Agricultor que plantou soja poderá ter lucro acima de 30%
Produtores que plantaram soja na safra 2002/2003 terão boa rentabilidade e produtividade, prevêem operadores de agronegócios de cerealistas e cooperativas que atuam na região de Francisco Beltrão. “É um lucro que dará para recuperar perdas de safras passadas”, relata Geraldo Giacomini, presidente do Sindicato Rural de Renascença e da Assinepar (Associação dos Sindicatos Rurais do Sudoeste do Paraná).
Renascença
A expectativa dos operadores de agronegócios é de lucro líquido para os sojicultores na faixa de 30% a 40%. Giacomini, que é produtor de soja e milho, ressalta que a rentabilidade dependerá de produtor para produtor. Há agricultores que utilizaram maior grau de tecnologias nas lavouras ou que possuem propriedades em regiões geográficas favoráveis para a produção da soja ou milho e por isso terão maiores ganhos.
Geraldo plantou 80 hectares de soja e a expectativa é colher de 50 a 60 sacas por hectare (130 por alqueire) em sua propriedade, na Linha Buriti.
São João
O encarregado de compras da Coasul (Cooperativa Agrícola Sudoeste Ltda.), de São João, Ademir José Rizzi, diz que nos municípios da área de abrangência da cooperativa os agricultores estão colhendo em média 58 sacas por hectare. A organização cooperativista atua em 14 municípios e tem como meta receber dois milhões de sacas de soja. Ademir aposta numa rentabilidade líquida de 35% para os sojicultores com a colheita da safra 2002/2003. “É um ótimo lucro”, assegura.
Marmeleiro
Rosalino Flores, vereador pelo PMDB e um dos diretores a Comercial de Cereais Bággio Ltda., de Marmeleiro, observa que o produtor terá uma boa lucratividade porque na época em que comprou os insumos para o plantio da soja o preço estava menor. As empresas vinculam os preços dos insumos (sementes, defensivos agrícolas e outros) à variação do dólar. Ele também concorda que a lucratividade do agricultor deverá ser de 30% a 40%.
De acordo com o comerciante, os produtores na região de Marmeleiro vêm colhendo de 55 a 60 sacas por hectare (130 sacas por alqueire).
Dois Vizinhos
Na região da Camdul (Cooperativa Mista Duovizinhense Ltda.), que abrange oito municípios, os agricultores estão colhendo de 56 a 57 sacas por hectare (135 sacas por alqueire). Estes números, pelos cálculos de Jean Carlo Possenti, da Camdul, dá uma média 3.400 quilos por hectare. A média prevista pelo Deral, do núcleo regional da Seab para a safra normal está na faixa de 3.100 quilos por hectare. Jean também prevê uma boa rentabilidade para os produtores que plantaram soja. O técnico lembra que no momento da compra dos insumos para o plantio da soja, a cotação do dólar estava variando de R$ 2,30 a R$ 2,40 e hoje um dólar está na faixa de R$ 3,30 a R$ 3,40, praticamente um dólar a mais.
Orientações aos produtores
Outro aspecto importante que o técnico lembra é que o preço da saca em dólar tem aumentado nos últimos dias ? hoje a saca está na faixa de US$ 10,96. Para obter uma melhor lucratividade, ele aconselha os produtores a vender parte da produção para pagar os custos de produção e o restante deve ser comercializado aos poucos, conseguindo maior rentabilidade. “O erro é vender tudo de uma vez só”, ensina.
Possenti recomenda que o agricultor plante de forma equilibrada as culturas agrícolas, não destinando enormes áreas para a soja em detrimento do milho ou vice-versa. “Nunca se deve investir demais numa cultura só, deve-se plantar o equivalente a 60% a 40%”, aconselha.
Ele lembra que a soja e o milho são produtos de grande aceitação no mercado internacional.
Já Rosalino Flores aconselha os produtores a não fazer grandes investimentos por causa dos bons resultados da safra de soja. “O produtor, com esta (boa) lucratividade, não deveria fazer grandes investimentos; deveria primeiro se livrar das contas, de financiamentos, e tentar os negócios para a próxima safra com recursos próprios, aí terá um lucro maior”, orienta.
O presidente do Sindicato Rural de Renascença, Geraldo Giacomini, se diz preocupado com os preços dos insumos, que tiveram nova alta, o que poderá ofuscar um pouco os excelentes ganhos da safra 2002/2003 (FP)