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Francisco Beltrão
domingo, 01 de junho de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Alexandre Ribeiro da Roza, hoje membro do AA, comemora a nova vida após um ano sem consumir bebida alcoólica

“Pedi pra Deus desligar o botão do álcool da minha cabeça, para eu não beber mais”

Alexandre Ribeiro da Roza, membro do AA, auxilia os amigos em situação semelhante.

Dia 14 de janeiro de 2020 está marcado na memória do beltronense Alexandre Ribeiro da Roza, 46 anos. Foi neste dia que ele deu um ponto final no consumo de álcool, por vontade própria, com o apoio divino.

“Sempre fui temente a Deus. Num dia de crise, falei pra Deus que aquilo não me servia mais, pra ele desligar o botão do álcool da minha cabeça, porque eu não queria mais beber.” Alexandre se orgulha do filho de 20 anos, acadêmico de Direito, que não consome bebida alcoólica.

Alexandre começou a beber aos 14 anos e, aos 15, sofreu um grave acidente automobilístico com um amigo. Foram pelo menos dois anos de tratamento e muitos procedimentos cirúrgicos, mas não foram suficientes para afastá-lo do álcool.

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Ele lamenta a cultura ocidental, na qual é admissível começar a beber cedo, pois este é um vício tão maligno quanto as drogas ilícitas. “O acesso ao álcool é mais fácil do que qualquer outro vício. A criança vê o pai e a mãe beberem e isso se torna normal, até bonito. As pessoas não têm a percepção de que estão fazendo o mal indiretamente”, acrescenta. 

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“Depois, em alguma altura da vida, a gente passa por dificuldades, sofre com a morte de algum familiar, e a bebida serve como um consolo momentâneo, mas o álcool destrói, dilacera sua vida; a gente incomoda quando bebe”, diz Alexandre, que está há mais de um ano sem consumir bebida alcoólica.

 Ele passou a sofrer com a ansiedade, acordava de madrugada e não conseguia dormir, então começou a se exercitar. Caminhava madrugada adentro, vários quilômetros.

“Teve dias que caminhei 25 km, dava voltas na cidade. Em abril [de 2020] fiz mais de 200 km, mas veio a pandemia e tive que reduzir.”Em maio do ano passado, abriu o “Espetinho Alexandre Gordão”, na Rua Guiomar Lopes, próximo aos Bombeiros, que funciona como uma “terapia”, além de ser seu ganha-pão.

Alexandre costuma postar suas conquistas nas redes sociais e recebe muitas palavras de apoio de amigos e clientes, mas também há comentários inconvenientes, como: “Vamos beber uma pra comemorar?” Apesar disso, não se importa, ignora as brincadeiras sem-graça e comemora sua vitória diária. 

Exatamente, a vitória se dá dia a dia, ou melhor, de hora em hora, já que para o alcoólico, muitas vezes, é difícil ficar um dia inteiro sem beber. E, desta forma, já conseguiu ajudar dois amigos que estavam em situação semelhante. “A sua busca serviu de inspiração para minha busca”, disse um amigo, em recuperação. 

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Falar não é suficiente
Alexandre alerta: “É preciso dar o exemplo, falar não é suficiente. Outra responsabilidade quando se para com o álcool é ser correto com a vida. O apego a Deus é o que funciona; acredito na boa fé das pessoas, que todo mundo merece uma segunda chance e uma oportunidade de redimir seus erros, se assim for possível, porque foi o que aconteceu comigo”. 

Ainda é difícil, mas ele não cede. “Hoje sei que é uma doença, serei sempre um alcoólico em recuperação. Já perdi muitos amigos para o álcool. Isso não atinge só você, basta ver o plantão policial, muitas confusões são causadas por causa da bebida.” 

Ele destaca ainda o apoio que encontrou no Alcoólicos Anônimos (AA), participando das reuniões semanalmente, inclusive levando os amigos. “Todos os dias faço minhas orações agradecendo a Deus por ter restaurado minha vida. É preciso crer que você pode e Deus vai te ajudar, mas você tem que ter atitude e se importar com a própria vida, porque os familiares e os amigos verdadeiros vão te ajudar.”

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