Padre Ulrico, Pinheirão e São Miguel, que juntos registraram mais de 4 mil casos no ano passado, apresentam queda significativa em 2025.

Apesar do aumento no número de casos de dengue em março e abril de 2025, o município de Francisco Beltrão registra, até agora, uma situação mais controlada do que no ano passado. De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde, o município confirmou 462 casos da doença até o fim de abril, enquanto no mesmo período de 2024 já haviam sido registrados 14.268 casos.

O comparativo entre os boletins do ano passado e deste ano mostra que, só em março de 2024, houve 5.370 confirmações. Em abril de 2024, o número saltou para 7.439. Já neste ano, os meses de março e abril somaram, juntos, 438 casos — 122 em março e 316 em abril — uma redução de mais de 95%.
No total, Beltrão teve 22.992 notificações em 2024, sendo 17.850 confirmados, 4.442 descartados e 22 óbitos. Em 2025, entre 1º de janeiro e 3 de maio, foram 1.672 casos, sendo 462 confirmados, 1.210 descartados e cinco exigiram internação. Não houve óbitos. Entre os casos confirmados, 449 foram autóctones (que são da região de Beltrão) e 13 importados (de outros municípios). A secretária municipal Cintia Ramos (Saúde) destaca que a redução é resultado direto do reforço nas ações de combate e prevenção. “Quando a gente pegou a gestão (no início deste ano), a equipe estava incompleta. Então, nós contratamos mais oito agentes de combate a endemias. Hoje temos 58 profissionais atuando em campo. Realizamos dois levantamentos de infestação e promovemos oito mutirões em 12 bairros, com a retirada de 100 toneladas de resíduos que poderiam servir de criadouro para o mosquito”.
Segundo ela, o índice de infestação predial, que chegou a 3,5% no início do ano, atualmente está em 2,5%. O Ministério da Saúde considera como ideal um índice inferior a 1%, e classifica entre 1% e 3,9% como de médio risco para epidemias.
Mesmo com a queda expressiva nos casos, o município mantém as ações de rotina. “Independentemente do clima, nosso trabalho continua de segunda a sexta-feira, com visitas, orientações e limpeza urbana”, reforça a secretária.
Cisternas são um dos principais focos de dengue
Levantamentos realizados em Francisco Beltrão em 2025 apontam que as cisternas têm sido um dos principais criadouros do mosquito Aedes aegypti, especialmente em áreas com maior incidência de larvas. O dado consta nos dois Levantamentos de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) realizados neste ano pela Secretaria Municipal de Saúde.
O primeiro levantamento, feito em janeiro, indicou médio risco de surto, com índice geral de 3,5%. Em um dos bairros, o índice chegou a 18,1%. Esse mapeamento serviu de base para priorizar os mutirões de limpeza e ações de combate, que focaram nas regiões com maior acúmulo de focos — sobretudo em locais com descarte irregular de resíduos sólidos.
Já o segundo LIRAa, realizado em março, apontou redução no índice geral para 2,3%, ainda dentro da classificação de médio risco. O bairro com maior índice chegou a 10,2%. Neste caso, a principal fonte de proliferação das larvas foi a presença de cisternas usadas para captação da água da chuva.
De acordo com Álvaro Luiz Guancino, coordenador do setor de endemias do município, as cisternas são classificadas como macro criadouros devido ao grande volume de água armazenado. Segundo ele, quando o agente de endemias identifica problemas nesses reservatórios, o proprietário é notificado e tem prazo de 24 horas para adequar a estrutura. Se a situação não for resolvida, é lavrado auto de infração, com prazo de dez dias para defesa. Em casos excepcionais, o agente pode aplicar a multa diretamente, conforme prevê a Lei Municipal nº 3.974/2012.
Orientações e cuidado com as cisternas
Para evitar a proliferação do mosquito, a orientação é que a limpeza interna da cisterna seja feita a cada dois meses, com água e sabão. Se estiver cheia, deve-se aplicar cloro líquido conforme as orientações do fabricante ou utilizar pedra de cloro flutuante.
A estrutura precisa estar lacrada, sem frestas, já que calhas mal conservadas também podem servir como fonte de ovos, que são arrastados pela água da chuva até o interior da cisterna.
A Secretaria de Saúde também alerta sobre o uso indiscriminado de cloro em cisternas que abastecem animais. Altas concentrações podem causar irritações nas mucosas e no sistema digestivo, sendo recomendado o acompanhamento de um médico veterinário.