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Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Agricultor se defendeu de onça com guarda-chuva

Geral

Zeca mostra como ficou seu guarda-chuva, que guarda até hoje, após ser atacado pela onça.

José Souza de Oliveira, o popular Zeca, e de sua esposa, Ironilde Rodrigues dos Santos, residem na comunidade da Volta Grande do Marrecas, em Francisco Beltrão. Dia 1º de outubro de 2017, um domingo, por volta das 19h, Zeca estava voltando pra casa por um carreiro com o seu cachorro de estimação que atendia pelo nome de Bido. Do seu lado esquerdo tinha um mato e, depois, o rio. A sua direita ficava o potreiro. Estava chovendo e Zeca andava com o seu guarda-chuva baixo, para não se molhar e também para não enroscar nos galhos das árvores. Quando, de repente, ele ouviu um forte rugido e seu guarda-chuva sumiu da sua mão, tudo muito rápido.

Quando se deu conta do que aconteceu, havia uma enorme onça-parda, pesando de 90 a 100 kg, erguida somente nas patas traseiras bem na sua frente. Então ela ficou novamente nas quatro patas e, quando se preparava para dar o segundo bote, Zeca deu um pulo tão grande para trás, bateu com o ombro numa árvore e caiu em cima do cachorro Bido, que fez um gritedo. Zeca acha que os gritos do cachorro assustaram a onça, pois naquele momento a única coisa que tinha para se defender era o guarda-chuva, que já estava destruído.

A onça recuou, virou de costas e deu vários rugidos, agitando sua cauda. Zeca viu que, junto com ela, também havia dois filhotes já bem criados. “Esse foi o motivo do ataque”, diz Zeca. Ele e Bido saíram em disparada para casa. Ironilde conta que, quando Zeca chegou, estava todo molhado, branco como uma vela e tremia mais que vara verde. Naquela noite, quase não conseguiu dormir, teve calafrios. Se não fosse o guarda-chuva, o felino teria atacado diretamente seu pescoço.

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A onça voltou
E 40 dias depois que Zeca foi atacado pela onça, eram 3h da madrugada quando eles começaram a ouvir fortes rugidos numa distância de 140 metros de sua casa. Ironilde diz que era de arrepiar. Bido começou a latir e a andar no sentido de onde vinham os rugidos. Zeca chamou Bido várias vezes de volta, mas o cachorro não obedeceu. Logo tudo se acalmou e, na manhã seguinte, Zeca percebeu que Bido não estava no local de costume. Ele chamou o cachorro, que não apareceu. Foi procurar, seguindo o caminho de onde vieram os rugidos. 

Bido era um cachorro grande, com mais de 20 quilos, da raça buldogue com pastor-alemão. De longe, Zeca já avistou um pedaço de soja, de sua plantação, todo amassado e, quando chegou perto, percebeu que a briga foi feia, pois havia muito sangue e pelos, do Bido e da onça. Mesmo sendo forte, Bido não teve chance contra a onça e, depois daquela noite, nunca mais foi visto.

Bido foi o terceiro cachorro do Zeca morto pela onça. Também sumiram dois gatos e, na comunidade, já desapareceram nove cachorros grandes, muitas galinhas e vários terneiros recém-nascidos. A onça mata pra se alimentar, acredita Zeca. 

Depois do primeiro ataque, ele já viu a onça três vezes. A primeira foi há um ano. Estava quase escuro e ele pescando no rio. Ela passou a 30 metros de distância, por dentro do potreiro, a passos lentos. Deu uma olhada pra ele e entrou no mato. Zeca não deu bobeira, pegou seu anzol e os peixes e foi pra casa.

A segunda vez faz seis meses. Era meia-tarde, estava chovendo, ela atravessou a estrada e foi pro mato, de novo. Nesse dia, Zeca levou seu netinho, Felipe, de 6 anos, pra ver a pegada dela. O menino se assustou com o tamanho das pegadas e quis voltar pra casa. A terceira vez foi há oito dias.Zeca deu de cara com ela atrás da igreja da comunidade e a onça, novamente, correu pro mato.

Ironilde e Zeca. Todas as tardes, Zeca busca a esposa de moto, no trabalho, porque ela tem medo de voltar a pé.

Ninguém sai a pé
A Ironilde trabalha de diarista pra três vizinhos: Dirceu Abatti, Nilvo Zimmer e Vitória Reolon.  Toda tardinha, Zeca deixa seu trabalho e vai buscar a esposa, de moto, pois ela tem medo de voltar a pé. De noite, na Volta Grande do Marrecas, pra visitar os vizinhos ou pra sair é só de carro, moto ou trator. Ninguém mais arrisca sair a pé. E também, por medo da onça, ninguém mais vai pescar no Rio Marrecas depois do anoitecer.

Zeca diz que, três dias antes e três dias depois da lua cheia, todas as noites, é possível ouvir os rugidos delas; devem ser cinco ou seis. Várias pessoas já viram um casal andando junto e uma com dois filhotes. Depois que passa a lua cheia, ninguém vê mais nada,  é como se não tivesse nenhuma onça.

A partir de hoje inicia a lua cheia, que vai até o dia 8. Quem duvidar, pode ir até a comunidade para ouvir os rugidos, das 23h até as 4h da madrugada. Mas, na Volta Grande do Marrecas, todos preservam a natureza e, apesar do susto e de ter perdido seus animais de estimação, Zeca afirma que a onça-parda é um animal muito bonito.

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