17.8 C
Francisco Beltrão
sábado, 21 de junho de 2025

Edição 8.230

21/06/2025

ALÉM-BAHIA

Colégio de Beltrão é 1º a receber projeto da Fundação Casa de Jorge Amado 

Estudantes de literatura do Colégio Industrial são os primeiros fora da Bahia a receber um projeto da Fundação Casa de Jorge Amado. A instituição de Francisco Beltrão foi contemplada com um material de apoio didático, incluindo livretos, cartazes e sugestões de atividades, que foram ministrados durante fevereiro pela professora Crislaine André.

Anualmente, a Fundação Casa de Jorge Amado, responsável por preservar e divulgar a obra do autor e de sua esposa Zélia Gattai, realiza a Feira Literária do Pelourinho (Flipelô). Após o evento, a Casa destina gratuitamente materiais didáticos a professores da rede pública de ensino da Bahia. No fim de 2024, o projeto passou a atender, também, a uma escola de cada estado. Francisco Beltrão, com o Colégio Industrial, foi o escolhido no Paraná, e o primeiro fora da Bahia a receber.

Estudantes do Colégio Industrial, de Beltrão, com livros e materiais enviados pela Fundação Casa de Jorge Amado. Foto:Juliam Nazaré.

Imersão pelo universo amadiano

Durante as aulas ministradas pela professora Crislaine, os estudantes conheceram a trajetória de vida e obra de Jorge Amado (1912-2001) e de Zélia Gattai (1916-2008). 

- Publicidade -

A Dhulya Estadler gostou de saber da relação de Zélia com o pai, Ernesto Gattai, um italiano anarquista que chegou ao Brasil no fim do século XIX. “Ela tinha afinidade de aprender com ele sobre política.” Já a Amanda Hoffmann gostou de conhecer o amor de Jorge por plantas e sapos. A Lavínia Félix é natural de Ilhéus, sul da Bahia, terra onde Jorge Amado viveu e ambientou alguns de seus livros mais populares, como “Gabriela cravo e canela”. Lavínia afirma que se surpreendeu, porque apesar de conhecer sobre o do escritor, foi durante as aulas da professora Crislaine que descobriu detalhes da vida pessoal dele. 

Inspiração para escrever as próprias memórias 

A professora Crislaine escolheu abordar com mais profundidade duas obras de memórias: “O menino grapiúna” (1982), de Jorge, e “Chão de meninos” (1992), de Zélia. 

“As crianças viram algumas ilustrações do livro, depois imaginaram o que aconteceria na história e só depois lemos trechos. Vimos imagens de pessoas da época, ouvimos músicas”, explica Crislaine. 

Depois de leituras de trechos em sala de aula, os alunos foram estimulados a escrever suas próprias memórias. Felipe Ventura, por exemplo, pretende escrever sobre o período em que era criança e morava com os avós. As amizades serão o tema dos textos da Angelina Suzzin. “Tenho uma amiga desde o sexto ano, que agora é minha melhor amiga pra tudo”, diz. 

Sobre Jorge e Zélia 

Baiano de Itabuna, Jorge é considerado um dos principais escritores da história do país e se consagrou através de romances como “Mar Morto” (1937), Terras do sem fim (1943), Gabriel cravo e canela (1958) e Tieta do Agreste (1977). Em suas obras, Jorge abordava a desigualdade social, o combate ao racismo e à intolerância religiosa, além de celebrar a mestiçagem. 

Por sua vez, a paulistana Zélia Gattai, filha dos italianos Angelina Dacoll e Ernesto Gattai, se casou com Jorge em 1945, mas só publicou o primeiro livro, “Anarquistas graças a Deus” em 1979, aos 62 anos. A maioria de suas obras foram do gênero memória. 

Aulas de literatura no Colégio Industrial

A disciplina de literatura ocorre é opcional e ofertada como complemento à grade curricular. São duas aulas de 50 minutos por semana reunindo estudantes de várias turmas, do quinto ano do Ensino Fundamental ao terceiro do Ensino Médio. 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques