JdeB – A concessão de benefícios previdenciários a trabalhadores de Francisco Beltrão atendeu 426 trabalhadores em 2024. Os números foram expostos no Café Acefb do dia 20 de maio na palestra “Riscos psicossociais e NR1 multidisciplinar: ignorar pode custar caro”.
As palestras foram ministradas por Vinícius Dorigoni, engenheiro de segurança do trabalho, da Clínica Vizimed; a psicóloga Amanda Favaretto, psicóloga organizacional e do trabalho; e pelo médico e perito do trabalho, Claudinei dos Santos.

Vinicius expôs os dados de afastamento de colaboradores das empresas de Francisco Beltrão por risco psicossocial, “um dos pontos abordados é a identificação de quando é ocupacional e quando não é. Quando foi gerado pelo trabalho e quando não foi. Os dados apresentados foram retirados da plataforma do governo federal SmartLab, utilizando a ferramenta trouxemos dados por setor econômico, por CBO [código brasileiro de ocupação] e para agregar por tipo de CID [código internacional de doenças], estes atualizados no ano de 2023, então tem muita informação que o governo já tem os dados, através dos afastamentos já pelo INSS, CAT, comunicação de acidente de trabalho, etc…
Os números de afastamento por doenças de saúde mental são preocupantes. Para comparação, em 2012 foram apenas 189 afastamentos, enquanto em 2024 foram 426. No entanto, os afastamentos autorizados oscilaram nos últimos anos. Vinicius ressalta que as empresas têm trabalhado nesses assuntos nos últimos anos. “As campanhas nacionais, como a Canpat, entre outras, estão sendo realizadas pelas empresas e pelo governo para abordar essa questão, o que tem levado à melhora no cuidado com o trabalhador, com o objetivo de tornar o ambiente de trabalho mais adequado para a jornada laboral. Sabemos que, em muitos casos, isso depende da estrutura física da empresa, da organização financeira ou de setores específicos para que seja possível implantar medidas e melhorias, tudo isso envolve planejamento empresarial. A melhoria do ambiente de trabalho não acontece da noite para o dia. O ambiente de trabalho não é apenas sobre a pessoa, mas sobre a relação dela com o ambiente e a correlação entre as pessoas; é uma conjuntura, algo multidisciplinar. Um dos pontos que destacamos hoje é que isso não depende apenas do empresário, do técnico de segurança, do engenheiro de segurança, do médico do trabalho, da psicóloga, do RH ou da contabilidade. Não! É multidisciplinar e vai envolver todas as pessoas, profissionais e empresários. Esse foi um dos pontos que trouxemos aqui”.

Nova norma
O médico Claudinei Lacerda, que é perito do trabalho, explicou que dia 25 de maio entrou em vigor uma nova norma sobre a inclusão dos riscos psicossociais no PGR. “Com isso, todas as empresas vão ter que se adequar, apresentando dentro do PGR esse risco psicossocial, na identificação do risco, como cuidado direcionado ao PCMSO, que é a NR7, como que deve se cuidar a saúde do trabalhador para evitar o adoecimento mental e o ambiente de trabalho ser saudável.”
O médico aconselha as empresas a procurar equipes técnicas e bem capacitadas. “Nós temos aqui o exemplo da Vizimed, qualificada para isso. Nós já fazemos dentro do nosso sistema ESST, a avaliação do risco psicossocial. Com a identificação é feita uma análise que já envolve um time maior, que aí já são técnicos, ergonomistas, psicólogos, engenheiros e médicos.”
A psicóloga Amanda Favaretto destacou a oportunidade de profissionais de várias áreas exporem a questão aos participantes da reunião semanal da Acefb.
“Tivemos um time multidisciplinar falando aqui. Entendemos que esse tema exige essa complexidade multidisciplinar, esses olhares. Foi um papo muito relevante, para entendermos a complexidade como aquilo que colocamos em prática, quais são as ferramentas, como que se prepara para isso e mais, o que são as doenças psicossociais”.
Uma nova exigência para as empresas
Os assuntos abordados no Café Acefb foram relacionados à NR1 que entrou em vigor dia 25 de maio. Vinicius Dorigoni lembrou que o risco psicossocial já estava mapeado na NR17 que trata da ergonomia no ambiente de trabalho. O engenheiro de segurança do trabalho Vinicius Dorigoni, e o médico do trabalho e perito Claudinei Lacerda, da Clínica Vizimed, entendem que é preciso respeitar as normas do Ministério do Trabalho.
“A mensagem que eu passo para as empresa é já pensar em organizar o ambiente de trabalho, organizar aí nesse prazo que tem para se adequar, verificando as rotinas, a qualidade do ambiente de trabalho e colocando dentro do plano de ação. Um dos pontos trazidos pelo nosso médico perito, dr. Claudinei, da Vizimed, é que se for identificado trabalhar dentro do período para que não venha lá na frente o problema, então trabalhar com o plano de ação e cronogramas durante esse ano.”
Vinicius destaca que todos os ramos de atividade e todas as empresas que têm funcionários estarão abrangidos por esta NR. Ele menciona que “a partir do momento em que o governo estabeleceu um prazo para as empresas se adequarem, haverá monitoramento. Como mencionamos na palestra na Acefb, isso é algo inevitável. Temos uma nova geração com um formato de trabalho diferente, e sabemos que as empresas devem oferecer isso para reter colaboradores e melhorar o ambiente de trabalho. Portanto, é preciso profissionalizar todos os processos, desde a seleção e contratação até o desenvolvimento do colaborador dentro da empresa.”
A NR Multidisciplinar
A publicação desta NR1 Multidisciplinar pelo governo federal ocorreu em 2024, e as empresas precisarão se adequar ao gerenciamento dos riscos de saúde mental. Agora, é necessário incluir o risco psicossocial à saúde mental do trabalhador.
O governo federal quer uma nova ferramenta para identificar se há ou não risco nas empresas de doenças relacionadas à saúde mental. Caso exista esse risco, a empresa deve adequar suas práticas para reduzir afastamentos de colaboradores ou ajudar seus colaboradores a terem uma vida psicossocial melhor, diminuindo afastamentos pelo INSS.
Este gerenciamento será anual, utilizando ferramentas com as quais as empresas, técnicos de segurança, médicos, psicólogos e engenheiros trabalharão para mitigar riscos e auxiliar na redução da quantidade de afastamentos.