
Por Ivo Pegoraro – Em 1977, meu último ano de faculdade (PUC de Curitiba), eu era estagiário de jornalismo. Como repórter de futebol, fazia a cobertura diária do Atlético. Mas fui o encarregado de acompanhar a final do Paranaense, numa decisão que se repete este ano, hoje o primeiro jogo: Maringá x Coritiba.
Viajei para Maringá no sábado à noite, de ônibus, e retornei na noite seguinte. No Willie Davids, vi o jogo ora em pé, ora sentado na grama, atrás do gol, junto com outros profissionais da imprensa. O Maringá tinha um baita time. Destacavam-se jogadores talentosos como Didi, Ferreirinha, Nivaldo e o artilheiro Itamar, que marcou o gol da vitória por 1×0 (depois o Nivaldo, formado em Engenharia, foi para o Atlético e tive oportunidade de fazer muitas entrevistas com ele, gente finíssima).
No jogo de volta, domingo seguinte, à tarde, no Couto Pereira, levei a namorada, a acadêmica de Letras Irma Slongo. Era só assistir e fazer anotações, iria redigir o texto somente na segunda-feira. O empate (1×1) garantiu o título à equipe do interior. A reportagem do Correio de Notícias, o jornal onde eu trabalhava, foi minha primeira matéria assinada, com o título “Maringá, o novo grande do Paraná”. O editor Augusto Mafuz me elogiou. Uau, será que vou ganhar a vida como jornalista?
Anos depois, meu título poderia ser contestado, porque o Maringá voltou várias vezes a ser médio e até pequeno. Assim como voltou a disputar o título. E a disputa de hoje mostra que, embora irregular, Maringá (seja qual for o nome oficial do clube que a represente, em 1977 era o Grêmio Maringá e hoje é só Maringá?) tem uma das grandes equipes de futebol do Paraná.
O futebol mudou muito nesses 45 anos? Mudou, mas nem tanto como o jornalismo. Se for comparar com aquele tempo, hoje é impensável enviar um repórter para acompanhar um jogo e noticiar somente dois dias após. As informações são publicadas quase instantaneamente, com muitas informações. O jornalismo foi agilizado. Melhorou? Digamos que sim. Mas, com certeza, perdeu encantos. Hoje, terminado o jogo, o jornal publica em seu portal o resultado e vamos que vamos. Em algumas horas o repórter já está envolvido em outra matéria. Foi reduzida, em muito, a necessidade de viajar. Até as equipes de televisão se revezam na produção das imagens. Como forma de reduzir custos, é uma necessidade. Mas aquela oportunidade de viajar? Tive tempo pra ir na torre da Catedral, conhecer o centro da Cidade Canção. No campo, reencontrei colegas de imprensa. Não tenho certeza se estavam lá o Foguetinho, o Irandi da Gazeta do Povo, o Armindo de O Estado do Paraná, a Soninha da Tribuna, o Carlos Kleina no plantão da B2; era a turma que, no dia a dia, trocávamos informações.
Bons tempos. Eu nunca imaginaria que, 45 anos após, numa nova decisão Maringá x Coritiba, eu estivesse aqui em Francisco Beltrão, ainda, graças a Deus, fazendo jornalismo.