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Francisco Beltrão
quinta-feira, 12 de junho de 2025

Edição 8.224

12/06/2025

PISCICULTURA

Região tem muito para expandir na criação de peixes

As exigências para entrar na piscicultura não são tão simples, mas a rentabilidade que o setor oferece é tentadora.


Altamir Mattei, da Piscicultura Daniela, que tem mais de 30 anos de atividades e continua investindo. Foto: Ivo Pegoraro/JdeB.

Por Ivo Pegoraro – As perspectivas para a piscicultura são boas no cenário estadual, nacional e mundial. Ano a ano, aumenta a demanda, assim como aumentam a produção e a produtividade, com redução de custos e ganho de resultados. Importante fator também é o auxílio da automação. Além de contribuir para a alimentação humana, a piscicultura proporciona outros benefícios, como geração de mão de obra, aproveitamento de áreas impróprias para outras atividades e a opção de melhorar a renda da propriedade, sem necessidade de grandes extensões de terra.

Nestas reportagens e que seguem, tem informações de produtores e técnicos em piscicultura sobre o cenário regional e mundial.

Sudoeste tem bom potencial

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Uma das propriedades mais conhecidas nesta atividade, em Francisco Beltrão, é a Piscicultura Daniela, da Seção Progresso. Já recebeu prêmios até de Destaque do Ano em Agropecuária, em 2021.

Altamir Mattei iniciou a criação de peixes há 30 anos. Já investiu muito, e continua investindo – nos últimos anos, mais de R$ 4 milhões – em instalações e conhecimento.

Existe mercado para expandir a piscicultura em Beltrão e região?

Quem responde é o gerente Djones Di Domênico. “Comporta mais de 40% de aumento. A criação comercial de peixes é uma atividade de bom rendimento, mas tem que ser para especialistas, não pode ficar só no vou tentar.”

Em Cruzeiro do Iguaçu, Jonas Zarth tem uma distribuidora de produtos para a piscicultura e dá assistência técnica para vários produtores integrados, pequenos, médios e grandes que vivem da atividade. Ele possui, inclusive, uma marca registrada, o “Água Boa”, probiótico que ajuda a reduzir as impurezas da água, porque se alimenta das fezes das tilápias e, com isso, diminuiu a necessidade de renovação da água dos açudes.

“A piscicultura é a atividade do momento e do futuro, o crescimento está em 400 a 500 por cento ao ano”, afirma Jonas.

Dá dinheiro, mas exige investimentos e conhecimento

Coordenador regional do IDR em Dois Vizinhos, o zootecnista Rafael Cavalieri estuda e trabalha com piscicultura desde os tempos de faculdade, no ano 2000. Ele conhece bem a região, somente em Nova Prata do Iguaçu já atuou por 12 anos.

Rafael confirma que a piscicultura é uma atividade das mais rentáveis, comparada à fruticultura e à horticultura, pode dar de R$ 50 a 60 mil líquidos por hectare ao ano. Mas exige muito também.

Sobre o potencial da região para a piscicultura comercial, Rafael confirma que é grande, porque hoje “nossa produção em açudes é insipiente, a produção em tanques redes já é significativa”. Para sua região, ele tem uma estimativa de 22 mil toneladas anuais entre os produtores de Nova Prata do Iguaçu, Boa Esperança do Iguaçu e São Jorge D’Oeste, podendo chegar a 30 mil toneladas se acrescentar Três Barras e Boa Vista, municípios do outro lado do Rio Iguaçu.

Quais os desafios da piscicultura?

Atualmente, segundo o zootecnista Rafael Cavalieri, vive-se uma crise de mercado. Primeiro que a venda de peixes na Quaresma foi menor neste ano. Depois, devido à oferta de criadores de Minas Gerais por preços mais baixos (de R$ 7,50 a 8,00 para o quilo de tilápia, contra R$ 8,80 a 9,00 da nossa região), houve dificuldade para venda, neste inverno. E o frio ainda provocou mortandade de peixes em fase de abate, causando prejuízos aos criadores. Mas a previsão é de que em dois meses se esgotem os estoques de peixes dos mineiros e os dois principais mercados compradores do Brasil, São Paulo e Rio de Janeiro, normalizem o consumo de peixes do Paraná.

Cavalieri enumera alguns itens que devem ser analisados pelos pretendentes a ingressar na piscicultura.

O Sudoeste tem potencial porque possui água, mas o relevo acidentado não é dos mais apropriados.

O inverno, é um desafio e precisam ser usadas técnicas de produção que minimizem os efeitos das variações de temperatura. É preciso ter dieta balanceada e menor densidade de peixes por metro quadrado.

Neste ano surgiu um novo problema, doenças que até então não eram conhecidas aqui.

Tem ainda a parte legal. Segundo Cavalieri, a estimativa é de que menos de dez por centro dos açudes da região são legalizados pelos órgãos ambientais (Instituto Água e Terras). A outorga da água não é concedida para todos os açudes. Não pode ter nascente de água nem estar em áreas de preservação permanente.

Quanto à contribuição que os açudes podem dar para o abastecimento das reservas de água subterrâneas (veja artigo da página 26), Cavalieri afirma que é muito pequena. A proposta técnica, inclusive, é de construir açudes que tenham o mínimo possível de infiltração de água, e isso se consegue com o tratamento do solo com calcário e outras medidas.

Para um açude legalizado, os órgãos ambientais exigem a medida da quantidade de água que entra e a qualidade da água que sai.

(Veja mais informações técnicas, com a médica veterinária Elaine Longhi, na página 27)

Os dez estados maiores produtores de peixes de cultivo no Brasil

1º PR                (24%) 188.000

2º SP                81.640

3º MG               49.100

4º RO               59.600

5º SC                53.600

6º MA               46.500

7º MT                42.600

8º MS               37.400

9º BA                31.250

10 º PE             31.030

Fonte: Anuário 2024 Peixe BR de Piscicultura

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