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Francisco Beltrão
sexta-feira, 30 de maio de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

A avicultura no DNA

 

Roberto Mano Pécoits, desde a década de 70 na atividade. Granja
começou como um negócio de sua mãe, dona Manoela Pécoits. 

 

Revista da Avicultura PR – No começo da década de 1970, dona Manoela Pécoits comprou uma propriedade rural no município de Francisco Beltrão e com isso chamou a atenção de um pequeno criador de poedeiras, que morava em frente de sua nova chácara. O nome dele seria mais do que premonitório: Zé das Galinhas. 

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“O Zé viu aquele pedaço de terra ainda sem uso e procurou minha mãe para saber se ela não queria abrir um negócio no terreno. Dizia que produzir pintinhos era lucrativo e que ele entendia bem disso”, conta Roberto Pécoits, filho de dona Manoela e o atual proprietário da Gralha Azul Avícola, empresa que está até hoje onde antes havia apenas uma parceria. 

“O problema é que de galinha o Zé só era entendido mesmo no nome, então a mãe comprou a parte dele da sociedade e passou a tocar o negócio sozinha. A partir daí, nós crescemos como cresceu a avicultura brasileira, que passou a ser de fato avicultura e deixou de ser criação de galinhas”, relata. Com o tempo, Pécoits viria a se tornar o primeiro presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar).

Sua história e de sua família refletem não apenas o desenvolvimento da atividade avícola no Brasil, como também a melhora de vida que a avicultura tem proporcionado para milhares de produtores rurais, especialmente no Paraná. É por isso que o Dia do Avicultor, comemorado em 28 de agosto (quando também se comemora o Dia Nacional da Avicultura), representa um ofício próspero, que promove a todos os seus elos uma parceria harmônica, traduzida em um conceito mais do que necessário para o progresso nacional: distribuição de renda.
Reflexo na economia

Hoje, a atividade avícola gera 660 mil empregos diretos e indiretos e envolve 19 mil produtores em regiões rurais do interior do Estado. Os abates de frango cresceram em torno de 15% nos últimos cinco anos, fechando 2013 com 1,46 bilhão de aves produzidas em todo o Paraná – estado que concentra maior produção e exportação de carne de frango do país. 

Mais do que gerar emprego e riquezas, a avicultura é hoje responsável por levar qualidade de vida ao interior do Paraná. As 43 indústrias paranaenses exportam para mais de 150 países e estão localizadas em 29 municípios, sendo que, dos 32 municípios paranaenses que apresentamÍndice de Desenvolvimento Humano (IDH) – indicador da Organização das Nações Unidas (ONU), superior à média estadual, 15 deles têm avicultura forte e figuram entre os maiores plantéis de aves do Paraná. Entre os dez municípios mais bem colocados no IDH, oito têm avicultura forte, como é o caso de Maringá, Cascavel e Palotina. 

“A avicultura tem uma grande responsabilidade na economia paranaense, pois gera milhares de empregos e, consequentemente, renda às famílias – o que permite a fixação do homem no campo e o desenvolvimento do interior. São poucos setores produtivos que conseguem fazer isso tão bem”, destaca o presidente do Sindiavipar, Domingos Martins.

 

Avicultura responde por 14% do valor agropecuário do PR

Revista Avicultura PR*

Responsável por quase 14% do volume financeiro arrecadado pela agropecuária de nosso Estado, a avicultura de corte é hoje uma das maiores geradoras de empregos e renda do agronegócio paranaense. De um total de R$ 54 bilhões atingidos por todas as atividades agropecuárias do Paraná em 2012, a avicultura de corte foi responsável por R$ 7,50 bilhões, perdendo em arrecadação apenas para a soja.  Os dados são da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab-PR), segundo o Valor Bruto de Produção (VBP), índice calculado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), que acompanha aproximadamente 500 produtos para cada um dos 399 municípios paranaenses através de pesquisas periódicas. 

Para Francisco Carlos Simioni, diretor do Deral da Seab-PR, a liderança do Paraná tanto na produção de frangos, desde 2000, como na exportação avícola, desde 2012, é importantíssima e muito difícil de mensurar. Isso considerando que seus reflexos atingem várias escalas: a dimensão social (nas propriedades agrícolas e nos municípios), econômica (ingressos de divisas, maior circulação monetária, geração de renda e empregos)  e reflete-se sobre todo o agronegócio. “A performance do setor da avicultura de corte passa a ser vista como um ‘caso de sucesso’, a ser copiado e seguido”, diz. 

Integração
Ainda na análise de Simioni, o sucesso da avicultura paranaense tem como um de seus pilares o sistema de integração entre avicultores e agroindústrias e o forte e dinâmico cooperativismo paranaense (receita bruta de R$ 71,343 bilhões, em 2011). “As ações e atividades desenvolvidas na avicultura de corte do Paraná refletem-se favoravelmente e beneficiam os produtores integrados via mais renda, empregos/ocupação da mão de obra, diversificação da propriedade, bem-estar social e qualidade de vida”, ressalta. 

A importância do sistema de integração utilizado pela avicultura brasileira (e também pela suinocultura) foi ressaltada até mesmo pelo diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), José Roberto Graziano, que em recente participação na AveSui 2014 comentou que esse método de trabalho é de fato uma referência de harmonia social e distribuição de renda. Graziano ainda lançou a sugestão de que seja adotado como modelo pelo mundo.

“O sistema de contrato de integração é um grande exemplo de que não há contradição entre a agricultura familiar e o agronegócio. A ideia do agrobusiness foi exatamente para incorporar todos os produtores. Não são apenas os grandes que fazem parte das cadeias produtivas do agronegócio”, disse durante o evento.
E a confirmação dessa tese – assim como a qualidade de vida dela resultante – é ratificada pelos próprios avicultores. Quando questionados se trocariam de atividade, a resposta é uma só.

“Eu vejo muita gente que abandona o sítio para trabalhar na cidade, mas, a bem da verdade, hoje eu não só estou muito satisfeito com o que ganho como moro do lado de casa, almoço e tomo banho com tranquilidade, coisas que muitas vezes a vida urbana não permite”, afirma Altieres Pegoraro. “Eu, inclusive, quero incentivar meu filho a tomar o mesmo caminho que o meu, para que ele seja também um avicultor”, complementa.

“O meu filho quer estudar primeiro, se formar. Mas pretende tocar o negócio depois, e já até pensa na expansão dos aviários”, orgulha-se o avicultor ValdirAbich. O primeiro presidente do Sindiavipar, Roberto Pecoits, também concorda que não trocaria a atividade pela qual há 34 anos ele dedica o seu dia a dia. “Cuidando de galinhas nós construímos uma história: a da grande avicultura brasileira. Uma atividade que agora já faz parte do meu DNA.”

*O JdeB reproduziu parte da matéria publicada na última edição da Revista Avicultura, do Sindiavipar.

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