
O senador Álvaro Dias (PSDB) disse ontem que é um “dever” da oposição encaminhar o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).
“O ideal seria a mudança pelo voto, mas o impeachment é legal, é constitucional, e a população, é evidente, quer mudança, e é então, o papel da oposição, propor o impeachment; se for, depois, aceito, é outra história”, disse Álvaro Dias.
Ele esteve pela manhã no aeroporto de Francisco Beltrão, em descida rumo a Barracão, onde visitaria o sistema prisional do município.
Nas entrevistas, e em conversas informais, o tucano admitiu que o futuro político e econômico do Brasil “está incerto”. Chegou a dizer, fora dos gravadores e celulares da imprensa, que o pedido de impeachment de Dilma até seria aprovado na Câmara dos Deputados. Mas disse que no Senado – majoritariamente governista – não passaria.
Desgaste governista
Álvaro foi incisivo sobre o desgaste do petismo. “Há uma pressão grande da sociedade, há uma clara incompetência do governo, a operação Lava Jato está aí e a população acompanha; a questão das pedaladas fiscais são graves, o governo sofrerá”, disse.
Basicamente, as “pedaladas fiscais” foram manobras para aliviar as contas públicas, desobedecendo a Lei de Responsabilidade Fiscal. O Tesouro Nacional “atrasou” repasses para instituições financeiras públicas e privadas que financiavam despesas do governo, entre eles benefícios sociais e previdenciários, como o Bolsa Família, o abono e seguro-desemprego, e os subsídios agrícolas.
Os beneficiários receberam tudo em dia, porque os bancos assumiram, com recursos próprios, os pagamentos dos programas sociais. Com isso, o governo registrou, mesmo que temporariamente, um alívio no orçamento. Mas a sua dívida com os bancos cresceu.
Daí o crime econômico. “Tem essa questão do TCU, daí vamos ver”, avisou Álvaro. O senador acha que o deficit proposto por Dilma para o orçamento de 2016 – R$ 30 bilhões – “na verdade é muito mais.”
“O governo é incompetente, o governo deveria fazer reformas, diminuir essa máquina pública enorme, gastadora, a população não aguenta mais tanta incompetência”, declarou.
Mudança de partido
Sobre a sua possível mudança de partido, o senador – que tem mandato garantido até 2022 – afirmou que até o final do ano terá uma posição. Ele pode ir para o PV, PDT ou PSB.
“Se eu mudar, quero ser mais útil do que estou sendo; estou consultando as pessoas, os companheiros; até o final do ano terei uma decisão”, afirmou.
Álvaro foi recepcionado pelo deputado estadual Wilmar Reichembach (PSC), e pelos ex-prefeitos Paulo Deola (Bom Jesus do Sul) e Joarez Henrichs (Barracão), entre outras lideranças.
Reforma política
As propostas de reforma política aprovadas nesta semana no Senado ainda não são definitivas.
Como vieram da Câmara e foram modificadas, voltam para a análise dos deputados. Em tese, são dois os cenários plausíveis: que a Câmara, sob a liderança de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), rejeite as mudanças do Senado, ou, ao contrário, que aceite, causando um rebuliço nas regras para as eleições de 2016. Até pesquisa eleitoral poderá vir a ser censurada.
Mas a tendência é que para as eleiçoes municipais, pelo menos, fique tudo como está: a crise política e econômica está impedindo que outras questões possam ser referendadas.
