JdeB – Um estudo realizado pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) identificou a presença de um alto teor alcoólico em algumas das marcas de pães mais consumidas pelos brasileiros. A avaliação testou as líderes de vendas e constatou que 60% dos produtos mais comercializados nas prateleiras dos supermercados seriam considerados alcoólicos se houvesse legislação específica para a categoria. Alguns deles, inclusive, seriam reprovados em um teste do bafômetro.
As dez marcas avaliadas foram Visconti, Bauducco, Wickbold 5 Zeros, Wickbold Sem Glúten, Wickbold Leve, Panco, Seven Boys, Wickbold, Plusvita e Pullman. No entanto, apenas as duas últimas foram aprovadas em todos os testes. A revista Exame entrevistou Henrique Lian, diretor executivo da Proteste e autor do estudo, que afirmou que a presença de álcool em alimentos não alcoólicos, sem identificação, é uma questão grave. Por isso, ele lidera a campanha “Se tem Álcool, todo mundo tem direito de saber”, que propõe mais transparência ao consumidor, disse à reportagem.
Para que uma bebida seja considerada não alcoólica, a legislação brasileira determina que ela deve conter um teor máximo de 0,5% de etanol. Segundo o estudo, se os pães brasileiros fossem bebidas, alguns deles deveriam ter um aviso na embalagem sobre a presença de álcool.
A substância é comumente relacionada ao processo de fermentação, no qual os açúcares da massa se transformam em álcool e gases, resultando no crescimento e na fofura do pão. No entanto, o álcool detectado nas análises não vem desse processo, pois grande parte evapora no forno. O que ocorre é que algumas indústrias diluem conservantes em álcool para borrifar sobre os pães, evitando o mofo e garantindo a integridade do produto. Se exageradas, as aplicações podem resultar em teores elevados de etanol no produto final.
O uso dessas substâncias não é ilegal, mas é necessário que suas normas de uso sejam revistas para assegurar que o álcool residual não cause problemas aos consumidores.
A Proteste, segundo a Revista Exame, enviou um ofício com os resultados do teste para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).