6.6 C
Francisco Beltrão
sábado, 31 de maio de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Alta dos recicláveis melhora renda dos catadores, mas gastos com alimentação também subiram

Papelão, plástico e alumínio estão valorizados, porém cesta básica ficou 22% mais cara em um ano.

A recente valorização de materiais recicláveis ajudou a melhorar a renda de quem trabalha como coletor.

Desde que perdeu o emprego, no ano passado, Darci dos Santos voltou a trabalhar recolhendo materiais recicláveis nas ruas de Francisco Beltrão. Ele tem experiência como operador de máquinas industriais e em granja de galinhas poedeiras, mas a coleta foi a forma mais rápida que encontrou de ter alguma renda em meio a um cenário difícil para um novo emprego de carteira assinada. O mesmo aconteceu com a companheira, que trabalhava como cozinheira e agora ajuda a recolher os materiais e a empurrar o carrinho. “Dá pra tirar uns 60 pila por dia”, dizem enquanto descansam no meio de uma subida. 

A recente valorização de materiais recicláveis ajudou a melhorar a renda de quem trabalha como coletor. Um ano atrás, a Associação dos Catadores de Papel pagava até 35 centavos no quilo do papelão; hoje são 60 centavos. As garrafas pet quase dobraram de preço e outros produtos chegaram a subir 80%, segundo o presidente da entidade, Joel Ferreira. A Marcop, cooperativa que também trabalha com recicláveis, percebeu o aumento com o início da pandemia e calcula uma alta geral de 45%. Devido aos aumentos dos produtos, quem trabalha em alguma etapa da cadeia da reciclagem está conseguindo valorizar mais o serviço.

Na Marcop, por exemplo, o rateio das sobras está permitindo que os cooperados recebam mais (devido à alta dos produtos e pela redução no número de cooperados ativos), segundo a secretária Lurdes Heckler. Joel aponta que o mesmo está ocorrendo com os cerca de 80 catadores e 35 funcionários da Ascapabel, mas acredita que a valorização dos produtos é temporária. “Acredito que os preços subiram porque as grandes indústrias que fabricam materiais reduziram a produção devido à pandemia. Quando a situação normalizar os preços vão voltar próximos do que eram”, comenta. A remuneração melhor também põe mais gente nas ruas para trabalhar como catador e atrai recicladores de fora para coletar na cidade, reduzindo a quantidade recolhida pela associação. 

- Publicidade -

Custo de vida maior
“Tão pagando o dobro no papelão, mas o arroz também passou de dez pra 20 reais”, compara Darci para exemplificar como o custo de vida vem aumentando nos últimos meses. Ele mora numa casa própria, no Padre Ulrico, e não precisa pagar aluguel. Valmir Gonçalves também trabalha como catador — tem dias que faz duas viagens — consegue receber cerca de R$ 80 por dia e diz que “o preço do material só tá acompanhando as coisas do mercado”. 

A pesquisa mensal da Unioeste que calcula o preço médio da cesta básica na região mostra como a inflação tem impactado mais os produtos considerados essenciais. Em abril do ano passado, a cesta básica custava R$ 406 em Beltrão e neste ano pulou para R$ 495 (aumento de 22%). A carne acumulou alta de 35% nos últimos 12 meses. 

Valmir Gonçalves agora tira cerca de R$ 80 por dia: “o preço do material só tá acompanhando as coisas do mercado”.

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques