Cena foi flagrada durante ação do Grupo Anônimo de Voluntários Amor em Atos, domingo.

Juliana Brizola, de 34 anos, estava na área de casa com a família, no Bairro Pinheirão, quando o barulho de várias buzinas a levou à rua na tarde de domingo, 20, em Francisco Beltrão.
Os olhos que procuraram atentos o que acontecia na rua pacata se surpreenderam ao ver que, de cima de uma caminhonete, era o Papai Noel que passava estendendo doces e brinquedos para as crianças que se aproximavam. “A Jaque e meus piazinhos correram para ver. Ansiosos para o Papai Noel chegar até eles. Para minha irmã ele veio ver ela”, conta Juliana, sobre a irmã Jaqueline Dalmora, de 14 anos, que possui uma deficiência mental.
A cena foi gravada pelo motoboy Adaltro Rodrigues de Jesus, que acompanhava a ação. Nas imagens, Jaqueline chora compulsivamente, abraçada a uma boneca que ganhou de presente. Um das voluntárias da ação pergunta a ela: “Você está feliz?” Ao que Jaqueline consente com a cabeça, esboçando um sorriso, mas sem deixar que lágrimas corressem pelo seu rosto.
Segundo a irmã, o choro vinha da inocência de uma adolescente que acredita na magia do Natal. A família, sem muitos recursos, não esperava uma ação como aquela, o que emocionou a todos.
“Ela é uma criança linda, amada, inocente demais. Ela é bem sentimental e carinhosa. Ela não esperava o Papai Noel. Nem brinquedo. Na verdade, toda a alegria que ela teve e todo choro foi só porque ela acredita no Papai Noel. E quando ela viu ele, ela se emocionou. E falava que o Papai Noel tinha vindo ver ela. E não foi fácil depois para acalmarmos, porque ela queria que o Papai Noel tomasse café com ela”, conta a irmã.
Ação
Os voluntários da ação também se emocionaram. A atividade acontece há cinco anos e é organizada pelo Grupo Anônimo de Voluntários Amor em Atos (GAVAA), de Beltrão.
Segundo uma das organizadoras, Giane Lima, de 35 anos, a ação deste ano começou a ser pensada há dois meses, quando começaram as campanhas de arrecadação de brinquedos e doces no comércio. Foram arrecadados cerca de 120 kg de brinquedos, o que garantiu a montagem de 450 cestas. Uma dessas chegou a casa de Jaqueline.
“Foram colocados quatro veículos à disposição, sendo que o Papai Noel fazia uso de apenas um veículo sem descer, exceto quando era para fazer a higienização”, relembra Giane. As entregas aconteceram, nos bairros Antônio de Paiva Cantelmo, Jardim Virgínia e parte do Pinheirão. Nesse último, já no fim da ação, é que foram surpreendidos com Jaqueline.
“Estávamos retornando para casa quando uma criança correu em direção ao carro gritando e chorando ‘eu sabia que ele viria’. Paramos, tomados pela emoção, e o grupo todo envolvido começou a chorar junto com a criança. Totalmente embriagados pela emoção do momento nós a consolamos”, conta Giane. “O Natal é mágico porque quando achamos que ele não vai existir surgem anjos que, de uma maneira ou de outra, com todos os cuidados necessários, trazem à tona a verdadeira essência e magia do Natal que sempre foi e é o amor ao próximo.”
Para a família e Jaqueline, muito mais que o presente entregue, a alegria e a reação que o gesto causou, não serão esquecidos.
“Minha irmã acredita nesse mundo mágico do Papai Noel e essa ação mostra que em um mundo com tanto mal ainda existe amor e esperança. As pessoas que estavam passando na rua como Papai Noel, acho que são pessoas abençoadas, tocadas por Deus. Porque não é qualquer um que larga seus afazeres e sai fazendo crianças felizes, amando ao próximo. Tem muitas crianças carentes que ainda acreditam no Papai Noel e que esperam ele vir para dar um presentinho, porque nem todo pai e mãe têm condições para dar”, diz Juliana.
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