Busca por figurinhas agita colecionadores de todas as idades. Na Livraria Fonte Nova, todo dia há procura, mas os sábados pela manhã são o dia para trocas e lotam as redondezas.

Por Juliam Nazaré – Homens e mulheres, crianças, adultos e idosos. Todos em busca das 670 figurinhas para completar as 80 páginas do álbum da Copa do Mundo de 2022. A nova mania dos brasileiros também está em Francisco Beltrão. Quem passar pelo alto da Avenida Júlio Assis Cavalheiro, aos sábados pela manhã, deve estranhar a quantidade de gente reunida dentro e fora da Livraria Fonte Nova. É o momento em que dezenas de colecionadores trocam figurinhas.
A reportagem do JdeB foi até lá no último fim de semana e encontrou o casal Duda Schiavoni e Fábio Bortoloti, pais do João, de 13 anos. Eles estão completando juntos o álbum.
“Eu colecionei na Copa de 1982 ou 1986, não me lembro ao certo. Mas na época não tinha o álbum, só as figurinhas, que a gente usava pra brincar de bafo”, diz Fábio.
Para eles, faltam cerca de 500 espaços para serem preenchidos.


Até quem “não se liga em futebol”, coleciona
Em 41 anos de vida, o empresário Leonardo Bönte jamais havia se importado com um álbum de Copa, até porque, como ele admite, não é “ligado” em futebol. Mas com os colegas de escola do filho Arthur, engajados com a “febre nacional”, ele se rendeu.
“Concluímos há uns 15 dias as figurinhas dos pacotes, faltam as da Coca, mas não estamos tão obstinados por elas. Fui eu quem correu mais atrás, comprando e trocando, mas ensinei o Arthur a administrar.”
Reviver a adolescência com os filhos
Já Rodrigo Dobrovolski, de 43 anos, se empolgou em reviver momentos da adolescência com os filhos Gabriel e Gustavo, de 10 e 5 anos, respectivamente.
“Eu colecionava. Agora, apesar do custo alto, valeu pela emoção, pela expectativa da hora de abrir um pacotinho de cromos. Pro Gabriel, valeu para ensinar o ato de negociar. Na primeira troca, na livraria, fui com ele. Depois, ele foi sozinho. Ele aprendeu. No começo, ele queria trocar duas figurinhas por uma. Foi interessante. Dei dicas de organização com as repetidas, separando por seleção, pra facilitar na visualização.”

A hora de abrir os pacotes e colar os cromos serviu para mobilizar os irmãos. Enquanto isso, o uso de celular e outros eletrônicos, que com o álbum ficam em segundo plano, foi outro motivo para Ricardo incentivar os garotos. Tanto que só deixou os filhos usarem o aplicativo do álbum nos últimos dias.
Faltam oito figurinhas

Mateus Ferreira Leite Filho, 37 anos, e o filho Bruno, de 12, estão na reta final. Faltam oito figurinhas: os números 6 de Senegal; 8 do Irã; 18 do México; 19 da Tunísia; 14 do Canadá; 10 da Sérvia, 15 de Camarões e 13 da Coréia do Sul.
“Começamos há pouco mais de um mês. Acho que gastamos entre 300 e 400 reais. Eu já fui mais determinado. Meu filho é mais cabeça fresca e faz as trocas ‘na boa’, sem pressa.”
Mateus, costuma ir às trocas nos sábados, na Bolano (região do Calçadão).
Falta de álbuns e figurinhas
A Fonte Nova está desde sexta-feira, 23, sem figurinhas – mas é aguardada para hoje uma remessa de 15 mil pacotes. A escassez dos produtos tornou-se comum em todo o País.
“Não conseguimos comprar o álbum aqui em Beltrão. Estava em falta. Achamos em Curitiba”, conta Duda Schiavoni.
“Fazemos pedidos toda a semana, mas nem sempre recebemos. O álbum capa-dura veio duas vezes. A Panini não consegue entregar. Pedimos 400 dos comuns, vieram 200”, relata Quelin Rios.
Investimento médio é de R$ 3,8 mil
Um estudo da Revista Valor Econômico revelou que o custo médio para concluir o álbum no Brasil é de R$ 3.865. Em relação à edição de 2018, o preço de um pacote com cinco figurinhas dobrou: de R$ 2 para R$ 4.
João e Quelin contam que em alguns dias foram vendidos mais de três mil pacotes. Já houve quem, de uma vez só, desembolsou R$ 1,2 mil por 300 pacotes.
“Existe a ânsia de encontrar figurinhas premiadas. As pessoas estão entrando no clima da Copa. Nunca vi nada parecido com isso”, diz João Rios.
Todos os dias, a toda a hora, tem gente buscando completar o álbum. Com mais de um mês para o início da Copa, a tendência é que essa “febre” dure até meados de dezembro.