
Por Jônatas Araújo – O Projeto Rondon é uma ação do Ministério da Defesa para levar cidadania, desenvolvimento social e inclusão para regiões carentes do país. Existe desde 1969. Dois estudantes da UTFPR de Beltrão participaram da iniciativa neste ano e contam ao JdeB como foi viver a experiência.
Pedro Botti Capellari, 22 anos, e João Vitor Ferrari Lovera, 21 anos, são estudantes do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da UTFPR. Foram voluntários para participar do Projeto Rondon. Pedro conta que conheceu o projeto através de sua tia-avó, que também participou ainda na década de 1970, quando era estudante. Com o edital sendo lançado, Pedro viu a oportunidade e aproveitou. Eles partiram rumo a Jesuânia, interior de Minas Gerais, no dia 14 de janeiro, com mais oito pessoas: seis estudantes e dois docentes da UTFPR.
Em Minas, o grupo de Francisco Beltrão se encontrou com outro grupo de alunos de Brasília. Pedro diz que conviver com pessoas de culturas diferentes é um desafio. “Quando você está lá, não importa esquerda e direita. Você vai ter que tomar banho com todo mundo. Vai dormir em alojamento. Vai comer comida fria. É muito divertido, mas é sofrido. Tem momentos que você passa fome, frio.”
Lá, os estudantes puderam ver uma realidade distinta da qual estão habituados. A cidade pequena, com pouco mais de 4 mil habitantes, também enfrentava muitos desafios básicos, como saneamento, aterro sanitário e água tratada. “Todo esgoto vai para o rio. Não tem coleta seletiva. Não existe aterro sanitário, tudo é incinerado. Para conseguirmos informação lá, foi muito difícil. A prefeitura evitava passar informações.”
Em uma escola do interior da cidade, Pedro relata que havia um buraco improvisado desde a década de 1980 onde eram despejados esgoto e gordura da cozinha sem tratamento. Esse buraco ficava a pouco mais de dez metros de um poço artesiano do qual as crianças bebiam água, possivelmente contaminada. Ao questionarem uma funcionária, ela disse que alunos passavam mal corriqueiramente por contaminação.
O retorno positivo dos projetos sociais
Apesar dos desafios, os estudantes dizem que viveram bons momentos. João fala que a experiência de poder compartilhar na prática seu conhecimento acadêmico foi muito satisfatória. “Conheci uma realidade diferente, uma cultura diferente, um povo muito receptivo e amável. Tive a oportunidade de colocar coisas do meu curso em prática, ensinando as pessoas.”
A presença dos militares também é algo que muda a perspectiva de quem participa, diz Pedro. “Sempre vai ter um militar conosco. A gente os chama de anjos. Estão lá para cuidar de nós, para não acontecer nada conosco. Essa aproximação com o Exército é muito legal.”
Eles tiveram a oportunidade de orientar a população sobre o cuidado com o solo e as nascentes dos rios, além de ministrar oficinas sobre culinária, saúde, entre outros temas. Coisas que para os estudantes eram básicas, mas que a população local não tinha acesso. “Foi bom ver o retorno da comunidade, mandando fotos e vídeos, enviando mensagens de agradecimento, falando sobre o impacto na vida deles”, diz João.