No ano passado, o Hospital Regional do Sudoeste atendeu 32 pessoas em situação de violência sexual, 50% eram crianças de zero a 12 anos.

Por Niomar Pereira – A violência sexual é considerada um problema de saúde pública, além de uma grave violação aos direitos humanos. Na região de Francisco Beltrão, os números preocupam, principalmente envolvendo crianças e adolescentes. Tal violação produz consequências traumáticas e indeléveis para quem a sofre, especialmente na infância. No ano passado o Hospital Regional do Sudoeste atendeu 32 pessoas em situação de violência sexual (29 femininos e três masculinos).
Segundo a diretora da unidade, Cintia Ramos, chama a atenção a grande quantidade de crianças e adolescentes. Do total, metade tinha idade de zero a 16 anos. Se considerar até os 18 anos, ou seja, menores de idade, foram 23 vítimas — ou 71%. Houve ainda outros sete casos de adultos e dois de pessoas idosas (+60 anos).
O Hospital Regional se tornou em 2018 referência no atendimento dos casos suspeitos de violência sexual ocorridos em até 72 horas. Os casos são oriundos dos 27 munícipios da microrregião. Os dados referentes aos atendimentos realizados no hospital revelam que as maiores vítimas do fenômeno pertencem ao sexo feminino.
A violência sexual contra crianças (zero a 12 anos) está em níveis muito preocupantes na região. Em 2018 (agosto a dezembro) representou 42% dos casos; a partir de 2019 então de janeiro a dezembro, 43%; em 2020, 46%; em 2021, 50%.
Mônica Pereira, coordenadora do Núcleo da Qualidade e Segurança do Paciente, observa que o HRS segue um protocolo de atendimento às pessoas em situação de violência sexual.
“O objetivo é garantir a humanização e a integralidade por meio da redução de danos, é extremamente necessário destacar que os profissionais envolvidos no atendimento devem adotar postura ética, sem indagações desnecessárias, assim como tem o dever de não culpabilizar a vítima pelo fato. Portanto, é através destes procedimentos que busca se garantir a integralidade dos direitos da vítima na efetividade de atuação dos serviços oferecidos pelo Estado.”
Além do atendimento médico, as vítimas recebem acompanhamento de equipe de enfermagem, psicólogos e assistentes sociais.