Ele começou a trabalhar com um Chevrolet 1963, na filial do Foletto em Barra Grande.

A Carteira Nacional de Habilitação (CNH) de Adair Biezus, conhecido como Serelepe, data de 1967. Ele nasceu dia 18 de abril de 1947, no Distrito de Nova Veneza, próximo a Severiano de Almeida (RS), chegando em Francisco Beltrão em 1955. “Estudei até a quinta série no Ginásio La Salle (atual fórum). No início como motorista, para ir a Curitiba, era estrada de chão até São Mateus do Sul. Também fiz transporte de madeira de Renascença até a região de Londrina e retornava com ração para animais para Agrícola Celeiro daqui”, recorda-se.
Adair conta que, aos 22 anos, começou a trabalhar com um Chevrolet 1963, a gasolina, numa filial do Foletto, em Barra Grande, Itapejara d’Oeste. Somente alguns anos depois é que veio para Beltrão.Por dez anos, transportou suínos para São Paulo e Rio de Janeiro, até adquirir um caminhão 1313, de 1976, trucado, para atuar no transporte de portas e compensado para a Camilotti.
Nos anos 1980, ia para Mato Grosso do Sul, fazer a safra com os irmãos. Na sequência, trabalhou com entrega de bebidas para Ambev. “Eu sempre fui meio autônomo, nunca fiz longas distâncias. Fiquei com três caminhões para transporte de frango, mas agora tenho um só.” Aos 74 anos, Adair continua na ativa; nas terças e quintas-feiras ajuda seu motorista no transporte de frango vivo e, durante a semana, deixa os netos nas atividades escolares e lazer, levando e trazendo de um curso para outro. Aliás, seus netos são seu orgulho: Pablo, Bruno e Júlia (filhos de Rodrigo e Vanessa); Isadora e Amanda (filhas de Robson e Aline); e Caio (filho de Cleverson Sanzovo e Ronise). Ele é casado com Idê Carmem Biezus, 69 anos, sua grande companheira nessas décadas de estrada.
Só um posto em Beltrão
Quando começou a trabalhar, em Francisco Beltrão, as ruas eram de chão batido e tinha apenas um posto de gasolina, o Camboatá, que ficava na frente à Assesoar, movido “a manivela”. Os caminhões não andavam mais de 80 km/h. “Antigamente, as pessoas se respeitavam mais no trânsito. Quebrava um caminhão, todos paravam. Não existia ladrão, podia dormir com o caminhão aberto.”
Adair sofreu poucos acidentes, todos motivados por terceiros, felizmente nenhum grave. Ele se lembra uma vez, em Curitiba, que o caminhão ficou preso numa árvore e precisou da ajuda dos Bombeiros para retirá-lo. Está aposentado há oito anos, mas tem condições para continuar trabalhando e acha importante ocupar-se. Adair, que é um grande leitor do JdeB, hoje terá a possibilidade de ver um pouco da sua história estampada no jornal, como uma forma de homenagear a todos os caminhoneiros. “Eu não fico sem o JdeB, ficar deitado na rede e o programa do Magrão [Daltro Maronezi], no rádio”, comenta.