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Francisco Beltrão
sexta-feira, 30 de maio de 2025

Edição 8.215

30/05/2025

A coleção de miniaturas de Carlos Eduardo é uma paixão sem limites

 

Todos os dias, Carlos confere seus
carrinhos e fica apreciando sua coleção.

 

Quem conhece Carlos Eduardo Maciag, de 35 anos, concorda que o rapaz é especial. Não apenas por sua limitação física ou pequenas dificuldades na fala, mas pela invejável memória, pelo carisma e o perfeccionismo na preservação de sua maior paixão: uma coleção com mais de cinco mil miniaturas de carrinhos e motocicletas que cultiva há quase 20 anos. 

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Ele aceitou receber a reportagem do JdeB para apresentar sua coleção por intermédio da amiga Luzia Mroginski, proprietária da Academia Movimento, que Carlos Eduardo frequenta três vezes por semana. “Eu admiro muito ele, fico impressionada em ver contar sobre sua coleção, é entusiasmado e é muito bacana”, revela Luzia. 

A superação e o início da brincadeira
Carlos é filho adotivo. Os pais biológicos faleceram em um acidente, em Santa Catarina, e ele foi adotado pelo casal Silvia e Lauro Maciag quando tinha apenas dois anos e três meses de vida. “Quando o adotamos, ele não falava nem andava. Foi diagnosticado com anemia de 3º grau e o médico disse que não conseguiríamos criar ele. Depois de seis meses conosco ele se transformou, foi muita dedicação e fé. Passou a frequentar a fonoaudióloga e fisioterapia e evoluiu muito”, conta dona Silvia. O casal tem outros três filhos: Cícero, de 54 anos, que também é adotivo; Silvia Helena, de 43 anos, e Paulo César, de 45. 

A brincadeira começou quando Carlos tinha 15 anos e ganhou um carrinho da linha Match Box do irmão Paulo Cesar, que reside nos Estados Unidos. Depois disso, ganhou outros modelos, começou a comprar e nunca mais parou. Foi em Curitiba, onde a família morava antes de se mudar para Francisco Beltrão, que a coleção começou a tomar corpo. “Eu comprava muito na loja Lima Hobbies, no Shopping Estação, em Curitiba. É a loja mais completa. Aqui eu compro na loja Oba Oba e na Casa Turbos, no Paraguai”, revela Carlos. 

A mãe garante que já gastou mais de R$ 100 mil para satisfazer as vontades do filho. “Tem alguns modelos mais raros de miniaturas que pagamos quase R$ 700. Já trouxemos até dos Estados Unidos. Eu acompanho tudo, cada modelo novo, a emoção dele, e ver contar sobre os carrinhos é muito gostoso”, comenta dona Silvia.
 

 

 

No aniversário, todos já sabem
“Se for dar presente, tem que ser carrinho, outras coisas ele não gosta”, afirma a mãe. Mas, independentemente da data do aniversário, as aquisições de carrinhos são frequentes, quase toda semana a coleção é ampliada. “Ele vai nas lojas ou então vê na internet e já reserva os próximos”, completa dona Silvia. “Já tenho dois que vou ganhar no Natal e mais dois pra depois do carnaval, que já estão reservados”, diz Carlos.

Entre os milhares, o colecionador destaca sua maior afeição pelo Corvette, Camaro, Jaguar e até um Alfa Romeu Calhambeque. Ainda tem os carros de Fórmula 1, incluindo clássicos de Schumacher, Fernando Alonso, Felipe Massa e Airton Senna. E a coleção é complementada pelos aviões, helicópteros e motocicletas. “Todos os dias, eu fico olhando eles, apreciando, ajeitando e vendo se está tudo em ordem. A cada dois meses eu limpo tudo, um por um, confiro a embalagem e coloco de volta no lugar. Se tirar o carrinho da cartela e estragar a embalagem, pode jogar fora que já não serve mais pra coleção”, exige o rapaz. 

Nem mesmo a mãe pode mexer na coleção. “Ele é extremamente perfeccionista e só ele pode mexer nos carrinhos, até mesmo quando alguém vem conhecer é ele que mostra”, diz dona Silvia. “Se meu afilhado chega perto da minha coleção, é briga na certa, ele é muito pequeno e não cuida, destrói tudo, então não deixo chegar perto. Ninguém mexe, só eu”, enfatiza Carlos.

 

Silvia, Carlos Eduardo e Luzia: colecionador e suas admiradoras. 

 

Uma memória invejável
Talvez até os apaixonados pelo automobilismo, por vezes, deixam passar o episódio do acidente de Emerson Fittipaldi, durante as 500 milhas de Michigan, em 1992, ou então o acidente de Nelson Piquet, em 1992, em Indianápolis. Mas Carlos lembra os fatos em detalhes, assim como o terrível acidente que vitimou Airton Senna, motivo pelo qual Carlos nunca mais assistiu a Rede Globo. “O automobilismo perdeu a graça depois que o Senna morreu”, afirma.

Mas, apesar disso, Carlos continuou acompanhando competições e revela seus principais ídolos do automobilismo da atualidade. “Gosto muito do Kaká Bueno, da Stock Car, do Felipe Massa, Rubens Barrichello, Fittipaldi e do Nelson Piquet. Também gosto muito do Wellington Cirino, da Fórmula Truck”, enumera.

E, claro, para um apaixonado pelo automobilismo, uma visita ao autódromo tinha que fazer parte do currículo. Carlos Eduardo e o pai, Lauro, estiveram no Autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, em março de 1996. O rapaz lembra um por um o nome dos pilotos e as equipes da Indy e diz que adorou a experiência. “A emoção é chegar perto das máquinas”, afirma.

Apesar das 5 mil unidades já colecionadas, Carlos Eduardo diz que seu objetivo é ultrapassar 15 mil modelos. Com isso, a preocupação dele é definir onde irá guardar as próximas unidades de sua coleção de miniaturas. “Vou ter que convencer minha mãe pra ajeitar mais uns espaços por aqui”, completa.

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