O elevado índice de chuva que caiu no último final de semana criou um cenário devastador em todo o Paraná. Até ontem, segundo a Defesa Civil do Estado, mais de 422 mil pessoas haviam sido afetadas – número que certamente subirá com a conclusão dos levantamentos em todos os municípios. Ato do governador Beto Richa (PSDB) estendeu a mais 52 municípios a situação de emergência.
Agora, já são 131 municípios nesta situação – 129 pelo governo e dois pelos próprios municípios. Com o ato, os prefeitos podem pleitear uma série de benefícios dos governos federal e estadual para atender a população flagelada, recursos financeiros e encaminhar projetos de contenção de enchentes.
Entre os municípios, Quedas do Iguaçu, no Centro-Oeste, foi a quarta mais prejudicada. Uma morte por deslizamento de terra foi registrada no município.

No interior de Quedas do Iguaçu houve muitos estragos causados por causa da tempestade. Dois aviários desabaram e há estradas em precárias condições para o tráfego de veículos. Na cidade, três córregos e o Rio Campo Novo transbordaram e alagaram casas e empresas. A estação de captação de água da Sanepar alagou devido ao transbordamento do Rio Campo Novo.
A cidade ficou sem abastecimento de água domingo e segunda-feira. Viana, do Corpo de Bombeiros, informou que os hospitais, a Delegacia de Polícia e demais órgãos de saúde tiveram de receber água para que pudessem funcionar. As aulas foram suspensas nas escolas de Quedas do Iguaçu e Espigão Alto. Os alunos não conseguem chegar às escolas e nem os ônibus ou demais veículos conseguem se deslocar.
1.400 pessoas em Capanema
Capanema, no Sudoeste, também sofreu com alagamentos e enxurradas. De acordo com a Prefeitura, 1.400 pessoas em 17 comunidades tiveram suas casas alagadas, especialmente nas linhas Vargem Bonita, Marechal Lott, Santa Clara, Santa Ana, Lupion e São Pedro, que ficam próximas do Rio Iguaçu. Seis residências foram completamente arrastadas pelas águas do Rio Iguaçu, que subiu 15,3 metros acima do nível normal. Cerca de 180 pessoas ainda encontram-se desalojadas. “Pode ser ainda pior. O rio começou a baixar hoje [ontem] pela manhã e agora poderemos avaliar melhor o prejuízo, mas esses números podem ser maiores ainda”, avisa Marcos Lima, assessor de impressa da Prefeitura de Capanema.
Nova Prata do Iguaçu
Com 150 casas destruídas parcialmente, 10 moradias levadas pela enxurrada e 300 famílias desabrigadas, os estragos atingiram todo município de Nova Prata. Segundo o prefeito Adroaldo Hoffelder, o “Sassá”, comunidades como Salto Caxias, Nova Vitória, Vila Salete e Barra do Quieto tiveram “perda total” e continuam sem água potável nem energia elétrica. “Não fosse o trabalho dos funcionários municipais, da Polícia Militar,

Defesa Civil e o apoio do Corpo de Bombeiros de Beltrão e Dois Vizinhos, além dos voluntários, a tragédia poderia ser ainda maior”, falou. Ele relatou que 40 pessoas ilhadas tiveram as vidas salvas pelo resgate de barco do Corpo de Bombeiros.
A PR-471, que liga o município à Usina Hidrelétrica de Salto Caxias, está parcialmente interditada devido ao asfalto que cedeu com a força da água. O trânsito nesse trecho está sendo feito em meia pista. Sassá lamentou também a mortandade de animais nas propriedades rurais.
Interior isolado em Chopinzinho
Outro município bastante afetado foi Chopinzinho. Segundo a administração municipal, 80% do interior ficou isolado por causa dos 1.500 km de estradas rurais danificados, além das 50 pontes e 170 bueiros destruídos pelo transbordamento, principalmente, dos Rios Pedrosa, do Meio e Água dos Telles. Na área urbana foram mais 200 casas afetadas e três moradias levadas pelos 450 milímetros de chuva que caiu no município. Os bairros mais afetados foram São José, Casarão, Verde, São Miguel e Nossa Senhora Aparecida.
Cinco comunidades de Realeza
A Defesa Civil e a Prefeitura de Realeza estão levantando dados e fazendo fotos para elaborar um relatório sobre os estragos causados pelas enchentes. Há possibilidade de ser decretada situação de emergência hoje, com a chegada do prefeito Milton Andreolli (PT). Nos últimos três dias ele esteve em Curitiba e Brasília conversando com autoridades.

e o vereador Valcir Copelli diante do Rio Faxininha, que alagou.
Foi preciso abrir um buraco para escoar a água.
O Rio Iguaçu transbordou e atingiu casas das comunidades rurais de Marmelândia, Barra do Sarandi, Nova Aliança, Martins e Zuttion. Ontem, as famílias começaram a voltar para suas residências. Jaci Poli, secretário municipal de Administração e membro da Defesa Civil, adiantou que há famílias que tiveram suas casas alagadas, no interior, mas que não foram contatadas pela Defesa Civil e, por isso, não entraram nos números levantados.
Conforme Jaci Poli, dez famílias perderam tudo. Outras 32 tiveram suas casas alagadas. As famílias flageladas foram abrigadas em escolas, centros comunitários e nas residências de familiares. A pior situação, no interior, foi registrada em Marmelândia, nas margens do Rio Iguaçu.