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Francisco Beltrão
sexta-feira, 30 de maio de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

A avicultura é fundamental para a economia de Francisco Beltrão

Criar e abater galinha em casa era uma prática muito comum nas cidades e nas zonas rurais. Com a expansão da avicultura no Sudoeste, no Paraná e no Brasil, as pessoas deixaram de criar galinhas e passaram a comprar os produtos industrializados nos mercados e mercearias. A cadeia da avicultura ajudou a impulsionar a economia local e regional. 

Dona Ivone Fábris, que reside em Beltrão desde 1949, lembra que na propriedade de seus pais, Letícia e Balduíno de Ross, no Rio do Mato, havia criação de galinhas. Elas demoravam cerca de três meses para ficarem prontas para o abate. O pai vendia galinhas na cidade, mas Ivone lembra que dava prejuízo. “Não tinha muito consumo”, relata. 

Filho de Manoela e Walter Pécoits, Roberto Pécoits também lembra da época quando praticamente todas as famílias da cidade tinham galinheiro em seus imóveis residenciais. “Essa galinha caipira, hoje é uma preciosidade, todo mundo tinha as suas galinhas aqui dentro dos seus lotes urbanos. Você ia lá, escolhia a galinha, pegava e a história de matar era só puxar o pescoço, todo mundo tinha a galinha e havia aqui a chácara dos meus pais e tinha galinhas, vacas de leite e porco, que eram criados meio soltos”, conta.

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Abater e limpar as aves dava muito trabalho para as famílias. Felizmente, na década de 70, a avicultura começou a se expandir, principalmente nos Estados do Sul. Os proprietários do frigorífico Sadia, sediado em Concórdia (SC), iniciaram em 1974 as primeiras exportações de aves para o Iraque, no Oriente Médio. A ideia era incrementar a troca de carne de frango por petróleo, já no final do milagre econômico e início da crise do petróleo – houve uma disparada nos preços do barril. 

No Sudoeste do Paraná, duas empresas avícolas produziam ovos e pintinhos – Gralha Azul em Beltrão e Granja Real em Pato Branco. Mas a avicultura regional ganharia impulso ainda maior com a chegada dos frigoríficos da Sadia, em Dois Vizinhos (1979), e Chapecó, em Beltrão (1983). 

Com os frigoríficos se consolidou a cadeia avícola, que abrange a compra de grãos para produção de rações, transporte de rações, aves e dos produtos industrializados, empresas de pneus, peças e acessórios e outras pequenas empresas de prestação de serviços. 

Além da movimentação financeira, a geração de empregos diretos e indiretos foi um dos reflexos mais importantes. A aquisição do frigorífico Chapecó de Beltrão pela Sadia, em 1991, deu um impulso ainda maior à economia.  Nesta unidade funcionava um frigorífico de frangos e outros dois foram instalados no mesmo local, de perus médios e grandes. Após a fusão entre Perdigão e Sadia, que resultou na criação da BRF, a unidade local continuou crescendo. Hoje, ela emprega mais de 3 mil funcionários, tem cerca de 800 aviários integrados e é uma das maiores arrecadadoras de impostos do município. 

Gralha Azul
Mas não se pode esquecer do pioneirismo da Gralha Azul Avícola, que iniciou atividades há 44 anos. Dr. Walter Pécoits tinha uma chácara no bairro Guanabara. O filho Roberto conta como foi o começo. “Um pouquinho pra cima daqui (de onde se instalou a empresa), aqui na frente tinha dois galpões pequeninhos que produziam ovos comerciais, e o dono dessa propriedade chamava-se, coincidentemente, Zé das Galinhas. Esse Zé das Galinhas, vendo essa propriedade daqui, que era grande pra aquela época, foi procurar a dona Manoela – esposa do dr. Walter -, que cuidava dos negócios, e propôs que era fácil produzir pintinhos, era um bom negócio no Brasil. A mãe respondeu pra ele: ´Olha até pode ser, mas eu não entendendo nada, você tem que cuidar de tudo’. E naquela época, em 70, era a época do milagre brasileiro, e o seu João Arruda era gerente do extinto Banestado em Beltrão, e eles tinham linhas de crédito, porque sabe quanto é que era o juro? Era zero, pra fazer o Brasil crescer, era o milagre econômico da década de 70, que se pagou na década de 80 e daí ele levou o financiamento e o doutor Deni Schwartz fez um projeto do incubatório e foi a Empretec que construiu aqui, e o primeiro lote de matrizes reprodutoras chegou em meados do ano 72, eram 750 matrizes, e logo depois o incubatório ficou pronto, as matrizes ficaram prontas, até no final de 72, tinha o nascimento de 1.500 pintinhos. E a mãe logo percebeu que o Zé das Galinhas, apesar do nome, não entendia nada e ela teve que assumir os negócios e comprou a parte dele.”

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