meses e depois os jogadores vão embora. No outro ano tem que contratar tudo de novo, se um jogador se destaca, não é do time, mas do empresário. A lei favoreceu o jogador e desfavoreceu o time. Só sobrevive quem está nas mãos de empresários”, critica. Misso ainda dispara: “A Federação Paranaense não apoia, diferente da Federação Gaúcha, que cria competições valendo vagas para outros campeonatos nacionais. A terceirona do Rio Grande tem uns 40 times e aqui, 9. É uma vergonha”.

 

Resumo no futsal

“Assisti os jogos de inauguração do Ginásio Arrudão em 1977 entre Corinthians, Portuguesa e times locais da Marel e Cibrazem (Companhia Brasileira de Armazenagem de Francisco Beltrão). Ali comecei a gostar de futsal. Tinha várias equipes fortes como a Recapadora Antoninho, a Vipag, entre outras, e não existia a Série Ouro do Paranaense, era tudo regionalizado”, analisa Misso. Em dezembro de 2005 surge o União Beltrão Futsal (UBF), time que surpreendeu a torcida. “A escolha do nome foi uma junção do União — do futebol de campo —, Beltrão — nome da cidade — e Futsal — da modalidade. Fizemos uma reunião com o Altamiro Dias (Fio), o Luiz Trombetta e o Névio Ghisi. Entramos na Série Prata sem conhecer praticamente nada de futsal. O Fio conhecia o Baiano, que na época treinava o Palotina. Contratamos alguns jogadores e no primeiro ano o time já brigava pelo título da prata de 2006. Aí cruzamos com o Ponta Grossa na semifinal. O finalista disputaria a Série Ouro em 2007 e acabamos em terceiro lugar”, lamenta Misso.

Em 2008, faltando uma semana para começar a primeira divisão do futsal, a Federação Paranaense convidou o UBF para a disputa do campeonato. “Uns queriam disputar a Prata e eu e mais uns da diretoria dissemos: pra que gastar um ano inteiro se temos essa vaga agora? Estreamos contra o Pato Branco e perdemos de 7 a 0. O time tinha os altos e baixos, ganhou alguns jogos e escapou do rebaixamento”, conta Misso.

A casa parecia estar em ordem quando aconteceu a divisão da diretoria. “Eu e o Paulinho (Benedito) da Sol a Sol decidimos sair devido ao desgaste com outros membros da diretoria. Depois saiu também o Trombetta. Fizemos uma reunião e sugeri criar um time da Cidade Norte pra disputar a Série Prata. Disseram que eu era louco, onde já se viu montar outro time, pois já tinha o UBF. Disse para o Paulinho que tinha o Tiagão, o Pretinho e outros atletas que jogavam pela portaria (a arrecadação do dia do jogo). O Arno Ribeiro foi o treinador e o presidente, o Neocir Nezze, o Cipó. Trouxemos ex-jogadores do UBF como o Kliver, Osnei, Dió e fomos campeões da Prata com o Marreco Futsal em dezembro de 2008”. (*Com colaboração de Adolfo Pegoraro)

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