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quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Presidente, ex-dirigentes e torcedores refletem sobre o futuro do União  

Presidente, ex-dirigentes e torcedores refletem sobre o futuro do União.

Foto: Clube Esportivo União.

Por Juliam Nazaré

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Nas palavras do presidente do União, Ivo Sendeski, o futebol em Francisco Beltrão precisa ser repensado. A fala, na realidade, foi dita ainda na semana passada, antes da confirmação do rebaixamento da equipe no Campeonato Paranaense. E diante da queda, o momento é propício para a reflexão.

Diante disso, o Jornal de Beltrão ouviu dirigentes, torcedores e ex-presidentes do Azulão. Eles avaliaram o desempenho da equipe sob um olhar extra-campo e opinaram sobre quais são os próximos passos a serem dados. Confira:

Vitalino de Souza, torcedor, acompanha o União há mais de 20 anos. É daqueles que acompanha os jogos no Estádio Anilado acompanhado de um radinho. “Os jogadores não mostraram entrosamento. Não sei se falta união, se há desentendimento, mas foi o que senti. A diretoria precisa sentar e tentar trazer o time de volta, porque a torcida é pacata, mas mesmo sem condições de permanecer veio para o estádio.”

Hermes Rathier, presidente responsável por recolocar o União no profissionalismo. “Fui dirigente e sei da dificuldade. O Ivo e a diretoria dele fizeram um bom trabalho. Vim em todos os jogos e acho a equipe boa, no geral. O União teve oportunidade de se sair bem em ocasiões em que perdeu de 1×0, tivemos bola na trave e faltou sorte, além de futebol, claro. Tivemos falhas individuais e, apesar de tudo, não vejo as coisas perdidas. Toquei o projeto por cinco anos. Reiniciei o futebol em Beltrão e eu diria que precisa continuar. Mas o sofrimento que é para enfrentar uma temporada. Todo mundo quer contribuir, mas não quer pagar a conta. Esse é o grande problema. Francisco Beltrão tem 100 mil habitantes e enfrentou clubes de cidades muito maiores, na maioria. E o Azuriz não têm nada a ver com Pato Branco, pois a cidade emprestou o campo pra eles. Eu tentei fazer a parceria com o Azuriz, mas os pedidos deles nos comprometiam e provavelmente Pato Branco fez isso. Um time administrado por terceiros é um risco muito grande. O CNPJ é nosso. Chegamos próximos de fechar com eles, mas da forma que eles queriam, seria emprestar o campo. Claro que precisa ser repensado muita coisa, mas ao menos há futebol pra nós. Há oito anos não se falava de futebol de Beltrão.”

Ivo Sendeski, atual presidente. Ivo, inclusive, sofreu um infarto em dezembro de 2021 e, contrariando familiares e amigos, prosseguiu na direção do clube. Para estar na apresentação do elenco, adiou uma cirurgia. “Caímos, mas não acabou. Caímos de pé, com o caixa devendo um pouco, mas em breve faremos uma promoção para pagar. Em março, tem o futebol de base, o sub-17. Chegar com pouco investimento torna em sofrimento, mas graças a Deus não fizemos vexame. Nenhum resultado foi desastroso. É questão de estruturar e ver qual será o futuro do União. Minha gestão vai até o fim do ano, eu me dedico, eu amo o União. É desgastante, exige da gente o tempo todo. Preciso somar empresas e parceiros. Quando o trabalho é bem distribuído, não pesa. Quando é concentrado, desgasta quem busca dar o melhor de si. Muitos ficam de longe, atirando pedras. Pra esses, convido a trabalhar. Tem espaço.” Ivo ainda cobrou da Prefeitura melhorias no gramado do Estádio Anilado.

Severino Soranso, presidente mais longevo do União. Dirigiu o clube entre 1993 e 2015, período em que esteve licenciado da Federação. “Me orgulho de ter salvado o patrimônio do União. Não fosse a decisão de interromper o profissionalismo, em 1993, o Estádio Anilado hoje seria mansão de ricos. O União devia até as calças e pagamos as dívidas. Evitei que nossa casa fosse a leilão e conseguimos municipalizar o Estádio. Fui péssimo no esporte, mas salvei o patrimônio. É um absurdo fazer futebol para 500 pessoas, que é o público médio do União. Já é difícil manter uma equipe na cidade, imagine com outra de salão (Marreco). Assisti a todos os jogos que pude neste ano. Sou realista e pra fazer futebol precisa ter dinheiro. Infelizmente, o torcedor acha que se pagar R$ 30 no ingresso é suficiente para montar um time. Se tivéssemos cinco mil em cada jogo, daria para fazer frente, mas com 500 pessoas não vamos a lugar nenhum. Os jogadores que vieram para Beltrão provavelmente passaram por outras equipes, onde não deram certo, e sobrou pra eles o União. Se sujeitaram a jogar pelo que nosso clube poderia pagar. Quem fala em categorias de base nem sabe do que se trata. Pra isso, precisa-se de alojamento, alimentação, campo para treinamento e algum salário. Custa dinheiro.”

Otávio Muniz, presidente do Azulão entre 2016 e 2020. “O futebol tem que ser tocado profissionalmente. No União, as pessoas que dirigiram e dirigem-no têm profissão e não vivem do futebol. Tentamos fazer futebol para que a cidade tivesse um reconhecimento maior. Mas futebol não é feito assim, como quando nos reuníamos em grupo de amigos e fazíamos o time conversando com empresários. O comércio e os empresários bancarem isso tudo é desgastante. Ter Marreco e União, pro porte da cidade, é desgastante. Agora vem mais uma equipe na Série Bronze. Tem que haver um investidor. Ser tocado profissionalmente. O União tem 300 sócios, mas ninguém paga uma mensalidade. O futebol tem que ser repensado. Ou investe tudo num clube só, tudo no Marreco ou no União, mas as duas coisas…Os empresários não aguentam mais bancar e ter que fazer bingo para pagar as contas. Sinto dizer, mas acho difícil o União continuar as atividades. E é um absurdo criticar a diretoria, por que o que se pode fazer sem dinheiro?”

Gerson Galvão, membro do conselho deliberativo. “O Ivo está certo quando fala em repensar o futebol. Isso está na mesa para discussão nos próximos dias. Temos um patrimônio a ser zelado: área de terras, que deverá ser negociada com a Prefeitura. Partindo daí, vamos buscar formar receitas para manter a equipe. Sem organização. Nenhuma empresa progride. O União deve continuar e buscar mais pessoas que gostam de futebol, afinal ele é a história do nosso município.”

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