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Francisco Beltrão
sexta-feira, 13 de junho de 2025

Edição 8.225

13/06/2025

Manejo de pragas reduz o uso de defensivos agrícolas

Arquivo Daniel Fabrício Pilz.

Segundo projeções do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), a população mundial já ultrapassou a marca de 8 bilhões de pessoas. Se o contingente populacional continua crescente, também se exige mais da agricultura, que tem correspondido elevando seus patamares produtivos a níveis inimagináveis até algumas décadas atrás.

O Paraná, por exemplo, na década de 1970, produzia 1.210 quilos de soja por hectare. Na safra 2020/2021, a média foi de 3.514 quilos/ hectare. Um crescimento de 190%. Tudo isso se deve ao avanço tecnológico da agricultura, inclusive ao uso de defensivos agrícolas ou agrotóxicos. A principal dúvida que há é se é possível manter os níveis atuais de produtividade sem o uso das moléculas químicas nas lavouras. A soja é a proteína vegetal mais consumida do mundo. E apesar da dependência alimentar deste grão, há uma pressão cada vez maior da sociedade para que se produza com menos agrotóxicos.

No Estado, através de uma parceria entre o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR) e a Embrapa, é desenvolvido o programa de Manejo Integrado de Doenças da Soja (MID) e de Pragas (MIP).

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No caso do MID, o principal objetivo é o monitoramento dos esporos do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem-asiática da soja, em unidades de referência (áreas de produtores rurais assistidos), para indicar o momento para aplicação de fungicidas para o controle da ferrugem-asiática. Na safra 2021/2022, foram implantadas Unidades de Referência de MID Soja em 114 municípios do Paraná. Neste processo, o produtor acompanhado do técnico do IDR faz o acompanhamento semanal com o intuito de avaliar a presença ou não de sintomas da ferrugem-asiática e de outras doenças da cultura.

São instalados coletores de esporos, tubos onde são colocados suportes com lâmina de microscopia, com uma fita adesiva dupla face colada. Com a passagem do vento no interior do equipamento, os esporos que estejam flutuando no ar podem ser aderidos a essa fita. “Quando o coletor indica a presença de esporos circulando sobre a lavoura é prudente aplicar o fungicida”, explica o técnico agrícola do IDR-PR Marcos Paloschi. Em média, as URs fizeram 0,8 aplicação de fungicida, enquanto as lavouras não assistidas pelo programa MID-Soja fizeram 2,1 aplicações. O número de aplicações influencia proporcionalmente nos gastos com insumos e operações agrícolas.

MIP Soja

Na safra 2021/2022, foram conduzidas 175 URs em MIP-Soja, em 108 municípios. Cada UR foi acompanhada por um técnico responsável durante todo o ciclo da cultura, com uma ou mais amostragens semanais. É feito o exame visual e utilizado o pano-de-batida para quantificar os insetos-pragas, os inimigos naturais dos insetos-pragas e a desfolha da cultura. “Há muitos casos em que não é feita nenhuma aplicação de inseticida. É feito o monitoramento de pragas como lagarta, cascudinho e o percevejo, e quando não atinge o nível de dano não há necessidade”, comenta Marcos.

Disseminar entre produtores

Daniel Fabrício Pilz, 26 anos, tem uma propriedade na comunidade de Bom Jesus, interior de Marmeleiro, e conseguiu resultados impressionantes em suas lavouras com a adoção do programa MID e MIP. “Houve uma redução nos custos, porque diminuiu a necessidade da aplicação tanto de inseticidas, como de fungicidas.” Na última safra 2022/2023 não houve necessidade de aplicação de inseticidas e uma redução na aplicação de fungicidas (o percentual girou em torno de 30% a 60%). O foco da propriedade é soja e eles adotaram o programa em 2020. A área acompanhada é de 10 hectares. O resultado é muito satisfatório com um aumento na produtividade média. De acordo com Daniel, a média geral antes do programa era de 72 sacas/ hectare. Nesta safra, no local onde o coletor foi instalado foi de 80 sacas/hectare. “Além disso há uma redução no custo de entrar na lavoura, ou seja, reduz gastos secundários como desgaste de maquinário e redução no uso de combustíveis.”

Daniel diz que o programa precisa ser disseminado para ter maior adesão dos agricultores, pois além do aumento da lucratividade permite maior sustentabilidade e respeito ao meio ambiente. “Particularmente considero que o programa só tem vantagens, pois o que se exige é apenas alguns minutos para examinar a lavoura por semana.”

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