19.8 C
Francisco Beltrão
sábado, 07 de junho de 2025

Edição 8.221

07/06/2025

Alta da gasolina assusta, mas motoristas de aplicativo dizem que ainda compensa

Mesmo com gasolina 50% mais cara, motoristas continuam. Mulheres também estão nessa atividade.

Simulação de uma corrida feita pela reportagem do Jornal de Beltrão em um dos aplicativos de mobilidade que operam na cidade. O trajeto de 9,9 km da nova rodoviária, na Água Branca, até o Bairro Pinheirinho, custaria R$24,10 ao passageiro. Ao motorista, pelo menos metade deste valor é custo para trabalhar.

Cresceu consideravelmente o uso de aplicativos de transporte em Francisco Beltrão, maior município do Sudoeste, com população estimada em 93 mil habitantes. A avaliação é de que existam cerca de 200 motoristas trabalhando em pelo menos seis aplicativos, alguns se dedicando exclusivamente e outros como forma de complementar a renda mensal. A estimativa é de que ocorram entre 1.300 e 1.400 corridas por dia no município. Mesmo com os aumentos sucessivos da gasolina, que teve acréscimo de 50% ao longo do ano, este tipo de serviço continua com demanda em alta. Contudo, alguns motoristas passaram a selecionar as corridas que atendem, optando por aquelas mais lucrativas.

O responsável por um dos aplicativos na cidade, ouvido pela reportagem do Jornal de Beltrão, informou que a empresa tem reajustado os valores das corridas, em função dos aumentos da gasolina, para não perder motoristas. “Mas também há um cuidado para não onerar demais a classe C, que é hoje a principal clientela deste tipo de serviço de mobilidade.”
Segundo o engenheiro mecânico Marcelo Da Correggio, o mais importante é que cada motorista saiba apurar o seu custo, ainda que de forma aproximada. Tomando como exemplo um veículo GM Celta, que é um dos mais vantajosos (10,7 km/litro com gasolina na cidade), no seu custo por quilometro rodado, o combustível representa 75% dos custos com gasolina aditivada na cidade.

A autonomia na cidade deste veículo é de 578 km e o tanque cheio irá custar R$ 335,88. Dessa forma, o custo por quilometro rodado será de R$ 0,58/km. Ele salienta que o custo de manutenção deve ser constantemente atualizado, pois as alterações de preços têm sido frequentes.

- Publicidade -

O custo com combustível de R$ 0,58/km deve ser somado ao custo de manutenção de R$ 0,20 resultando em R$ 0,78/km. “Esse valor cogita somente custos de manutenção preventiva e não cogitam quebras inesperadas que resultam de uso intenso e manutenção corretiva. Os produtos utilizados são os genuínos da marca, com mão de obra aproximada inclusa, e se cogita 15 mil a 20 mil km rodados por ano com o veículo.” Uma simulação feita pela reportagem indica que o preço recebido pelo motorista é de pouco mais de R$ 2 por km/rodado. Mas há ainda dois detalhes importantes. O seguro do veículo e o IPVA também devem ser deduzidos se o veículo é utilizado só para o trabalho.

Quem começa dirigir não quer mais parar
Andrei Lamera é motorista de aplicativo desde maio de 2021. Conta que iniciou para preencher um tempo livre e também pela curiosidade sobre a atividade. De acordo com ele, a maior dificuldade é justamente o valor do combustível e ele acha que o mais importante é ter um ponto de equilíbrio. “Pois se a tarifa for muito alta, com o momento delicado para todos os brasileiros, os passageiros não terão condições de utilizar o transporte. Se a tarifa for muito baixa, os motoristas ficam sem condições de desenvolver a atividade. Em maio quando iniciei, o custo do combustível representava 40% do valor da corrida, hoje ele ultrapassa os 60%, e nesse período já foram feitos quatro reajustes nas tarifas.” Em maio, para encher o tanque, ele lembra que gastava R$ 190 de gasolina; hoje gasta R$ 296, que rendem apenas dois dias de trabalho.

Jornada dupla
Jéssica Dias, 30 anos, começou a dirigir depois que o marido fez seu cadastro em um aplicativo de mobilidade. “Eu não tinha muita expectativa, pois estávamos financeiramente muito mal, até que num final de semana ele trabalhou e fez um dinheiro legal. Como ele trabalha fora, o aplicativo ficou alguns dias sem usar. Então eu resolvi fazer um cadastro no meu nome e trabalhar como motorista também. Foi aí que eu gostei, fui conhecendo pessoas, fui criando vínculo com o pessoal.” Jéssica concilia dois empregos e só assim viu sua renda aumentar. À noite trabalha em um frigorífico, no terceiro turno, e o marido cuida das crianças. Quando chega em casa pela manhã, muitas vezes abre mão de dormir e já embala na outra jornada dirigindo para aplicativo.

“Às vezes durmo em média de 3 a 4 horas por dia para trabalhar com o aplicativo. É uma renda a mais, percebi que muitas mulheres adoram quando chegam motoristas mulheres. Já ouvi de muitas mulheres que se sentem com segurança.” Apesar das altas frequentes da gasolina, Jéssica diz que ainda está conseguindo se manter na atividade. “Consigo manter as despesas de casa com as corridas. Faz um mês que comecei a trabalhar no aplicativo e não largo por nada.”

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques